Desafio Local – Implantação Nacional

O resultado alcançado nas últimas eleições legislativas é prenúncio de mudança nas nossas instituições políticas. É certo que essa mudança se resume ainda à Assembleia da República e aos respetivos poderes derivados deste órgão constitucional. Com a eleição de 50 deputados, o CHEGA passará a poder impor a constituição obrigatória de comissões parlamentares de inquérito, bem como conseguirá eleger um elemento apresentado para o Conselho de Estado. O novo quadro parlamentar permite ainda ao CHEGA ver eleito Diogo Pacheco de Amorim como Vice-Presidente da Assembleia da República, fazendo jus a uma intenção mais do que legítima no cenário de pluralismo democrático que deve revestir a composição das nossas instituições.

Mais representatividade parlamentar e institucional traz também mais responsabilidade. O peso dessa responsabilidade deve ser a campainha sonora que deve guiar os passos dos nossos recém-eleitos deputados. Apesar do CHEGA estar afastado das funções governativas, as expetativas do seu eleitorado visam sobretudo a sua força de combate na liderança da oposição. Ao CHEGA caberá não só o papel de líder da oposição, que em bom rigor já o tinha na anterior legislatura, mas também o diálogo extraparlamentar permanente com vários setores da sociedade (forças de segurança, forças armadas, profissionais de saúde, professores e agricultores). Contudo, os números obtidos nestas legislativas projetam-se para além destas eleições, merecendo uma leitura sobre o futuro breve que se avizinha.  

Num momento em que alguns comentadores já projetam a subida do CHEGA para segundo lugar nas próximas eleições europeias, ou até a sua eventual vitória, um dos aspetos que mais merece a nossa atenta análise são as próximas autárquicas, a realizar dentro de um ano e meio. A partir da extração dos resultados recém-obtidos há várias leituras a fazer. A prudência diz-nos que legislativas e autárquicas são eleições de natureza muito distinta, sendo a primeira de caráter nacional, onde imperam dinâmicas como sancionar o partido do anterior executivo ou a lógica do voto útil, e sendo a segunda de caráter local com uma forte componente de proximidade entre eleitorado e candidatos, podendo extravasar as opções partidárias na medida em que até podem concorrer movimentos independentes. Porém, uma extrapolação dos resultados de 10 de março não me parece de todo descabida, na justa medida em que possa servir de barómetro para o que nos espera dentro de um ano e meio. 

Em mais de cinco concelhos o CHEGA foi a força mais votada, tendo obtido mais de 28% nas votações em mais de 10 concelhos. Se prosseguirmos esta análise veremos ainda que o CHEGA foi a força mais votada em várias freguesias do país, mesmo naquelas onde ficou em segundo lugar no respetivo concelho. Estes dados merecem a nossa atenção! Se nas próximas autárquicas os resultados forem muito próximos dos recém alcançados, isto significa que o CHEGA irá vencer nalgumas autarquias ou será a segunda força mais votada. Nestes termos, o cenário apresenta-se muito desafiador. As hipóteses de vermos o CHEGA a liderar um executivo autárquico (ou pelo menos a fazer parte dele) são muito plausíveis. Tal facto só vem confirmar a ambição do nosso Presidente André Ventura de levarmos a sua voz a todos os cantos de Portugal. Consolidada a implantação na A.R, e após a expetável chegada ao Parlamento Europeu, o próximo grande desafio será uma expressiva implantação local com a eleição e a composição de vários executivos autárquicos. 

É premente que as estruturas concelhias e os atuais representantes locais comecem a apressar o passo, isto é, que intensifiquem o trabalho junto das populações locais com o intuito de perceberem os seus problemas reais cujas competências são das autarquias. Num ciclo eleitoral bastante intenso (destaque-se o caso dos Açores e da Madeira!) é fundamental uma militância cada vez mais ativa com o intuito de fortalecer o trabalho que dará frutos nas próximas eleições autárquicas.

Tal como os dados nos parecem indicar, a partir do próximo ano, quando o CHEGA for parte de uma solução executiva local, irá dar mais um importante passo na verdadeira transformação de Portugal.  

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