CHEGA QUER COMBATE À IMIGRAÇÃO DESCONTROLADA

Desde a habitação e saúde, à educação e justiça, a imigração é um dos principais temas, em cima da mesa, nas eleições europeias deste ano, que divide os eleitores a poucos dias da corrida às urnas, que acontece dia 9 de junho (ou dia 2 de junho, por voto antecipado)

© Folha Nacional

A falta de cumprimento de promessas, a atitude face ao Pacto de Migração e Asilo, o controlo de fronteiras e a integração de migrantes nos Estados-membros da União Europeia são exemplos de posições marcantes nos programas eleitorais e nos debates.
Entre as três principais forças políticas, a discórdia é mais expressiva, com o Partido Socialista (PS) a vincar a necessidade de criar uma “postura humanista de inclusão”, a Aliança Democrática (AD) a faltar com a sua palavra sobre a reversão da extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e o CHEGA a querer um “controlo mais forte das fronteiras”.
“As pessoas sentem insegurança e sentem que alguém lhes devia dizer que esta imigração tem de parar”. As palavras são do presidente do CHEGA, André Ventura, que apela a um pulso mais firme no controlo das fronteiras, sendo esta uma das principais bandeiras do partido.
Para Ventura, “a imigração de língua portuguesa” e a “matriz cultural” do país é prioridade, sendo, deste modo, imperativo que o país lusitano deixe de aceitar “qualquer pessoa que venha do Bangladesh, do Paquistão ou da Índia”.
“Isso é um erro”, defendeu o líder do CHEGA, no arranque da campanha eleitoral às europeias, em Vila Nova de Milfontes, na passada segunda-feira.
Saliente-se que, no programa eleitoral “A Europa precisa de uma limpeza”, o partido liderado por André Ventura defende o “abandono” do Pacto de Migrações da ONU e a “revogação” do acordo de mobilidade CPLP, que já tem novas exigências​ desde que o novo Governo entrou em cena.
Em paralelo, o CHEGA propõe ainda que os imigrantes somem cinco anos de contribuições no país antes de terem acesso a apoios sociais – uma medida que consta do “plano estratégico para as migrações em Portugal”, no qual defende que os apoios sociais para imigrantes “apenas possam ser pedidos e atribuídos passados cinco anos mínimos de contribuições desses imigrantes em território português”.
“A Segurança Social faz sentido para apoiar quem precisa, mas exige também que esse quem precisa tenha contribuído para um serviço que não é seu, para um sistema que os contribuintes portugueses pagaram ao longo dos anos?”, sustenta Ventura.

Por sua vez, o cabeça de lista do CHEGA às europeias, António Tânger-Corrêa, sustenta que o CHEGA não é “de todo contra a imigração”.
Em linha com o programa eleitoral, o embaixador defende o estabelecimento de “quotas anuais” para a imigração com base “nas qualificações, nas necessidades do mercado de trabalho do país e nas mais-valias para Portugal”.
Tal como consta no seu manifesto, o fluxo migratório “não atinge os 27 Estados-membros da mesma forma”, pelo que apoia a proteção das fronteiras externas da União Europeia e sustenta um “reforço significativo” da Frontex, transferindo-a para Portugal.
Do outro lado da balança, estão medidas que não vão ao encontro do que havia sido prometido, como o compromisso da AD em reverter a extinção do SEF, e ainda propostas que salvaguardam o “alargamento da inclusão de imigrantes”.

A Aliança Democrática, no programa eleitoral “Mudança Segura”, recorde-se, defendeu que “a decisão de extinguir o SEF foi desastrosa e dividir por cinco entidades agrava o problema, que muitas vezes ocorre em Portugal, de serviços que não comunicam, nem partilham informação nem cooperam.” No entanto, atualmente, o Governo propõe, apenas, “reestruturar a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), de forma a corrigir falhas”.

Esta falta de compromisso já havia sido anotada pelo líder do CHEGA. André Ventura reiterou que o PSD e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, manifestaram-se contra a criação da AIMA, e tinham-se comprometido, na campanha eleitoral, a “reverter a extinção do SEF”.
“Agora, dizem que afinal vão manter a AIMA, porque a União Europeia isto e aquilo. Ou seja, estão a voltar atrás com o que prometeram: são frouxos com a imigração e com o controlo da imigração”, atirou.
Mesmo antes da apresentação do programa do CHEGA para as europeias, Ventura defendeu que se tem assistido “ao fracasso absoluto e em direto de uma agência que nunca devia ter sido criada”.
O líder do CHEGA sustentou que a AIMA foi um “enorme fracasso do Governo anterior, e que o Governo de Luís Montenegro insiste em prolongar”, alegando que “o que ocorreu mostra o descontrolo em que a imigração em Portugal se encontra. (…) É o falhanço absoluto da estratégia de imigração do Governo”, disse, mencionando que “o país está sujeito a ser suspenso do espaço Schengen”.
André Ventura defende o regresso do SEF e que se devem recuperar os seus inspetores, “que têm um ‘know-how’ que mais ninguém tem”.
“Mas acima de tudo é importante restabelecermos uma regra básica: só entra em Portugal quem tem ou contrato de trabalho, ou promessa de contrato de trabalho, ou pelo menos um meio de habitação”, afirmou.
Sobre a falta de resposta da AIMA, a cabeça de lista do Partido Socialista, Marta Temido, adiantou que se pode “começar por dar compromisso e um acordo”.
“Quanto tempo precisa a AIMA para regularizar a situação? Que meios adicionais precisa? E dar um pacto de quando é que isso está ultrapassado”, acrescentou.
Temido explicou ainda que o Novo Pacto para as Migrações e Asilo “representa, de alguma forma, um avanço”. No entanto, é preciso “fazer é garantir um acompanhamento preciso e cuidado daquilo que é o pacto”, esclareceu.
Temido apontou como pontos positivos do documento a “garantia de que há canais seguros para as migrações” e a “garantia de que a integração é uma dimensão essencial e que é acompanhada”.

Últimas de Política Nacional

O presidente do CHEGA, André Ventura, pediu hoje aos portugueses "uma oportunidade" para Governar e prometeu, se ganhar as próximas legislativas, apresentar no primeiro dia de mandato "o maior pacote anticorrupção da história" do país.
Está instalada uma nova crise política depois da queda do Governo de Luís Montenegro que tentou desesperadamente fazer um acordo com o PS. Para André Ventura “um primeiro-ministro que prefere atirar o país para a lama não merece confiança absolutamente nenhuma”.
O presidente do CHEGA, André Ventura, criticou hoje as declarações do presidente da Assembleia da República, considerando que Aguiar-Branco “prestou um mau serviço à democracia”, e acusou-o de “cobardia política”.
O deputado do PSD, Carlos Reis, voltou a insultar, esta quinta-feira, um deputado do CHEGA durante o debate parlamentar.
O Presidente da República fala hoje ao país depois de ouvir o Conselho de Estado, que se reúne a partir das 15:00 no Palácio de Belém, com vista a uma eventual dissolução do parlamento.
No dia seguinte à rejeição da moção de confiança apresentada pelo Governo, o partido CHEGA lançou novos outdoors com mensagens alusivas à corrupção em Portugal, contudo, estes foram vandalizados em menos de 24 horas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai ouvir hoje o Conselho de Estado depois de na quarta-feira ter recebido os partidos com representação parlamentar com vista a uma eventual dissolução da Assembleia da República.
A Assembleia da República aprovou hoje por unanimidade um projeto de resolução para retomar os trabalhos da comissão de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras, que estavam suspensos desde o dia 06 de março.
A comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras reúne-se quinta-feira para discutir e votar o relatório preliminar proposto pela deputada do CHEGA Cristina Rodrigues, bem como as propostas de alteração.
O Ministério Público abriu uma averiguação preventiva relacionada com o primeiro-ministro e com a empresa Spinumviva, da família de Luís Montenegro, anunciou hoje o procurador-geral da República.