CHEGA, BE e PCP contra DE-SNS, PS e Livre querem explicações

CHEGA, BE e PCP manifestaram-se hoje contra a existência da direção executiva do SNS, com a IL a defender que não deve ser extinta, enquanto PS e Livre pediram mais explicações ao Governo.

© Folha Nacional

No dia a seguir à demissão do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, confirmou que o partido vai chamar à comissão parlamentar da Saúde a ministra da tutela, Ana Paula Martins, e Fernando Araújo, conforme tinha anunciado na terça-feira.

Alexandra Leitão disse que é preciso “esclarecer o país das razões desta saída”, e também “tentar perceber o que é que o ministério da Saúde pretende fazer”, advertindo que se “pode estar a assistir a uma lógica de reversão de uma reforma que estava em curso e que ainda não foi avaliada”.

Já o líder do CHEGA, André Ventura, considerou que a demissão de Fernando Araújo “deixa bem claro como esta direção executiva foi sempre desnecessária”, uma vez que, apesar de existir, não travou “o aumento do número de pessoas sem médico de família” e “as consultas e os hospitais não melhoraram”.

“Eu diria que o Governo deve aproveitar esta oportunidade, e é a isto que o CHEGA insta o executivo, a anular o cargo de diretor executivo do SNS, porque na verdade não serve para nada”, pediu, além de anunciar que o partido vai “requerer por escrito” explicações sobre a demissão de Fernando Araújo.

Pela Iniciativa Liberal (IL), o deputado Mário Amorim Lopes salientou que o partido não se opõe a que Fernando Araújo se mantenha em funções, por ser uma “pessoa com competência, reconhecida pelos pares, idónea”, e defendeu que “não faria sentido” que a direção executiva do SNS fosse extinta.

“Foi criada há um ano, mas os seus estatutos demoraram um ano a ser redigidos. Portanto, não faz sentido estarmos agora a revisitar essa estrutura, que é necessária: é importante despolitizar a saúde, é importante que as decisões técnicas não sejam influenciadas por visões ideológicas da saúde”, sustentou, manifestando esperança de que o Governo “não se foque agora em revisitar a orgânica do ministério da Saúde”.

Em sentido contrário, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, salientou que o partido sempre se opôs à criação da direção executiva do SNS e “a realidade veio comprovar que não deu a resposta que era necessária ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

“Muito pelo contrário. Em certas circunstâncias, reduziu a capacidade: as urgências são um exemplo, a criação das Unidades de Saúde Locais (ULS) são outro”, referiu.

Na mesma linha, a deputada do BE Isabel Pires também criticou a criação da direção executiva do SNS, considerando que “serviu de biombo para o ministério se esconder e se escudar das responsabilidades de decisão política” em matéria de saúde, continuando o partido sem perceber qual é a “validade e utilidade” do órgão.

“E preocupa-nos muito que o Governo atual, a própria ministra da Saúde, apenas nos diga que vai haver mudança de paradigma nas políticas de saúde. Não sabemos o que é que isto significa, não sabemos sequer o que significa para a existência ou não da própria direção executivo”, afirmou, considerando que só se pode recear.

Já o deputado do Livre Paulo Muacho afirmou que, do comunicado de Fernando Araújo, se pode depreender que decidiu demitir-se “para não ser areia na engrenagem das novas políticas do Governo”, e defendeu que é preciso o executivo clarificar “que políticas são essas”.

“É preciso que o Governo e a ministra clarifiquem se querem rever esta estrutura orgânica que tem pouco mais de um ano e como é que o pretende fazer”, afirmou, considerando que, antes de haver demissões, deveria ser feito um balanço do funcionamento da direção executiva.

Pelo CDS, o deputado Paulo Núncio afirmou que, do que é público, só se sabe que a ministra da Saúde pediu ao diretor executivo do SNS que elaborasse um relatório de atividades e o diretor executivo do SNS, “em vez de entregar o relatório, resolveu apresentar a sua demissão”.

“É uma decisão que só lhe compete a ele. Quanto às questões da política de saúde, são da responsabilidade do diretor executivo, quanto às questões da política de saúde, essas questões são da responsabilidade exclusiva da ministra da Saúde, o CDS não se vai substituir”, afirmou.

Últimas de Política Nacional

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, revelou esta sexta-feira no Parlamento que 154 bebés nasceram fora de unidades hospitalares em 2025, até ao momento.
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, esteve esta sexta-feira no Parlamento para defender a proposta de Orçamento do Estado para 2026 na área da Saúde, mas acabou por enfrentar momentos tensos, sobretudo com o CHEGA a exigir responsabilidades políticas pelo caso trágico da morte de uma grávida no Hospital Amadora-Sintra.
O Governo vai cortar mais de 200 milhões em despesa com medicamentos e material de consumo clínico, segundo a nota explicativa do Orçamento do Estado para 2026, que prevê uma redução de 136 milhões nos bens e serviços.
O ministro da Presidência comprou à empresa do cunhado um imóvel em Lisboa pelo mesmo preço de 2018. O governante defende que “não houve qualquer preço de favor”.
André Ventura reforça a sua posição na corrida a Belém. Com 15,8% das intenções de voto, o líder do CHEGA ultrapassa Gouveia e Melo e aproxima-se do candidato apoiado pelo PSD, mostrando uma trajectória ascendente rumo a 2026.
'Outdoor' "Isto não é o Bangladesh" vandalizado apenas 24 horas após o decreto presidencial que marca as eleições para 18 de janeiro de 2026.
Nelson Cunha, candidato do CHEGA, venceu as eleições para a Câmara Municipal do Entroncamento a 12 de outubro de 2025, com 37,34% dos votos. Esta vitória representa uma mudança histórica no concelho, tradicionalmente dominado pelo PS e PSD, sendo a primeira vez que o CHEGA conquista a presidência da câmara. O seu lema de campanha, “Juntos pelo Entroncamento”, refletiu o apelo à união e à renovação no município. Na noite da vitória, recebeu o apoio e a visita do presidente do partido, André Ventura. Agora, Nelson Cunha compromete-se a focar-se em prioridades como a segurança, o desenvolvimento local e a
O PSD enfrenta uma nova tempestade política: Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira e dirigente do PSD-Madeira, está sob investigação por alegado financiamento ilegal do partido.
O CHEGA conseguiu o apoio do PSD para alterar a Lei da Nacionalidade e permitir que quem engane o Estado ou cometa crimes graves perca o direito de ser português. “Não podemos continuar a premiar criminosos com o privilégio da nacionalidade”, afirmou Ventura, garantindo que “Portugal voltou a ter voz e coragem”.
O advogado António Garcia Pereira apresentou uma queixa ao procurador-geral da República pedindo a extinção do CHEGA por alegadas violações constitucionais e discurso racista, retomando denúncias anteriores, como a de Ana Gomes em 2021, que também acusava o partido de promover mensagens discriminatórias sem que o Ministério Público tenha até agora agido.