A central, a maior do género na Europa, não tem reatores em funcionamento desde 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, dando início a uma guerra que vai no terceiro ano.
“As centrais nucleares são concebidas para resistir a falhas técnicas e humanas e a eventos externos, mesmo extremos, mas não são construídas para resistir a um ataque militar direto”, disse o diretor-geral da AIEA, o argentino Rafael Grossi.
Os inspetores da AIEA foram informados no sábado de uma explosão de um ‘drone’ perto dos tanques de pulverização de água de arrefecimento, a cerca de 100 metros da linha elétrica de Dniprovska, a única que ainda fornece energia à central.
Embora a detonação não tenha causado vítimas ou danos às infraestruturas de Zaporijia, afetou a estrada entre os dois portões principais da central, segundo a AIEA, citada pela agência espanhola EFE.
“Mais uma vez, estamos a assistir a uma escalada dos riscos de segurança nuclear na central de Zaporijia”, alertou Grossi num comunicado divulgado em Viena, sede da AIEA.
O chefe da agência da ONU para o nuclear apelou à “máxima contenção” de todas as partes.
Na semana passada, os inspetores da AIEA examinaram também um incêndio numa das torres de arrefecimento que danificou a central.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reafirmou a acusação à Rússia de “chantagear o mundo” com um desastre nuclear desde que assumiu o controlo da central Zaporijia.
“A Rússia está a chantagear o mundo com a ameaça de um desastre na central nuclear de Zaporijia, utilizando o território da instalação como plataforma para ataques contra Nikopol e outras comunidades próximas”, denunciou nas redes sociais.
Zelensky defendeu que só quando a Ucrânia conseguir retomar o controlo destas instalações é que as normas de segurança voltarão a ser cumpridas, como tem vindo a demonstrar nas últimas décadas.
“A presença criminosa da Rússia na central de Zaporijia deve terminar”, acrescentou.
Os inspetores da AIEA estão presentes igualmente nas centrais elétricas com reatores nucleares Sul da Ucrânia, Khmelnitsky, Rivne e Chernobyl, face aos “frequentes alarmes de ataques aéreos e de ‘drones’”.
Os últimos incidentes alimentam as tensões entre a Ucrânia e a Rússia, que se acusam mutuamente de ataques ou atos de sabotagem na central de Zaporijia.
Os reatores de Zaporijia foram encerrados em 2022 por razões de segurança, embora ainda precisem de ser arrefecidos de forma constante.
O diretor-geral da AIEA, que tem apelado repetidamente para a criação de um perímetro de segurança em torno da central, manifestou a intenção de avaliar de perto a situação numa nova visita ao complexo.
A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores, seis dos quais na de Zaporijia.
O país registou o acidente mais grave de sempre numa central nuclear, a de Chernobyl, em 1986, quando integrava a União Soviética.
Chernobyl tem três reatores desativados e os destroços do que sofreu o acidente foram selados com um sarcófago.