A discussão em torno do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem sido tema da agenda de todo o espectro político.
Se por um lado os partidos de esquerda continuam a defender um sistema de saúde fiel e exclusivo à prestação pública cujo resultado está à vista de toda a gente, ou seja, não tem sido capaz de responder às necessidades efetivas das populações, à direita, defende-se um modelo considerado mais capaz de responder as mesmas necessidades com sinergias entre o setor público, privado e social.
No fim de contas, e tal como qualquer profissional de saúde aprende na sua formação, o importante é a saúde do utente, nada mais.
De facto, parece ser lógico que por mais que se tente inventar no atual SNS, o resultado é sempre insuficiente e uma parte da população fica sempre penalizada pelas más políticas e pelo tabu constantemente existente relativo à intervenção do setor privado.
As parcerias público-privadas (PPP) demonstraram ser eficientes e, na verdade, no que diz respeito aos meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT), continuam ainda a existir as convenções estabelecidas entre o setor público e o privado. O resultado desta simbiose é inquestionável.
Vejamos, um utente que necessita de realizar um exame de diagnóstico, por norma, recorre ao setor privado e caso o seu exame seja comparticipado pelo SNS, a sua situação fica rapidamente resolvida. No caso do setor privado da hemodiálise, este tem revelado uma eficiência na resposta às necessidades que, sem a intervenção do mesmo, a tutela estaria perante outra grande dificuldade.
É mais que evidente que este será o caminho a percorrer a longo prazo para a salvação do SNS e, sobretudo, para atender às necessidades das pessoas. No entanto, existe uma questão fulcral neste processo dado que o privado não trabalha naturalmente de graça, aliás nem o público trabalha desta forma apesar de parecer que assim seja, mas tudo tem um custo. O setor privado rege-se por indicadores de produtividade, quanto maior, mais elevado será o retorno financeiro. A questão fundamental será estabelecerem-se linhas diretórias muito rígidas para que a produtividade não interfira com a qualidade do serviço, ou seja, entender qual será o limite que separa ambas as premissas.
Desengane-se a pessoa que considera que a qualidade do serviço no setor privado é superior à do setor público, isto é, ambos os ambientes clínicos e/ou hospitalares fazem- se munir de profissionais de saúde competentes e com elevado sentido de responsabilidade cuja missão é tão simples como atender dignamente e com profissionalismo cada utente, mas se por um lado esses profissionais sentem dificuldade em garantir uma qualidade de serviço a 100% devido a, por exemplo, escassez de recursos (desde a falta de material, aparelhos obsoletos, etc.). Por outro lado, apesar de estarem munidos de equipamentos de vanguarda, muitas vezes de última geração, os profissionais de saúde vivem diariamente momentos de grande tensão e conflito dada a pressão exercida pelas administrações que se regem quase que unicamente por indicadores de produtividade e consequentemente acabam por afetar o rendimento de quem presta o
serviço porque o fator tempo versus carga de trabalho diária é determinante para a obtenção de resultados infalíveis.
Trata-se, portanto, de um desafio muito sério cuja máxima aplica-se na perfeição nesta temática, o lema “A união faz a força”, o setor público deve unir forças com os setores privado e social para salvação do SNS e para o bem de todos.