Atribui-se a Lenine a máxima «os capitalistas vender-nos-ão a corda com a qual serão enforcados» que, sob diferentes formas, se presta a diversas analogias. É por isso irresistível recordarmos esta frase perante o absurdo a que assistimos actualmente.
Em matéria de imigração maciça, flagelo que assola a Europa, França é um dos exemplos gritantes de descontrolo e delírio. Assim, importa observar o relatório sobre o apoio aos refugiados e requerentes de asilo que o Tribunal de Contas francês publicou recentemente.
Os números são impressionantes. Entre 2019 e 2023, as dotações para a missão «Imigração, Asilo e Integração» aumentaram cerca de 23%, para 2,3 mil milhões de euros, principalmente devido a novas despesas com o asilo.
Note-se que, apesar de se tratar de uma competência do Estado francês, os diferentes serviços de alojamento, apoio e integração são em grande parte confiados a associações. Ora, sem grande surpresa, a maioria de tais associações é militantemente imigracionista e não está naturalmente alinhada com a política oficial francesa em termos de imigração. É um daqueles casos em que se deixa a raposa entrar no galinheiro…
Além deste desencontro ideológico, para não dizer oposição, as missões destas associações são pouco claras e mal definidas. O Tribunal de Contas constatou que o Estado e o seu operador, o OFII (Organismo Francês da Imigração e da Integração), «não definem com suficiente precisão a natureza das tarefas de apoio, as competências exigidas e, nas instalações de alojamento, os efectivos necessários». O relatório acrescenta ainda que «o recurso a subvenções confere ao Estado um menor controlo sobre o conteúdo e o acompanhamento da prestação de serviços».
No entanto, mesmo perante tamanho descontrolo, o financiamento concedido às associações aumentou mais de 52%, durante período analisado, o que se traduz num montante de quase 1,1 mil milhões de euros.
O motivo principal para este aumento é a subida dos pedidos de asilo que, entre 2019 e 2023, aumentaram 7,4% e do número de lugares de alojamento criados, que subiu 14,7%. O relatório aponta que «só para a gestão do parque de alojamento, as associações receberam mais de 850 milhões de euros em 2023, um aumento de 46%» em relação a 2019. Já no que respeita à integração, as associações receberam 76,3 milhões de euros em 2023, um aumento de 114%, para implementar o chamado Contrato Republicano de Integração, que inclui uma componente cívica e uma linguística.
Que dizer dos governantes que usam o dinheiro dos contribuintes nacionais para financiar a entrada em massa de populações estrangeiras no seu país? Loucos?
Recordemos uma passagem do discurso premonitório do visionário político britânico Enoch Powell, proferido em 1968: «Devemos estar loucos, literalmente loucos, enquanto nação ao permitir o influxo anual de cerca de 50 mil dependentes, que são em grande parte o material do crescimento futuro da população de origem imigrante. É como observar uma nação ocupada na preparação da sua própria pira funerária.» Perante o tsunami migratório dos nossos dias, o alerta de Powell apenas peca por defeito.
Hoje, que Portugal sofre as consequências de uma imigração maciça e descontrolada, quanto do erário público é gasto em associações que, sob as boas intenções humanitárias da integração, a promovem?