RDCongo acusa Apple de usar minerais oriundos de minas ilegais

A República Democrática do Congo (RDCongo) acusou a empresa norte-americana Apple de utilizar, nos seus aparelhos, minerais “explorados ilegalmente”, provenientes de minas congolesas nas quais “inúmeros direitos humanos são violados”.

© D.R.

 

De acordo com documentos citados pela agência de notícias France-Presse, os advogados mandatados por Kinshasa alegaram no processo que os minerais são “transportados para fora da RDCongo e, em particular, para o Ruanda”, onde a sua origem é ocultada.

“O Ruanda é um ator central na exploração ilegal de minerais e, em particular, na exploração de estanho e tântalo na RDCongo”, afirmam os advogados.

“Após a sua extração ilegal, estes minerais são contrabandeados para o Ruanda, onde são integrados nas cadeias de abastecimento globais”, afirma a notificação formal.

O documento foi enviado esta semana às duas subsidiárias da Apple em França pelos advogados franceses William Bourdon e Vincent Brengarth, assim como uma carta à empresa-mãe norte-americana, conhecida pelos telemóveis iPhone e pelos computadores Mac.

A RDCongo tem inúmeros recursos naturais, sendo o maior produtor mundial de cobalto e o principal produtor africano de cobre.

De acordo com um relatório publicado pela organização não governamental (ONG) The Enough Project em 2015, as minas congolesas “são muitas vezes controladas por grupos armados que forçam, através da violência e do terror”, civis, incluindo crianças, a trabalharem nesses locais.

O RDCongo acusa o vizinho Ruanda de apoiar a rebelião do grupo armado M23, que controla atualmente grande parte da província do Kivu do Norte, para assumir o controlo dos recursos, nomeadamente mineiros, do leste congolês.

“A responsabilidade da Apple, assim como dos grandes fabricantes de tecnologia de ponta, quando utilizam ‘minerais de sangue’, permaneceu durante muito tempo uma caixa negra”, afirmaram William Bourdon e o britânico Robert Amsterdam.

Os advogados consideram “notoriamente insuficientes” os “diversos compromissos e precauções tomadas” pela Apple, “seja por sua própria iniciativa ou na aplicação da lei no que diz respeito à utilização de minerais adquiridos no Ruanda”.

O processo sublinhou que os fornecedores da Apple usam a certificação Tin Supply Chain Initiative (ITSCI), “cujas graves e numerosas disfunções foram demonstradas”.

O ITSCI é um mecanismo implementado há mais de 10 anos para garantir um fornecimento de minerais “livres de conflitos” e extraídos de forma responsável na RDCongo.

Mas, em 2022, a ONG britânica Global Witness disse que, pelo contrário, o programa tinha contribuído para o branqueamento de minerais ligados a conflitos, ao trabalho infantil ou resultantes do tráfico e contrabando.

Últimas do Mundo

A taxa de desemprego em Espanha aumentou ligeiramente no terceiro trimestre, atingindo os 10,45% da força de trabalho, face aos 10,29% do final de junho, segundo os dados oficiais divulgados hoje.
Soam os alarmes em Espanha com o presidente do Governo a preparar a maior regularização da história do país vizinho, abrindo caminho à residência e à nacionalidade para centenas de milhares de estrangeiros sem documentos.
A Comissão e o Parlamento europeus apelaram hoje ao consenso entre os Estados-membros para pôr fim ao acerto sazonal dos relógios na primavera e outono, sublinhando o impacto na saúde de uma prática que "já não serve qualquer propósito".
Quase 37.000 pessoas entraram no Reino Unido desde o início deste ano atravessando ilegalmente o Canal da Mancha, o que supera o número registado em todo o ano de 2024, anunciou hoje Ministério do Interior britânico.
O Museu do Louvre reabriu as portas aos visitantes hoje de manhã pela primeira vez desde o roubo feito no domingo por quatro assaltantes que levaram oito joias, causando um prejuízo estimado em 88 milhões de euros.
O Parlamento Europeu deu hoje “luz verde” à modernização das regras sobre cartas de condução na União Europeia, permitindo que jovens de 17 anos conduzam ao lado de um condutor experiente e a utilização de uma licença digital.
Uma investigação do jornal britânico The Telegraph revelou que dezenas de requerentes de asilo no Reino Unido estão a ser batizados em banheiras de hotéis como forma de reforçar os seus pedidos de residência. O caso está a gerar polémica e a levantar dúvidas sobre o eventual uso fraudulento de conversões religiosas como estratégia para escapar à deportação.
Uma suspeita pelo roubo organizado de pepitas de ouro do Museu Nacional de História Natural francês, em Paris, foi indiciada por aquele crime e continua detida, anunciou hoje a procuradora Laure Beccuau.
A companhia aérea de baixo-custo Ryanair anunciou hoje que vai rever rotas e deixar de operar em alguns aeroportos de França, Alemanha, Áustria, Estónia, Letónia e Lituânia, além de Espanha, devido ao aumento de taxas e impostos aeroportuários.
O Museu do Louvre, em Paris, vai manter-se encerrado hoje, anunciou a instituição, um dia após um grupo ainda a monte ter conseguido roubar múltiplas joias.