O MEU 25 DE NOVEMBRO

Cada um tem a sua ideia ou noção sobre a data mais importante que passou em Portugal no último século. Hoje, 49 anos depois, os historiadores e aqueles que buscam a verdade do passado debatem-se com um problema. Na realidade, o que aconteceu? Porque ou recebem informação dos mais antigos que viveram aquela importante data e mesmo essa diz respeito ao que foi vivido individualmente, ou consultam os numerosos textos que chegaram até aos nossos dias escritos por seres de sinistras tendências que, por obrigação ou missão, quase sempre, influenciaram a verdade histórica.

Duma maneira geral, os historiadores contam a história e a vitória dos vencedores. De como tudo foi planeado e posteriormente executado e quer queiramos quer não, a história do 25 de novembro, nunca foi bem contada. E porquê? A razão principal foi o termos deixado nas mãos de alguns que consideraram o PCP como um partido que fazia falta à democracia. Como se um responsável por uma situação caótica e atentatória ao normal funcionamento democrático, pudesse alguma vez fazer falta a qualquer democracia, tal como considerava o demagogo Melo Antunes, o homem que comandava o grupo dos nove, em pleno Verão quente. A sua influência era tanta que tinha o condão de convencer tanto os de esquerda como os de direita, por de entre os militares de então de que, um problema possa alguma vez fazer parte da sua própria solução.

Extraordinário, não é?. Mas na realidade, foi mesmo assim!

Convenceu quase todos que um partido como o PCP, declaradamente culpado do que se passou de mal no chamado verão quente, comprovadamente causador e motivador de uma tentativa de golpe de estado, instigador e incentivador das dezenas de grupelhos formados à pressa como testas de ferro de sinistros desígnios, era afinal a luz que nos faltava e que nos indicaria o caminho da verdade, bem à comunista maneira e fosse qual fosse o preço.

Melo Antunes, com a capa exterior de militar, era interiormente um aplicado estudioso das teorias socialistas de então e melhor do que todos os impreparados militares, no grupo dos nove, impôs sempre a sua vontade. Convenhamos que o grupo, já de si tendencialmente de esquerda, nunca se lhe opôs aos intentos e de fora, por de entre os militares operacionais, quase todos acreditavam também naquela figura que se impunha pela maneira diferente e serena de actuar.

Álvaro Cunhal (PCP) agente do KGB, antiga polícia de estado da URSS ou até Costa Gomes (presidente da república) de nomeada o judas ou o rolha, ou mesmo Vasco Gonçalves (primeiro ministro afastado) desde há muitos anos abraçado aos desígnios e ideias comunistas, tal como um Otelo desfasado da realidade ou um Vasco Lourenço sempre à procura do melhor lado da equação, tinham por Melo Antunes, a consideração devida a um ser cuja amizade lhes era conveniente, mas cuja inteligência, lhes despertava comprovado receio e um mal estar evidente perante a gravidade da situação.

Certo era, porém, que, fosse qual fosse o lado para o qual caísse a contenda, todos ficariam a “boiar” na insegurança em caso de derrota, ou na euforia dos vencedores em caso de sucesso, seguros de que mal algum jamais lhes aconteceria. Estranho, não é? Porque seria?

Foi no meio desta confusão que se deu o 25 de novembro. E quem ganhou a contenda?

Porque os que ganharam pareciam que tinham perdido e os que perderam, por “fazerem falta” à democracia, continuaram para aí distribuídos em quadros, funções, sindicatos e centrais, edifícios e terras, já conquistadas após o 25 de abril de 74.

E viu-se. Militares operacionais voltaram quase de imediato aos quarteis. Outros foram corridos por indecente e má figura (e mais tarde reabilitados, promovidos e até condecorados). Tudo continuou como dantes e Cunhal por cá continuou a dar ordens, ordenando aos seus quadros, tal como soube ordenar a retirada ( ou debandada, conforme escreve uma arrependida da causa) em 25 de novembro após contar as armas. Que se mantivessem em silêncio profundo, tal como tinha prometido a Melo Antunes.  Não esqueceu o passo atrás para depois poder dar uns à frente e na sombra, guiou os seus acólitos, na normal missão comunista de desfazer o que tinha sido dito ou feito sobre o atentado, desvirtuando e condenando a data de 25 de novembro de 1975, na comunicação social, por de entre as populações e nas escolas onde concentraram à tripa forra e para cima dos nossos filhos e netos, toda a sua frustração e amargura, continuada de maneira impune, até aos dias de hoje.

Bem há pouco tempo poucos falavam no 25 de novembro de 1975. Muitos anos depois, e quando começaram a falar na confrontação havida, toda a culpa era apontada à direita fascista que começava lenta e paulatinamente, a movimentar-se. Depois, sempre com a oposição das esquerdas e na AR, essa casa que dizem da democracia, começou a ouvir-se a voz da verdade, sempre incomodativa para quem enveredou por caminhos dúbios.

Porque não se deviam celebrar datas que dividiam os portugueses. Porque a reação pretendia tomar conta disto tudo e desencadeou a golpada. Porque o celebrar do 25 de novembro era celebrar o regime anterior ao 25 de abril. O que eles inventaram, Deus meu, à procura de uma razão na qual, nem eles próprios acreditavam, mas que por missão tinham de divulgar entre os seus seguidores e não só.

Até a um filho que fará 20 anos em 2025, tive de explicar o que foi o 25 de novembro de 1975 pois do facto e da data histórica, nada constava, ou consta (?) do tendencioso compêndio de História.

Mas a verdade é como é! E mais tarde ou mais cedo, vem ao de cima nas nossas cabeças depois de atravessar as nossas consciências no entendimento das causas. Fora de tempo como é costume por cá, mas ainda a tempo de celebrar condignamente o 25 de novembro de 1975, é bom ver gente com relevância e em posições importantes, fugir à banalidade e à maledicência, apoiando a causa de há quase meio século atrás.

É necessário, que outra gente, gente que viveu intensamente os múltiplos episódios da data que implantou de vez a democracia entre os lusitanos, se junte e escreva sobre a verdade dos factos, antes que a morte lhes “ferre a unha”.

Com um cuidado. Que considere essa missão vital na descoberta da verdade e “chame à mesa” todos sem excepção, que os una e não separe, excluindo grupos ou grupinhos de militares que ainda hoje se consideram senhores do acontecimento. Todos devem contribuir com o seu 25 de novembro que sendo de alguns, deve a partir de agora ser de muitos mais, lembrando sempre que o 25 de novembro de 1975 foi um levantar do chão de comandos e aviadores e de muitos soldados e civis em nome de um Portugal melhor, contra uma ditadura comunista que se preparava para tomar conta desta gloriosa terra.

O nosso dever? Escrevermos sobre a data tudo o que soubermos e aprendemos para que um dia possamos contar aos nossos filhos, de uma maneira consciente e verdadeira, o que na realidade se passou.

Eu que fui soldado e assisti a factos importantes darei, para memória futura, o meu pequeno e singelo contributo nesta missão de SERVIR sempre meu país.

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