PSD e CDS esquecem princípios e apoiam Costa em Bruxelas

O antigo primeiro-ministro, António Costa, que se demitiu, em novembro de 2023, por suspeitas de corrupção na gestão de projetos de mineração de lítio e hidrogénio no país, volta agora a ser tema na ordem do dia, não só por ter sido indicado como principal nome para presidir ao Conselho Europeu, mas por estar envolvido no despedimento da antiga CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener.

© Folha Nacional

Foi no passado dia 21 de junho, que vieram a público escutas que envolvem António Costa, e o então ministro das Infraestruturas, do governo socialista, João Galamba, sobre o despedimento da antiga CEO da TAP. De acordo com a CNN Portugal, que teve acesso às escutas, Costa ligou para Galamba, por volta das 18h12, do dia 5 de março do ano passado, e disse-lhe que “se isto se torna num inferno: é ela ou nós”, referindo-se a Christine Ourmières-Widener, informando o ministro das Infraestruturas que estava na altura de despedir a CEO da TAP, para estancar a indignação junto da opinião pública.

Segundo a CNN Portugal, ouve-se na escuta telefónica Costa a assumir ser necessário fazer cair a gestora francesa por razões políticas, para contenção de danos de imagem do Governo. “Já falei com o Fernando [Medina, então ministro das Finanças] e politicamente nós não nos safamos mantendo a senhora, nem a senhora se safa politicamente”, assumiu Costa a João Galamba. António Costa indicou ainda ter “um gajo muito bom” como solução para liderar a TAP, referindo-se a Luís Rodrigues, da SATA, justificando tratar-se de “um fator de tranquilidade e descompressão”. Note-se que Luís Rodrigues acabou mesmo por ser o nome escolhido, encontrando-se atualmente à frente da companhia aérea. Já Christine Ourmières-Widener prossegue um diferendo contra o Estado, a quem exige uma indemnização milionária depois do despedimento.

“Isto significa que o Governo mentiu aos portugueses. Significa que o então primeiro-ministro mentiu aos portugueses. E o que fez foi criar um artifício que levasse a um despedimento rápido da antiga CEO da TAP, para se livrar daquilo que ele chamou o inferno político de então”, começou por acusar o presidente do CHEGA, André Ventura. Após as escutas terem sido tornadas públicas, Ventura sustentou, em conferência de imprensa, na Assembleia da República, que “os elementos de conversação mostram uma coisa para lá de toda a evidência, que o despedimento da antiga CEO da TAP teve motivações políticas e não, ao contrário do que disseram, os então membros do Governo, Fernando Medina e João Galamba, motivações técnicas sustentadas nos relatórios e sobretudo sustentada na auditoria”. Por essa razão, o CHEGA avançou com um requerimento para a audição, na Assembleia da República, de António Costa e de João Galamba, para dar explicações aos deputados.

“O CHEGA quer chamar com urgência António Costa ao parlamento para explicar qual foi o seu papel neste despedimento, quais foram os reais motivos e interesses por detrás deste despedimento e se é verdade, conforme as conversas indiciam e as escutas reveladas demonstram, que houve motivações absolutamente políticas de cálculo e tática eleitoral na forma como foi despedida a antiga CEO da TAP”, sustentou. O requerimento para ouvir no parlamento António Costa e João Galamba, sobre a demissão da ex-presidente executiva da TAP, acabou por ser chumbado, com os votos contra de PS e PSD, e como tal o CHEGA decidiu avançar com um requerimento potestativo para o efeito. Saliente-se que este escândalo surge numa altura em que o nome de António Costa foi, juntamente com Ursula von der Leyen e Kaja Kallas, aprovado para assumir, respetivamente, a presidência do Conselho Europeu, da Comissão Europeia e da diplomacia da UE na próxima legislatura. Uma escolha que não foi bem vista pelo líder do CHEGA, pois António Costa, pelas palavras de André Ventura, “se não serve para Portugal, não serve para a Europa”. Para Ventura, “nem que Cristo desça à terra” o CHEGA se congratulará com uma provável eleição de António Costa para a presidência do Conselho Europeu. André Ventura considerou, também, que o antigo primeiro-ministro “está sob suspeita”, no âmbito da ‘Operação Influencer’, e que “há uma operação em curso para branquear” António Costa.

As notícias das escutas fizeram sobressair, mais uma vez, a polémica sobre o segredo de justiça, com os partidos de extrema-esquerda a querem ouvir a Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, na Assembleia da República. Ao que o CHEGA se opõe, tendo mesmo André Ventura declarado que “o CHEGA não vai alinhar na maior perseguição política, feita aos órgãos de justiça, desde o processo Casa Pia”, alegando que “é vergonhoso o ataque que estão a fazer à justiça” e que “a indignação com as escutas só tem uma razão, a de estar lá António Costa”.

“Agora que mudou o Governo é que a esquerda está preocupada em ouvir a justiça”, rematou. Sobre a hipótese de Lucília Gago ser ouvida no parlamento, Ventura alegou, de forma genérica, que o CHEGA nunca se oporá a que alguém seja ouvido na Assembleia da República. “Mas qual a razão para só se chamar ao parlamento as instituições judiciais e policiais quando os políticos são envolvidos?”, questionou.

Em declarações à imprensa, à entrada para a Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras, dia em que foi ouvida a antiga ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, Ventura culpou os jornalistas de não questionarem Costa sobre as escutas, contribuindo para “a maior operação de branqueamento de um político” que alguma vez assistiu.

Para o presidente do CHEGA, a questão é outra: “querem fazer crer que se transformou o país numa nova PIDE, mas o CHEGA não vai alinhar na perseguição política aos órgãos de justiça”. “Nunca em nenhum outro processo em que se tenham revelado escutas, a indignação foi tanta como com António Costa. Ora, isto mostra um país ainda refém do socialismo, da direção e do comando de António Costa”, sustentou.

 

Últimas de Política Nacional

Um despacho silencioso que entregou milhões ao Grupo Pestana e 22 escutas que ficaram na gaveta durante anos: dois episódios que voltam a colocar António Costa no centro de suspeitas políticas e judiciais.
O parlamento aprovou hoje o reforço da dotação orçamental do Tribunal Constitucional em 1,6 milhões de euros, por proposta do CHEGA, acedendo assim ao pedido feito pelos juízes do Palácio Ratton em audição parlamentar.
André Ventura deixou um recado direto ao país: Portugal deve condenar a Rússia, mas não enviará jovens portugueses para morrer na Ucrânia. O candidato presidencial exige clareza dos líderes políticos e garante que, se for eleito, evitará qualquer participação militar portuguesa no conflito.
O debate presidencial entre André Ventura e António José Seguro foi o mais visto da semana, superando largamente todos os restantes. No extremo oposto, o duelo entre Gouveia e Melo e João Cotrim de Figueiredo ficou no fundo da tabela, com a pior audiência registada.
André Ventura, presidente do CHEGA, marcou as comemorações do 25 de Novembro, defendendo o legado dos militares que travaram a deriva extremista e reafirmando que Portugal deve celebrar quem garantiu a liberdade e não quem tentou destruí-la.
O antigo Presidente da República Ramalho Eanes considerou hoje “historicamente oportuna a decisão política e militar de rememorar o 25 de Novembro”, salientando que não se trata de celebrar a data mas dignificar a instituição militar e a nação.
O vereador do CHEGA na Câmara de Braga, Filipe Aguiar, pediu hoje uma "atuação firme" do município perante denúncias que apontam para a passagem de cerca de meia centena de atestados de residência para um T3 na cidade.
O líder parlamentar do CHEGA, Pedro Pinto, anunciou hoje que o seu partido vai votar contra a proposta de Orçamento do Estado para 2026 na votação final global, agendada para quinta-feira.
O CHEGA voltou a bater de frente com o Governo após o novo chumbo ao aumento das pensões. O partido acusa o Executivo de “asfixiar quem trabalhou uma vida inteira” enquanto se refugia na “desculpa eterna do défice”.
O Ministério Público instaurou um inquérito depois de uma denúncia para um “aumento inexplicável” do número de eleitores inscritos na Freguesia de Guiães, em Vila Real, que passou de 576 inscritos nas legislativas para 660 nas autárquicas.