Nove em cada 10 sem doença cardiovascular têm pelo menos um fator de risco

Nove em cada 10 pessoas sem doença cardiovascular conhecida que foram inquiridas num estudo apresentam pelo menos um dos oito fatores de risco, segundo os resultados que serão hoje apresentados.

© D.R.

O estudo RADICAL (Rastreio Digital do risco Cardiovascular), que recolheu informação de mais de 4.000 pessoas com idades entre os 40 e 69 anos e sem doença cardiovascular conhecida, concluiu que há uma elevada prevalência nesta população dos fatores de risco modificáveis, como a atividade física, sobrepeso, alimentação ou as horas de sono.

“São pessoas que aparentemente são saudáveis, ou seja, que não têm doença cardiovascular conhecida (…)”, sublinhou o cardiologista Helder Dores, lembrando a metodologia inovadora usada neste trabalho, que teve luz verde da comissão de ética da Nova Medical School.

Segundo explicou, habitualmente o cálculo do risco cardiovascular é feito em consulta, com perguntas aos utentes e usando tabelas que são a probabilidade de a pessoa vir a ter doença.

Neste caso, a inovação foi estratificar o risco à distância, por via digital, conseguindo alcançar mais gente, e o facto de o risco ser autorreportado, explicou o especialista, lembrando que esta opção, além de ajudar a própria pessoa a tomar consciência do seu risco, pode facilitar a deteção mais precoce.

Helder Dores acrescentou ainda que o estudo permitiu estratificar fatores de risco que não são tão estudados nesta franja da população – sem doença cardiovascular.

Destacou os dados recolhidos sobre a inatividade física, com uma prevalência de 33,7%, e as horas de sono, um fator nem sempre relacionado com o risco de doença cardiovascular.

“É muito relevante, embora esquecido, como fator risco cardiovascular”, afirmou o especialista, lembrando que, das pessoas que responderam, mais de metade (58,4%) dormiam menos de sete horas por noite.

O estudo insere-se no projeto Cardio da Vida, uma plataforma de literacia em saúde na área cardiovascular.

Quanto à prevenção, o especialista saudou a possibilidade de as doenças cardíacas poderem passar ser diagnosticadas nos centros de saúde a partir de janeiro de 2025.

Segundo um despacho publicado em Diário da República na semana passada, a partir de janeiro deixa de ser necessário o médico de família encaminhar o utente para o hospital para este tipo de diagnóstico, sendo-lhe permitida a prescrição de exames como “TAC Cardíaca” e “Ecocardiograma de sobrecarga com exercício”, entre outros.

A este respeito, Helder Dores lembrou que a prevenção cardiovascular “não é só um ato que diga respeito ao cardiologista” e que o facto de o doente, se for necessário, ser referenciado para a cardiologia já com exames “acelera o processo para eventuais tratamentos”, o que considera fundamental.

“Em termos clínicos, como é óbvio, se detetarmos mas precocemente uma doença, (…) melhora o prognóstico com intervenções terapêuticas mais precoces, que podem ser implementadas imediatamente. Por outro lado, também se ganha tempo (…), com impacto clínico positivo para o doente”, sublinhou.

O cardiologista disse que “o ónus da saúde não é só dos profissionais de saúde”, sublinhando que cada um deve fazer a sua parte na prevenção da doença.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, com 18,6 milhões de mortes/ano. Em Portugal, as doenças do aparelho circulatório causam 35.000 óbitos por ano e são igualmente a primeira causa de morte.

Os oito fatores de risco para as doenças cardiovasculares são a alimentação, exercício físico, tabaco, horas de sono, peso, pressão arterial, níveis de glicose e de lípidos no sangue.

Últimas do País

Vinte pessoas foram detidas esta madrugada em operações de fiscalização rodoviária nos concelhos de Lisboa, Amadora e Sintra, a maior parte delas por condução sob influência do álcool, anunciou o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP (COMETLIS).
A sardinha portuguesa foi reconhecida com o selo azul MSC, que distingue as pescarias com melhores práticas internacionais, anunciou hoje o Ministério da Agricultura e do Mar, que sublinha a oportunidade de abertura a novos mercados com a certificação.
Cerca de 30.000 comprimidos, cápsulas e outras apresentações individuais de medicamentos ilegais foram apreendidos em Portugal na operação Pangea XVII, que decorreu em 90 países, e os fármacos para a disfunção erétil continuam no topo da lista.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) e o município da Batalha assinaram hoje um protocolo para a instalação de 23 câmaras de videovigilância naquele concelho do distrito de Leiria, sendo o próximo passo a autorização da tutela.
O Sindicato Independente dos Médicos alertou hoje para as falhas no acesso às urgências obstétricas na região de Lisboa e pediu medidas que evitem percursos prolongados ou tempos de espera "incompatíveis com a segurança clínica das utentes.
O procurador-geral do estado do Rio de Janeiro afirmou hoje à Lusa que a organização criminosa Comando Vermelho (CV) já se estabeleceu em Portugal, ainda que num estado embrionário.
Pelo menos 12 voos foram cancelados hoje no Aeroporto Internacional da Madeira, entre chegadas e partidas, e um divergiu devido ao vento forte na zona leste da ilha, situação que está condicionar a operação já desde segunda-feira.
A proposta do Governo que reduz as taxas do IRS este ano em 500 milhões de euros foi hoje aprovada no parlamento com os votos a favor do PSD, CDS-PP, CHEGA, IL, PAN e JPP, e a abstenção do PS.
O bastonário da Ordem dos Médicos classificou hoje a morte do bebé de uma grávida que teve dificuldades em obter assistência hospitalar como “mais um caso trágico” que reflete “uma grande desorganização” no SNS.
O Procurador-Geral da República disse hoje que as suas declarações foram mal interpretadas, que nunca disse que José Sócrates tinha de provar a sua inocência, mas sim que o julgamento é o local próprio para a prova de inocência.