Indicadores não permitem afastar cenário de abrandamento económico

O Barómetro CIP/ISEG reconhece que o desempenho da economia no quarto trimestre de 2024 "surpreendeu pela positiva", mas alerta que os indicadores disponíveis não permitem afastar um cenário de abrandamento neste primeiro trimestre de 2025, face ao anterior.

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Segundo a análise da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), hoje divulgada, o facto de o crescimento na reta final de 2024 ter sido, sobretudo, impulsionado pelo consumo privado, aconselha prudência.

O impulso registado no último trimestre de 2024 abre perspetivas para um desempenho positivo também no primeiro trimestre de 2025, refere o barómetro, com o documento a notar, contudo, que “os indicadores disponíveis não permitem afastar um cenário de abrandamento face ao trimestre anterior”.

A sustentar esta leitura da CIP/ISEG está o facto de, enquanto junto dos consumidores, os indicadores permanecem favoráveis, nos indicadores de atividade setoriais são os sinais de abrandamento que “predominam”, na sequência da evolução observada em dezembro, que resultou da contração da produção industrial e da desaceleração do setor dos serviços — apesar do “forte dinamismo” no comércio a retalho.

Em janeiro, indica o barómetro, o indicador normalizado de clima económico (que junta as opiniões do setor empresarial) apresentou uma queda moderada, enquanto o indicador de sentimento económico (cm as opiniões do setor empresarial e dos consumidores) se observou um ligeiro aumento.

Por setores de atividade (com valores corrigidos da sazonalidade), em janeiro, os indicadores de confiança agregados evoluíram negativamente em todos, excetuando o da construção e obras públicas, com a indústria transformadora a observar “o decréscimo mais expressivo” no indicador agregado da confiança, face a dezembro de 2024.

Já o indicador de confiança dos consumidores registou em janeiro uma evolução positiva, “mas ténue”, refletindo melhorias na perceção da evolução dos preços e de oportunidades de realização de poupança.

Para o diretor-geral da CIP, Rafael Alves Rocha, “o facto do crescimento no final de 2024 ter resultado apenas do consumo privado aconselha particular prudência nas projeções para os próximos meses”.

O responsável da CIP classifica ainda de “preocupante” a contração do investimento no quarto trimestre, notando que esta reflete “a grande incerteza que ensombra as perspetivas económicas”.

Por outro lado, acentua, o anunciado contexto político dos próximos meses lançará “certamente incerteza, desconfiança, imprevisibilidade”, vindo juntar-se às disrupções “que hoje grassam pelo mundo”, e concorrendo “para minar o ambiente de negócios”.

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