Lagarde garante que BCE é independente da Reserva Federal norte-americana

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, garantiu hoje que o BCE está dependente dos dados e não da Reserva Federal (Fed) norte-americana, particularmente em termos do calendário para cortes de taxas.

©facebook.com/christinelagarde

“Dependemos de dados. Tivemos alguns em março e mais alguns em abril. É nesta base que devemos tomar as nossas decisões e não com base num banco central do mundo, mesmo que seja a Fed”, disse Lagarde em declarações à CNBC, à margem das Reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington.

Questionada no canal CNBC à margem da sua visita às reuniões de primavera do FMI, Lagarde rejeitou a questão de uma divergência que poderia surgir entre as políticas monetárias do BCE e da Fed.

A presidente do BCE sinalizou que a instituição continua a manter a abertura para reduzir as taxas de juro em breve, a menos que ocorra alguma perturbação significativa.

“Se não sofrermos um grande `choque`, caminhamos para um momento em que teremos de moderar a política monetária restritiva […] num período de tempo razoavelmente curto”, disse, salientando que se assiste a um “processo desinflacionista” que avança de acordo com as expetativas do banco central.

No entanto, Lagarde recordou que o BCE não se “comprometeu previamente” com qualquer trajetória nas taxas, pelo que a redução do preço do dinheiro em junho não implicará que as taxas de juro continuem a descer.

“Há uma enorme incerteza. Temos de estar atentos a estes desenvolvimentos, temos de olhar para os dados, temos de tirar conclusões desses dados”, salientou.

Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de política monetária do BCE da semana passada, Christine Lagarde já tinha afirmado que o banco central depende dos dados e não da Fed, embora tudo o que se passe nos outros países seja importante na hora de definir a sua política monetária e as suas previsões.

As declarações da presidente do BCE foram feitas depois de ter sido anunciado que a inflação acelerou em março nos Estados Unidos, o que pode comprometer uma descida das taxas de juro da Fed que era esperada para junho.

Lagarde sublinhou que o mandato do BCE é manter a estabilidade de preços na zona euro e trabalhar com os cidadãos europeus e que a origem da inflação nos Estados Unidos e na zona euro foi diferente, o mesmo sucedendo com a resposta política ou a dinâmica dos consumidores, pelo que as medidas têm sido diferentes.

O BCE deixou na última reunião as taxas de juro inalteradas, com a principal taxa de refinanciamento em 4,5%, o nível mais alto desde 2001, mas mostrou-se aberto a reduzi-las se a inflação continuar a sua dinâmica de descida.

Últimas de Economia

Metade dos pensionistas por velhice recebia uma pensão abaixo dos 462 euros, apesar de a média de 645 euros, segundo dados analisados por economistas do Banco de Portugal (BdP), que assinalam ainda as diferenças entre géneros.
O número de passageiros movimentados nos aeroportos nacionais aumentou 4,7% até outubro, face ao mesmo período de 2024, para 63,869 milhões, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo um relatório do INE realizado em 2025 sobre rendimentos do ano anterior indicam que 15,4% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2024, menos 1,2 pontos percentuais (p.p.) do que em 2023.
As exportações de bens caíram 5,2% e as importações recuaram 3% em outubro, em termos homólogos, sendo esta a primeira queda das importações desde junho de 2024, divulgou hoje o INE.
O número de trabalhadores efetivamente despedidos em processos de despedimentos coletivos aumentou 16,4% até outubro face ao período homólogo, totalizando os 5.774, superando o total de todo o ano passado, segundo os dados divulgados pela DGERT.
Os custos de construção de habitação nova aumentaram 4,5% em outubro face ao mesmo mês do ano passado, com a mão-de-obra a subir 8,3% e os materiais 1,3%, de acordo com dados hoje divulgados pelo INE.
Os consumidores em Portugal contrataram em outubro 855 milhões de euros em crédito ao consumo, numa subida homóloga acumulada de 11,3%, enquanto o número de novos contratos subiu 4%, para 157.367, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
O Governo reduziu o desconto em vigor no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP), aplicável à gasolina sem chumbo e ao gasóleo rodoviário, anulando parte da descida do preço dos combustíveis prevista para a próxima semana.
Os pagamentos em atraso das entidades públicas situaram-se em 870,5 milhões de euros até outubro, com um aumento de 145,4 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, segundo a síntese de execução orçamental.
O alojamento turístico teve proveitos de 691,2 milhões de euros em outubro, uma subida homóloga de 7,3%, com as dormidas de não residentes de novo a subir após dois meses em queda, avançou hoje o INE.