Corte na procura de gás pode gerar quebra no financiamento de 527 milhões

Um estudo da consultora EY Parthenon concluiu que a quebra na procura de gás natural pode gerar quedas no financiamento da rede de distribuição de 527 milhões de euros em 2050, o que ameaça a segurança energética.

© DR

A análise foi realizada para a Associação Portuguesa dos Industriais de Engenharia Energética (APIEE), a partir de uma iniciativa denominada Comissão de Gás, que representa um universo de empresas do setor, principalmente prestadoras de serviços dos operadores de rede, responsáveis por um volume de negócios anual na ordem dos 100 milhões de euros.

O estudo sobre as redes públicas de distribuição de gás em Portugal e a sua cadeia de valor partiu da premissa do crescimento da procura de gás natural a nível mundial até 2040, e que a partir dessa data poderá diminuir em função do nível de transição energética verificada.

No entanto, como detalha a consultora, nos 27 países da União Europeia o cenário é distinto: “projeta-se uma diminuição da procura já a partir de 2025, a nível doméstico e não-doméstico, que poderá, porém, reverter-se por pressão da tendência mundial”, destaca.

No caso de Portugal, prevê-se que a procura de gás natural do segmento doméstico diminua em valor absoluto de forma contínua a partir de 2025.

Para a realização dos cálculos, a EY Parthenon analisou três cenários da evolução futura do mercado de energia em Portugal: O cenário central, que tem em conta as políticas e metas em vigor; um segundo cenário com maior contributo dos gases renováveis; e o último com uma taxa de eletrificação acima do esperado.

O cenário central, por exemplo, prevê que no setor residencial o consumo de gás natural se situe em 16% em 2030, mas em níveis a rondar 1% em 2050, explica a consultora.

Segundo a análise, a verificar-se esta situação, isso terá consequências para a rede de fornecimento, nomeadamente “uma redução significativa da procura de gás poderá acarretar consequências nocivas para o financiamento da rede, prevendo-se quebras superiores a 527 milhões em 2050.

Para chegar a este número, a EY teve em conta os valores históricos do investimento global entre 2010 e 2023 e os dados previsionais apresentados pelos operadores da rede nos seus planos de investimentos.

O estudo alerta ainda que “um mix energético futuro composto na esmagadora maioria por eletrificação é pouco provável, pelo que se antecipa um papel relevante para os gases renováveis e o gás natural”.

Para fundamentar esta conclusão, a consultora lembra que “o Relatório de Monitorização da Segurança de Abastecimento do Sistema Nacional de Gás 2024-2040 da DGEG (RMSA-Gás) converge com esta perspetiva mais realista: o gás natural perde relevo até 2040, mas ainda assim mantém-se importante tanto na indústria como nos serviços e, mesmo, no mercado residencial”, lê-se no documento com 57 páginas.

A análise mostra também que “apesar de o processo de eletrificação estar a evoluir aquém das expectativas, os gases renováveis também não estão a avançar de forma acelerada”.

Ainda assim, o biometano tem potencial para avançar mais rápido, aponta a consultora.

“O apoio governamental ao aumento do biometano em Portugal irá acelerar a transição energética, em particular nos edifícios com ligações à rede de gás, com custos mais baixos”, conclui, referindo-se ao Plano de Ação para o Biometano.

De forma resumida, o estudo da EY Parthenon conclui que, “fruto da elevada incerteza hoje existente nos mercados, é fundamental manter todos os ativos energéticos em boas condições, com uma matriz energética diversificada”.

E que em qualquer dos três cenários analisados “a rede de distribuição de gás é crucial para a segurança energética e a transição em direção a energias renováveis”, acrescenta.

Além disso, o documento lembra que a rede de gás em Portugal é jovem, “o que acarreta benefícios adicionais ao nível do aproveitamento do seu potencial e das suas capacidades de adaptação à introdução de gases de origem renovável a médio e longo-prazo”.

Últimas de Economia

Entre janeiro e setembro de 2025, 13.522 funcionários públicos aposentaram-se através da Caixa Geral de Aposentações (CGA), um número ligeiramente inferior ao do mesmo período do ano passado. Contudo, o destaque vai para o aumento das pensões mais elevadas uma vez que, segundo dados publicados em Diário da República e revelados pelo Jornal de Notícias, 393 reformas superaram os 5.000 euros mensais brutos, mais 30 do que em 2024.
A contabilização de prestações como o apoio ao cuidador informal, o complemento por dependência e o Seguro Social Voluntário como rendimento está a levar à perda de apoios como o abono de família, segundo o Jornal de Notícias.
O preço do cabaz alimentar essencial, composto por 63 produtos, subiu cerca de 17 euros no último ano, atingindo agora um valor médio de 271 euros, de acordo com dados da DECO Proteste, citados pela SIC Notícias. A variação corresponde a um aumento de aproximadamente 2% face a agosto de 2024.
A remuneração dos novos depósitos a prazo dos particulares caiu em junho pelo 19.º mês consecutivo, para 1,39%, atingindo o valor mais baixo desde maio de 2023, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
A Ryanair vai reduzir em 16% a operação em Espanha durante o inverno, o que inclui fechar a base de Santiago de Compostela e deixar de voar para Vigo (ambos na Galiza), anunciou hoje a companhia aérea irlandesa.
As renegociações de crédito à habitação caíram em julho para 346 milhões de euros, num recuo de 32,4% em termos homólogos, segundo dados hoje publicados pelo Banco de Portugal (BdP).
Os preços da produção industrial homólogos aumentaram, em julho, 0,2% na zona euro e 0,4% na União Europeia (UE), com Portugal, em contraciclo, a apresentar o terceiro maior recuo (-3,6%), divulga hoje o Eurostat.
Os aeroportos poderão novamente sofrer perturbações a partir desta quarta-feira, quando se inicia uma greve, que se irá prolongar até janeiro, de dois sindicatos da Menzies, empresa que trata dos serviços de assistência em terra ('handling').
Os jovens diplomados do ensino superior que ainda não estão a beneficiar da devolução das propinas vão poder receber o prémio de valorização das qualificações, mas terão de escolher entre esse apoio ou o IRS Jovem.
O prémio salarial atribuído aos jovens trabalhadores como forma de devolução das propinas, relativo aos pedidos apresentados no ano de 2024, vão ser pagos no final da segunda semana de setembro, divulgou ontem a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).