De “desvirtuar resultados” a “piada de mau gosto”. CHEGA lança polémica

André Ventura mostrou a publicação de uma pessoa, que identificou como membro do BE, afirmando que se preparava para considerar nulos os votos no CHEGA e AD. O Bloco de Esquerda condenou o que considerou uma "piada de mau gosto", enquanto a Comissão Nacional de Eleições disse não ter registo de qualquer queixa sobre qualquer tentativa de "desvirtuar o resultado" das legislativas de dia 10, tal como alega o CHEGA.

© Folha Nacional

O último domingo, 03 de março, foi dia de votação antecipada e acabou por ficar marcado por uma polémica espoletada pelo Chega, na noite anterior. Mas, afinal, o que se passou?

Tudo começou na noite de sábado, quando o presidente do CHEGA, André Ventura, alegou estar em curso uma tentativa para “desvirtuar o resultado” das eleições legislativas de 10 de março, que passa por “anular os votos” do seu partido.

Antes de um jantar de campanha em Leiria, André Ventura mostrou aos jornalistas uma folha com uma publicação no X (antigo Twitter), que atribuiu a um “membro do BE” que disse fazer parte de uma mesa de voto de Aveiro, onde se lê “Mesas de voto here we gooo, votos do CHEGA e AD serão considerados nulos”. Segundo consulta da Lusa a esta rede social, a conta, criada em 2014, está privada, não sendo possível ver as publicações e confirmar aquela que o presidente do CHEGA mostrou.

André Ventura afirmou ainda que ouviu chegar “notícias de tentativas verdadeiras de boicote ao voto”, além de “vídeos que circulam permanentemente de pessoas a dizer que vão anular os votos do CHEGA e que vão condicionar os votos do CHEGA”, sem concretizar.

Estamos debaixo de ataque“, afirmou, repetindo a tática utilizada por líderes políticos, como Donald Trump ou Jair Bolsonaro.

CNE sem conhecimento de queixas

Já no domingo, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) reagiu às alegações e disse não ter registo de qualquer queixa sobre qualquer tentativa de “desvirtuar o resultado” das legislativas de dia 10.

Contactado pela agência Lusa, o porta-voz da CNE, Fernando Anastácio, escusou-se a comentar as denúncias feitas pelo presidente do CHEGA,  mas esclareceu que não existe qualquer investigação ou inquérito sobre essa matéria. “Não tenho nota de qualquer queixa entregue” e “esse assunto não foi apreciado” pela CNE, afirmou aquele responsável, referindo ainda que sobre as referidas queixas, “ainda ninguém perguntou, a não ser os órgãos de comunicação social”. 

“Se isto não é grave para a CNE no meu país, então a CNE não está aqui a fazer nada”

Na noite de domingo, André Ventura reiterava as suspeitas e defendia que a CNE deve investigar. “Espero que hoje à noite a CNE, em vez de andar a dizer que não recebe nada, que não viu nada, que não sabe de nada, olhe para isto e diga que tem de abrir um procedimento sobre a viabilidade das pessoas que estão nas mesas e sobre o processo eleitoral nas comunidades emigrantes“, referiu.

“Este membro da mesa está a dizer que se puder vai anular os votos do CHEGA. Se isto não é grave para a CNE no meu país, então a CNE não está aqui a fazer nada”, defendeu.

Perante a insistência dos jornalistas de que existem representantes de vários partidos nas mesas de voto, respondeu: “Se tivéssemos um tribunal e um juiz, de três, dissesse que está aqui só para lixar o arguido o que diríamos?”.

“Há muitas mesas que só tem membros do PS e PSD, outras que só têm, no sul do país, membros de partidos de esquerda. É importante que isto não passe em claro”, afirmou.

Ventura defendeu ainda que “não cabe ao CHEGA” formalizar essa denúncia, mas depois admitiu fazê-lo: “Se precisarem que a gente a meta por escrito e envie coisas como esta, a gente envia”.

Afirmando que a “CNE vê televisão e ouviu o líder do terceiro maior partido dizer que há denúncias”, André Ventura defendeu que a CNE “tem competência pública para assegurar o controlo e a operacionalidade do ato eleitoral, e isto põe em causa o controlo do ato eleitoral”. “A CNE tem aqui mais do que motivo para abrir uma investigação”, salientou.

Últimas de Política Nacional

André Ventura surge destacado num inquérito online realizado pela Intrapolls, uma página dedicada à recolha e análise de inquéritos políticos, no contexto das eleições presidenciais marcadas para 18 de janeiro.
Casas de moradores na Amadora foram indicadas, à sua revelia, como residências de imigrantes, uma fraude testemunhada por pessoas pagas para mentir, existindo casos de habitações certificadas como morada de largas dezenas de pessoas.
André Ventura reagiu esta sexta-feira à polémica que envolve várias escolas do país que optaram por retirar elementos natalícios das fotografias escolares, decisão que tem gerado forte contestação entre pais e encarregados de educação.
Os doentes internados e os presos podem inscrever-se para voto antecipado nas eleições presidenciais de 18 de janeiro a partir de segunda-feira, e o voto antecipado em mobilidade pode ser requerido a partir de 04 de janeiro.
O líder do CHEGA acusou hoje o Governo de incompetência na gestão da saúde e considerou que os utentes não podem ser sujeitos a esperar 18 horas numa urgência, e o primeiro-ministro reconheceu constrangimentos e antecipou que poderão repetir-se.
A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMMT) decidiu abrir os cofres e fechar a transparência.
André Ventura reafirmou que pretende usar a Presidência da República como ponto de partida para uma mudança profunda no país.
As escutas da Operação Influencer abalaram o PS, expondo alegadas pressões, favores e redes internas de ‘cunhas’ que colocam Carneiro no centro da polémica e voltam a arrastar Costa para a controvérsia.
O Governo carrega no ISP e trava a fundo na queda que estava prevista no preço dos combustíveis. A promessa estala, a confiança vacila e Montenegro enfrenta a primeira fissura séria na sua credibilidade fiscal.
Catarina Martins voltou a dirigir insultos contundentes a André Ventura, acusando-o de ser “um bully político” que se comporta “como se estivesse no recreio da escola”.