30 Abril, 2024

“Entre Asas e Desafios: O Dilema da TAP”

Portugal é indiscutivelmente um dos destinos turísticos mais procurados do mundo. Ano após ano, os números de visitantes continuam a subir, consolidando a posição do país como um ícone do turismo global. No entanto, surge uma questão fundamental: a TAP. Será que a companhia aérea estatal, é realmente vital para o sucesso turístico do país ou seria mais sensato considerar alternativas?

É inegável que o turismo em Portugal tem prosperado independentemente da existência da TAP. O país tem conquistado inúmeros prémios e bateu recordes de visitantes, sem depender exclusivamente da transportadora nacional. A ideia de que o turismo português entraria em colapso sem a TAP é, portanto, questionável. A maioria dos turistas que visitam Portugal, especialmente Lisboa, não chegam exclusivamente através da TAP. Companhias aéreas de baixo custo têm assumido um papel cada vez mais significativo, oferecendo rotas alternativas e preços mais acessíveis.

Se observamos a história recente de companhias aéreas estatais em outros países europeus lança luz sobre o debate. Países como Hungria (Malev), Suiça (Swissair) e Bélgica (Sabena) viram as suas companhias aéreas estatais falirem, para serem substituídas por operadoras de baixo custo que rapidamente ocuparam o espaço deixado vago. Essas novas companhias não só são mais lucrativas, como também contribuem para um aumento significativo no turismo. A verdade é que apenas é necessária uma pequena pesquisa para entender que a TAP tem sido “a grande bloqueadora das slots”, que nem utiliza, em Lisboa, onde a Ryannair já demonstrou interesse em investir.

Certos políticos argumentam que a TAP contribui para a balança comercial do país, mas é importante analisar onde exatamente esses lucros são gerados. A empresa não é uma das maiores consumidoras de produtos nacionais, limitando-se principalmente a gastos em combustíveis e serviços de transporte de carga. Considerando isso, seria mais eficaz direcionar investimentos para outras áreas que impulsionem a economia nacional de forma mais abrangente.

Uma alternativa viável seria direcionar os recursos financeiros atualmente destinados à TAP para subsidiar o transporte de passageiros em rotas para países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e até mesmo para os arquipélagos, uma vez que tem sido um argumento para a sua subsistência. Isso não só beneficiaria diretamente os cidadãos portugueses e fortaleceria os laços com os países lusófonos, mas também poderia ser uma opção mais económica do que manter uma companhia aérea.

Para além disso, é importante salientar que uma eventual falência da TAP não resultaria necessariamente em um “desastre” de despedimento para os seus trabalhadores. A reputação da companhia aérea é de alto nível caracterizada pela qualidade da formação oferecida aos seus colaboradores, o que garante que estes estejam bem posicionados para se integrarem em outras áreas do setor turístico ou serem recrutados por outras companhias aéreas. O conhecimento e experiência adquiridos na TAP seriam valorizados e procurados.

Por último, a ideia de que o Estado Português necessita de uma companhia aérea de bandeira por razões patrióticas é questionável. A TAP não é uma extensão da força aérea nacional e, portanto, a sua existência não pode ser justificada unicamente por argumentos emocionais. Se a verdadeira preocupação é com a imagem nacional e o orgulho patriótico, existem inúmeras outras maneiras de promover e preservar a identidade portuguesa além de manter uma empresa aérea estatal.

Em conclusão, a discussão sobre a viabilidade da TAP como empresa pública em Portugal é crucial. Os dados sugerem que a empresa não é essencial para o sucesso do turismo no país e que alternativas mais eficazes e económicas poderiam ser exploradas. É hora de repensar o papel da TAP no contexto atual e considerar abordagens mais pragmáticas e orientadas para resultados.

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