“Estamos a acompanhar relatos de um aumento alarmante de detenções de pessoas ligadas a sindicatos, partidos políticos, organizações comunitárias e outros grupos ativistas”, afirmou a organização, em comunicado, na sexta-feira.
A AI disse que as detenções “confirmam infelizmente padrões de uma política de perseguição de opiniões e dissidência no contexto de processos eleitorais” e exigiu que as autoridades “libertem todos os detidos arbitrariamente”.
Horas antes, o Governo da Venezuela anunciou a detenção do político Juan Pablo Guanipa, acusado de pertencer a uma “rede terrorista”, enquanto a líder da oposição relatou mais de 50 detenções no país, em vésperas de eleições legislativas e regionais.
A AI observou que “os estados preocupados com a crise na Venezuela têm a obrigação de exigir justiça”. “Lembramos que os crimes contra a humanidade não prescrevem”, acrescentou.
Guanipa, que é próximo da líder da oposição María Corina Machado e estava a viver na clandestinidade, “é um dos líderes desta rede terrorista”, declarou o ministro do Interior, Diosdado Cabello, num discurso na televisão estatal, alegando que “o plano completo” de subversão está em telemóveis e num computador portátil apreendidos.
Cabello anunciou também a detenção de outras pessoas ligadas à alegada conspiração, incluindo estrangeiros.
O dirigente detido foi membro do parlamento controlado pela oposição, eleito em 2015 e chegou a vice-presidente parlamentar em 2020, sob presidência de Juan Guaidó.
Segundo María Corina Machado, além de Guanipa foram detidos no país caribenho “mais de 50 dirigentes políticos e sociais, defensores dos direitos humanos, jornalistas e ativistas”, num “terrorismo de Estado puro e simples”.
“Juan Pablo Guanipa é um homem corajoso e íntegro. É meu companheiro e meu irmão. Ele é um exemplo para todos os cidadãos e líderes políticos, dentro e fora da Venezuela”, disse Machado.
Pouco depois, uma mensagem foi publicada no perfil de Juan Pablo Guanipa na rede social X: “Se estão a ler isto, significa que fui raptado pelas forças do regime de Nicolas Maduro”.
“Não sei o que me vai acontecer nas próximas horas, dias e semanas. Mas estou certo de que venceremos a longa luta contra a ditadura”, acrescenta a mensagem.
O maior bloco de oposição da Venezuela, a Plataforma Democrática Unitária, disse, também na X, que “rejeita a onda de perseguição que foi desencadeada contra um número indeterminado de cidadãos nas últimas horas”.
As eleições de domingo na Venezuela estão a ser boicotadas por uma grande parte da oposição, que acusa o Presidente Nicolás Maduro de fraude na sequência das eleições presidenciais de julho de 2024, que o reconduziram para um terceiro mandato.