O Partido Reformista [Reform Party] substituiu o Partido do Brexit depois concluído o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), em 2021, e até agora o impacto nas urnas tem sido residual, elegendo apenas alguns autarcas a nível local.
Mas a formação, mesmo sem Nigel Farage à frente, tem vindo a ganhar vitalidade nos últimos meses e conseguiu colocar um deputado na Câmara dos Comuns graças à deserção do antigo vice-presidente do Partido Conservador, Lee Anderson.
O apoio ao Partido Reformista duplicou no último ano, à medida que aumentou o tom das críticas ao Governo em questões como a política fiscal e a imigração, subindo para terceiro lugar a nível nacional.
Além de defender uma descida de impostos e maior controlo da imigração, é contra as atuais metas de redução da poluição para combater as alterações climáticas.
Segundo o agregador de sondagens do site Politico, os reformistas recolhem 13% das intenções de voto, mais de metade do valor (22%) registado pelos ‘tories’ liderados pelo primeiro-ministro, Rishi Sunak, e acima dos Liberais Democratas (9%) e Verdes (6%).
Os analistas antecipam que o Reform possa desviar votos do Partido Conservador em algumas localidades e até na circunscrição parlamentar de Blackpool South, sobretudo no norte de Inglaterra, onde os eleitores são mais eurocéticos e anti-imigração.
Enquanto em 2019 o Partido do Brexit optou por não lançar candidatos em competição com conservadores, este ano o líder Richard Tice afirmou que o objetivo do Reform nas próximas legislativas é “esmagar” os ‘tories’ e reconfigurar a política no Reino Unido.
A professora de ciência política da universidade London School of Economics (LSE), Sarah Hobolt, disse à Agência Lusa que, mais do que nas autárquicas, as atenções vão estar no desempenho do Reform na parlamentar parcial de Blackpool South.
A eleição foi desencadeada pela demissão do deputado conservador Scott Benton após violar as regras de lóbi.
Uma vitória dos Reformistas seria um “grande feito” porque o partido ainda tem um reconhecimento público bastante baixo” e talvez convencesse Nigel Farage a voltar à política ativa, ironizou Hobolt.
“Blackpool é uma das cidades mais carenciadas do Reino Unido. É um lugar que votou em peso pelo Brexit e o Reform deve sair-se razoavelmente bem. A questão é saber os reformistas vão roubar apenas votos aos conservadores ou também aos trabalhistas”, explicou Tony Travers, outro académico da LSE.
Travers referiu que em algumas sondagens no norte e centro de Inglaterra, o Partido Reformista está à frente dos conservadores entre os eleitores masculinos mais velhos.
Ambos os analistas consideram que o favorito em Blackpool South é o Partido Trabalhista, tendo em conta a grande vantagem nas sondagens, e que seria uma surpresa o Reform ganhar ou mesmo ficar em segundo.
“Se o Reform ganhasse, seria um momento de galvanização para a política britânica. Penso que seria um sobressalto, porque sugeriria a possibilidade de dar um salto em frente, criando mais um problema para os conservadores”, alertou Travers.