Na passada terça-feira, ao final da tarde, Portugal registava um total de 105 incêndios ativos, muitos deles com início ao anoitecer, precisamente na altura em que os meios aéreos já não conseguem prestar o apoio necessário aos bombeiros que arriscam a vida no terreno para salvar as populações.
“Continuo a não acreditar em fogos que aparecem às dez da noite, em zonas sem qualquer fogo em redor. Estamos a falar em ação criminosa”, disse André Ventura, Presidente do CHEGA, a este respeito. O fogo posto tem sido uma das maiores causas dos incêndios em Portugal, mas raramente se observam resultados concretos nas investigações ou condenações significativas. Face a este cenário, André Ventura defendeu, em declarações aos jornalistas, a aplicação de prisão perpétua para os incendiários. “É muito simples, é tratar os incendiários como terroristas, e a partir daí podemos aplicar-lhes o tratamento penal que damos aos terroristas. Ora, se ninguém quer terroristas à solta, eu também não percebo porque é que deixamos incendiários à solta”, afirmou.
Esta não é a primeira vez que André Ventura propõe penas mais pesadas para aqueles que descreve como “canalhas que incendeiam o nosso país”, mas desta vez, o líder do CHEGA vai mais longe e exige que estes criminosos “apodreçam na cadeia”.
Ventura também dirigiu críticas ao governo liderado por Luís Montenegro, acusando-o de não ter preparado devidamente a época de incêndios. “É evidente que há responsabilidades a apurar”, afirmou, acrescentando que “é nos dias de maior precipitação que devemos estar a preparar a prevenção dos incêndios e isso não foi feito”. O Presidente do CHEGA sublinhou ainda que “já ardeu mais em dois dias do que no ano inteiro”, reforçando que é “importante que o Governo tome consciência disso, uma perceção que procurámos transmitir ao Governo ao longo do ano inteiro, pois os incêndios não têm hora de combate”.
Apesar de considerar que o CHEGA poderá “avançar com um debate de urgência sobre o tema”, Ventura destacou que esta não é altura para “partidarismos nem politiquice”. Segundo o próprio, “é crucial que estes fogos sejam combatidos rapidamente e o papel dos partidos, neste momento, é desejar boa sorte ao Governo e estarem disponíveis parlamentarmente para tudo o que o Governo precisar”, concluiu.
No passado domingo iniciou-se uma onde de fogos por todo o país, sendo que durante a tarde de quarta-feira já se contava com mais de 106 mil hectares de área ardida apenas neste período de tempo. As zonas mais afetadas do país localizam-se nas regiões de Aveiro, Tâmega e Sousa e Viseu Dão Lafões, que totalizam 75.645 hectares de área ardida, o que representa 71% da área ardida em todo o território nacional.
Até à hora de fecho desta edição, já havia a lamentar sete vítimas mortais e cerca de 120 feridos devido aos incêndios que atingiram as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga e Viseu e que destruíram dezenas de casas, deixando inclusive famílias sem habitação e obrigaram a cortar diversas estradas e autoestradas.
A violência das chamas e a rapidez com que se propagaram levou à mobilização de bombeiros e militares por todo o país e inclusive de Espanha, tendo em conta que o Governo espanhol enviou para Portugal 248 militares e 82 meios da Unidade Militar de Emergências para o combate aos incêndios.
Tendo em conta a gravidade da situação, Portugal pediu ajuda à União Europeia para combater os incêndios, solicitando oito aviões de combate a incêndios.
“A União Europeia está com Portugal enquanto o país tenta debelar grandes incêndios. Vamos mobilizar urgentemente oito aviões de combate a incêndios através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil para ajudar os profissionais no terreno”, escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nas suas redes sociais. Dada a seriedade, o Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e alargou a situação de alerta, face às previsões meteorológicas. Nesta quarta-feira, na primeira sessão plenária, na reabertura dos trabalhos parlamentares, André Ventura dirigiu-se a todas as populações que enfrentam o “combate das suas vidas, das suas propriedades e das suas famílias” referindo-se a todas as vítimas dos incêndios deflagrados por todo o país.
“Queria dizer-lhes, em nome do Parlamento, que um Parlamento decente reconhecerá que nos últimos anos (a culpa) não foi do partido A, B ou C. Queríamos deixar um grande, grande aplauso a todos os nossos combatentes pela paz e assumir a nossa responsabilidade política porque lhes falhámos a eles e o país falhou-lhes” declarou o presidente do CHEGA.
André Ventura, que tem vindo a solidarizar-se não só com as vítimas destes catastróficos incêndios, mas também com aqueles que os estão a combater advertiu o Governo de Luís Montenegro que decretasse luto nacional pela morte trágica dos bombeiros.
Para o Presidente da terceira força política portuguesa, os nomes dos bombeiros que faleceram a combater as chamas devem ser reconhecidos e honrados.
Nas suas redes sociais, André Ventura também aproveitou para deixar reptos ao Governo e conforntou Luís Montenegro. “Queria perguntar ao Governo porque é que ainda não decretou luto nacional pela morte trágica destes bombeiros? Ou a vida dos bombeiros não interessa?”, questionou.