16 Junho, 2024

Democracia – homicídio em primeiro grau

O regime democrático está perante um dilema: ser ou não ser?!

Como podemos ser sem ser? Como podemos querer viver num regime democrático, sem respeitar todo o seu “ser”, a sua essência, as suas harmonias e desarmonias. Será que uma parte do país pretende uma democracia “à la cart” porque não consegue viver na democracia que diz defender?! Pois bem, este é provavelmente o período da terceira República mais desafiante, isto porque estamos perante um contrassenso existencial: democracia plena ou autoritarismo light?

Engraçado, porque, os mesmos que se acham donos do 25 de abril e que ignoram o 25 de novembro, são os mesmos que acham que há deputados que não podem emitir opiniões sobre outros, excepto eles próprios. Os mesmos que, perante declarações do Presidente da República que acha que os orientais são lentos, nada dizem ou fazem, mas se um deputado do CHEGA acha que os turcos não são os mais trabalhadores do mundo, já rasgam as vestes. E daí surge a tal dicotomia surrealista: a liberdade de expressão do bem e a liberdade de expressão do mal.

E eu pergunto-me (pensando nesta gente dicotómica): Se eu achar que os alemães são dos mais trabalhadores da Europa, estou a ser xenófobo para todos aqueles que acho que não são?

Tudo é um escândalo! Se eu achar que somos os melhores, sou ultra nacionalista. Se achar que um outro país (não comunista ou socialista) é melhor em alguma coisa, sou capitalista. Se achar que um outro país é pior em alguma coisa, sou xenófobo e é esta dismorfia social a que estamos sujeitos, nós, os que pensam pela própria cabeça e que não alinham em ditaduras de pensamento.

Mas, lembro-me bem, em 2019, no âmbito dos Santos Populares do cântico do Bloco de Esquerda e que cito: “ Ó meu rico Santo António! Ó meu Santo Popular! Leva lá o Bolsonaro para ao pé do Salazar”. Isto sim, é xenofobia do bem, aceite pelo politicamente correto e pelas esquerdas! Mesmo ouvindo uma deputada a desejar a morte a um Chefe de Estado, nunca se falou dos limites da democracia, mas André Ventura está proibido de achar que os turcos não são os maiores trabalhadores do mundo.

Se não fosse para rir, era para chorar e neste momento, quem choram são os portugueses que veem o seu país entregue a uns amorfos que, nem o Presidente da Assembleia da República que propuseram conseguem apoiar, no pilar mais profundo de todos e que caracteriza um verdadeiro Estado de Direto, a Liberdade.

Mais uma coisa, André Ventura é deputado e líder de um partido político. Na Assembleia da República os deputados representam os seus eleitores e o que exprimem é a expressão de um eleitorado que quis as ideias, o pensamento e as propostas de um partido. O que tem isso haver com o Presidente da República e a sua liberdade de expressão? Muita coisa! O Presidente representa todos os portugueses e quando fala, fala em nome de todos. Alguém que, sabendo que Portugal atravessa uma situação financeira muito difícil, conhecendo a história do nosso país e das províncias ultramarinas, propõe indemnizações como um suposto reparo histórico, é no mínimo uma traição à Pátria.

Há muito que Portugal precisava de um abanão e da confrontação com a realidade: não vivemos uma democracia plena, mas sim uma que permite manter o poder controlado pelos tais, os eruditos da democracia do mal.

Folha Nacional

Folha Nacional

Folha Nacional

Ficha Técnica

Estatuto Editorial

Contactos

Newsletter

© 2023 Folha Nacional, Todos os Direitos Reservados