Europol diz que IA está a impulsionar o crime organizado na UE

A Agência da União Europeia para a Cooperação Policial (Europol) advertiu hoje que a inteligência artificial (IA) está a impulsionar o crime organizado na UE à medida que se entrelaça com atividades de destabilização patrocinadas por determinados Estados.

© D.R.

O aviso foi feito no lançamento da última edição de um relatório sobre o crime organizado, publicado de quatro em quatro anos pela Europol, que é elaborado com base em dados da polícia de toda a União Europeia (UE) e que contribui para moldar a política de aplicação da lei no bloco europeu.

“A cibercriminalidade está a evoluir para uma corrida ao armamento digital que visa governos, empresas e indivíduos, os ataques com recurso à inteligência artificial estão a tornar-se mais precisos e devastadores”, afirmou a diretora executiva da Europol, Catherine De Bolle.

“Alguns ataques mostram uma combinação de motivos de lucro e destabilização, uma vez que estão cada vez mais alinhados com o Estado e com motivações ideológicas”, acrescentou.

O relatório, intitulado Avaliação da Ameaça da Criminalidade Grave e Organizada da UE 2025, afirma que os crimes vão desde o tráfico de droga ao tráfico de pessoas, lavagem de dinheiro, ataques cibernéticos e fraudes ‘online’, que prejudicam a sociedade e o Estado de direito “ao gerar receitas ilícitas, espalhar a violência e normalizar a corrupção”.

O volume de material sobre abuso sexual de crianças disponível em linha aumentou significativamente devido à IA, o que torna mais difícil analisar as imagens e identificar os infratores, segundo o relatório.

“Ao criar meios de comunicação sintéticos altamente realistas, os criminosos são capazes de enganar as vítimas, fazendo-se passar por indivíduos e desacreditar ou chantagear os alvos, a adição de clonagem de voz alimentada por IA e ‘deepfakes’ de vídeo ao vivo amplifica a ameaça, permitindo novas formas de fraude, extorsão e roubo de identidade”, lê-se no relatório.

Os Estados que procuram obter vantagens geopolíticas também estão a utilizar criminosos como contratantes, segundo o relatório, citando ciberataques contra infraestruturas críticas e instituições públicas “provenientes da Rússia e de países da sua esfera de influência”.

“Os atores da cibercriminalidade híbrida e tradicional estarão cada vez mais interligados, com os atores patrocinados pelo Estado a mascararem-se de cibercriminosos para ocultar a sua origem e os seus verdadeiros motivos de perturbação”, informa o relatório.

A IA e outras tecnologias “são um catalisador para o crime e impulsionam a eficiência das operações criminosas, ampliando sua velocidade, alcance e sofisticação”, lê-se no documento.

A Comissão Europeia prepara-se para lançar uma nova política de segurança interna.

“Temos de integrar a segurança em tudo o que fazemos”, afirmou o comissário europeu para os Assuntos Internos e a Migração, Magnus Brunner.

O comissário acrescentou que a UE pretende disponibilizar nos próximos anos fundos suficientes para duplicar o pessoal da Europol.

Últimas do Mundo

Cada vez mais portugueses procuram a Arábia Saudita, onde a comunidade ainda é pequena, mas que está a crescer cerca de 25% todos os anos, disse à Lusa o embaixador português em Riade.
O Papa rezou hoje no local onde ocorreu a explosão no porto de Beirute em 2020, que se tornou um símbolo da disfunção e da impunidade no Líbano, no último dia da sua primeira viagem ao estrangeiro.
Pelo menos 30 pessoas foram sequestradas em três ataques por homens armados durante o fim de semana no norte da Nigéria, aumentando para mais de 400 os nigerianos sequestrados em quinze dias, foi hoje anunciado.
Pelo menos quatro pessoas morreram baleadas em Stockton, no estado da Califórnia, no oeste dos Estados Unidos, anunciou a polícia, que deu conta ainda de dez feridos.
O estudante que lançou uma petição a exigir responsabilização política, após o incêndio que matou 128 pessoas em Hong Kong, foi detido por suspeita de "incitação à sedição", noticiou hoje a imprensa local.
O alto comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Türk, denunciou hoje que “pelo menos 18 pessoas” foram detidas no golpe de Estado de quarta-feira na Guiné-Bissau e pediu que se respeitem os direitos humanos.
O Tribunal Penal Internacional (TPI), confirmou, na sexta-feira, que continua a investigar crimes contra a humanidade na Venezuela, depois de em setembro o procurador-chefe Karim Khan se ter afastado por alegado conflito de interesses.
Um "ataque terrorista" russo com drones na capital da Ucrânia causou hoje pelo menos um morto e sete feridos, além de danos materiais significativos, anunciaram as autoridades de Kiev.
O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) denunciou hoje que um grupo de homens armados e encapuçados invadiu a sua sede, em Bissau, agredindo dirigentes e colaboradores presentes no local.
A agência de combate à corrupção de Hong Kong divulgou hoje a detenção de oito pessoas ligadas às obras de renovação do complexo residencial que ficou destruído esta semana por um incêndio que provocou pelo menos 128 mortos.