Pacto entre Rússia e Coreia do Norte pode afetar influência da China

Especialistas consideram que a China parece estar a manter-se à distância enquanto Rússia e Coreia do Norte se aproximam com um novo pacto de defesa que pode desequilibrar a balança de poder entre os três países.

© Facebook/Vladimir Putin

 

Segundo analistas, os dirigentes chineses estão preocupados com a potencial perda de influência sobre Pyongyang, depois de o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente russo, Vladimir Putin, terem assinado o acordo, esta semana.

O acordo pode também tornar mais difícil para Pequim equilibrar os seus objetivos contraditórios: manter a paz na região e, ao mesmo tempo, contrariar o domínio dos Estados Unidos e os seus aliados no cenário internacional.

A China não comentou o acordo – que prevê que ambos os países forneçam assistência em matéria de defesa se o outro for atacado – e apenas reiterou a posição de que procura manter a paz e a estabilidade na península coreana e avançar com uma solução política para a divisão Norte-Sul.

A resposta chinesa tem sido “muito fraca”, disse Victor Cha, vice-presidente sénior para a Ásia e a Coreia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, citado pela Associated Press.

O especialista acrescentou que a ausência de uma resposta pode ser um sinal de que Pequim ainda não sabe o que fazer.

“Cada opção é uma má opção”, consideroou.

Alguns funcionários em Pequim podem acolher com agrado a parceria Rússia – Coreia do Norte como forma de fazer recuar o domínio norte-americano nos assuntos mundiais, mas Cha disse que “há também um grande desconforto” na China, que não quer perder o domínio sobre o seu vizinho para a Rússia e trazer o conflito na Europa para a Ásia.

Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, não quis comentar o novo acordo.

“A cooperação entre Rússia e RPDC é um assunto entre dois Estados soberanos. Não temos informações sobre o assunto em questão”, disse Lin, referindo-se à Coreia do Norte pelas iniciais do seu nome oficial, República Popular Democrática da Coreia.

John Kirby, porta-voz da Casa Branca para a Segurança Nacional, disse aos jornalistas que o pacto “deve preocupar qualquer país que acredite que as resoluções do Conselho de Segurança da ONU devem ser cumpridas”. O Conselho de Segurança impôs sanções à Coreia do Norte para tentar impedir o desenvolvimento de armas nucleares.

Kirby também disse que o acordo “deve preocupar qualquer pessoa que pense que apoiar o povo da Ucrânia é importante”.

“E pensamos que essa preocupação será partilhada pela República Popular da China”, acrescentou.

Citado pela AP, Alexander Gabuev, diretor do Centro Carnegie Rússia – Eurásia, considerou que a China pode estar preocupada com a possibilidade de a Rússia ajudar o programa de armamento da Coreia do Norte através da partilha de tecnologia avançada.

“Se a China estiver de facto preocupada, tem influência tanto na Rússia como na Coreia do Norte e poderá provavelmente tentar impor algumas limitações a essa relação”, afirmou.

O encontro entre Putin e Kim, esta semana, foi o mais recente capítulo de décadas de complicadas relações políticas e militares na Ásia Oriental, onde o Partido Comunista Chinês emergiu como uma potência líder que exerce influência sobre a Coreia do Norte e a Rússia.

Este e outros desenvolvimentos fizeram soar o alarme nos EUA de que Pequim, atualmente a segunda maior economia do mundo, poderia desafiar a ordem mundial liderada pelos EUA, alinhando com países como a Rússia, a Coreia do Norte e o Irão.

Sun Yun, diretor do programa para a China no Centro Stimson, disse que Pequim não quer formar uma aliança tripartida com a Coreia do Norte e a Rússia, porque “precisa de manter as suas opções em aberto”.

Uma coligação deste tipo poderia significar uma nova Guerra Fria, algo que Pequim diz estar determinada a evitar, e prender-se a Pyongyang e a Moscovo seria contrário aos objetivos da China de manter relações com a Europa e melhorar os laços com o Japão e a Coreia do Sul, disse.

Últimas do Mundo

Cerca de 120 mil pessoas permanecem abrigadas em centros de evacuação ou com familiares em Cuba, após a passagem do furacão Melissa pela costa leste da ilha, na quarta-feira passada, segundo dados preliminares.
Um britânico de 32 anos foi esta segunda-feira, 3 de novembro, acusado por tentativa de homicídio durante um ataque num comboio no sábado que resultou em 11 feridos, um dos quais continua em estado grave, anunciou a polícia.
A rede social LinkedIn começou esta segunda-feira a usar dados dos utilizadores para treinar o seu modelo de inteligência artificial (IA), mas existem medidas para impedir essa recolha, incluindo um formulário e a desativação nas definições de privacidade da plataforma.
O presidente do governo da região espanhola de Valência, Carlos Mazón, demitiu-se hoje do cargo, reconhecendo erros na gestão das cheias que mataram 229 pessoas em 29 de outubro de 2024.
Os países da OCDE, como Portugal, receberam, nos últimos 25 anos, mais de metade de todos os migrantes internacionais do mundo, avança um relatório hoje divulgado.
Um em cada cinco médicos e enfermeiros a trabalhar nos sistemas de saúde dos 38 países-membros da OCDE, como Portugal, é migrante, avança um relatório hoje divulgado pela organização.
Uma em cada três empresas alemãs prevê cortar postos de trabalho em 2026, segundo a sondagem de expetativas de outono apresentada hoje pelo Instituto da Economia, próximo do patronato germânico.
Mais de 50 pessoas morreram devido à passagem do furacão Melissa na região das Caraíbas, principalmente no Haiti e na Jamaica, onde as equipas de resgate esforçam-se por chegar às áreas mais afetadas e isoladas.
O elevado custo de vida e a segurança estão no topo das preocupações de vários jovens portugueses a viver em Nova Iorque, que não poderão votar na eleição para 'mayor', mas que serão afetados pela decisão dos eleitores.
Mais de 527 mil estrangeiros em situação irregular foram expulsos dos EUA desde o início do segundo mandato de Trump, incluindo criminosos perigosos. Entre eles, Bou Khathavong, responsável pelo homicídio de um adolescente em 1994, foi finalmente enviado para o Laos.