EUA avisam Maduro sobre riscos de deter opositores

A diplomacia norte-americana avisou hoje o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que corre o risco de unir a comunidade internacional contra si se as autoridades detiverem os líderes da oposição.

© Facebook de Nicolas Maduro

O embaixador dos EUA na Organização dos Estados Americanos (OEA), Francisco Mora, disse que deter a líder da oposição Maria Corina Machado ou o candidato presidencial deste campo, Edmundo Gonzalez Urrutia, “seria um passo que poderia mobilizar ainda mais a comunidade internacional, incluindo os países que não querem fazer muitas ondas” contra a Venezuela.

“Se Maduro fizer isto, unirá a comunidade internacional de uma forma que ele não tem ideia e os seus esforços para dividi-la e fraturá-la terão falhado completamente”, acrescentou o embaixador em declarações ao Atlantic Council, um grupo de reflexão com sede em Washington.

Gonzalez Urrutia e Machado correm o risco de serem detidos, tanto mais que a acusação abriu um inquérito contra eles por, entre outras coisas, “incitamento à insurreição”.

A reeleição de Maduro foi proclamada pela autoridade eleitoral, contudo, segundo a oposição, que publicou as atas obtidas graças aos seus escrutinadores – cuja validade é rejeitada por Nicolás Maduro – Edmundo Gonzalez Urrutia venceu a votação.

Os Estados Unidos acreditam, tal como outros países, que a oposição ganhou, mas até agora não tomou medidas contra o Governo de Maduro e deixa, segundo Mora, o Brasil, a Colômbia e o México a liderar os esforços diplomáticos “para encontrar um caminho a seguir”.

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Yván Gil, acusou hoje o Centro Carter – que participou como observador nas eleições presidenciais de 28 de julho – de apoiar um “golpe de Estado”, depois de a instituição ter afirmado ter analisado dados que confirmam que o vencedor foi González Urrutia e não Maduro, como anunciou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

“É uma pena colocar esta instituição no plano golpista, apoiando a execução dos crimes eleitorais mais flagrantes que vimos na era republicana da Venezuela, cometidos pelas hordas fascistas”, expressou Gil através da rede social X.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.

Últimas de Política Internacional

O Parlamento Europeu (PE) reconheceu hoje Edmundo González, principal opositor ao regime de Nicolas Maduro, como o Presidente legítimo do país, com o voto contra da esquerda representada no hemiciclo.
O Governo da Hungria reiterou hoje que vai solicitar formalmente o pedido de exceção à aplicação do Pacto de Migração e Asilo da União Europeia, tal como os Países Baixos.
A Autoridade da Concorrência defendeu hoje em tribunal que, após a decisão "cristalina" da Justiça europeia, devem ser confirmadas as coimas superiores a 200 milhões de euros aplicadas aos bancos por troca de informação sobre créditos.
O novo Governo neerlandês, dominado pela direita radical, pediu hoje à União Europeia uma isenção das obrigações em matéria de migração para cumprir a promessa eleitoral de reduzir drasticamente o número de imigrantes nos Países Baixos.
A crescente contestação de resultados e o contínuo decréscimo da participação está a ameaçar a credibilidade dos processos eleitorais, alerta o mais recente Relatório Global sobre o Estado da Democracia, publicado hoje.
A Alemanha iniciou hoje o reforço de todas as fronteiras terrestres, cumprindo as novas medidas do Governo de Olaf Scholz para reduzir a chegada de imigrantes e conter "eventuais riscos de supostos extremistas islâmicos".
O comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, demitiu-se hoje do cargo após a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter alegadamente pedido que França propusesse outro candidato no novo mandato, e criticou a sua “liderança questionável”.
Donald Trump encontra-se em segurança, informou hoje a sua campanha e os serviços secretos norte-americanos, na sequência do registo de tiros nas imediações do seu campo de golfe, em West Palm Beach, na Florida.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, qualificou hoje o regime venezuelano de Nicolás Maduro de ditatorial, aludindo às detenções arbitrárias e à fuga do líder da oposição, Edmundo González Urrutia.
O primeiro-ministro da Austrália criticou hoje o proprietário da multinacional X por ter chamado "fascista" ao seu governo, depois de este anunciar uma proposta de lei para que as redes sociais paguem multas se não controlarem a desinformação.