Menos de metade das crianças até aos três anos em creches em 2023

A taxa de cobertura das creches aumentou nos últimos anos, mas apenas 48% das crianças com menos de três anos estavam matriculadas em 2023, segundo um estudo nacional, que sublinha que esta oferta “ainda não é para todos”.

© D.R

Há cada vez mais crianças a frequentar a creche e cada vez mais vagas disponíveis, mas ainda há regiões onde as famílias continuam a ter dificuldades em encontrar uma solução, revela o relatório “Balanço Anual da Educação 2025”, um trabalho de investigação desenvolvido pelo Edulog, o ‘think thank’ para a Educação da Fundação Belmiro de Azevedo.

Entre 2018 e 2023, o número de crianças até aos três anos matriculadas em creche cresceu 13,8%. O acesso democratizou-se com a gratuitidade desta oferta através do programa Creche Feliz, lançado em 2022, dizem os investigadores mostrando que há hoje uma maior proporção de alunos cujos pais não têm ensino superior, “sinal da rápida diversificação do contexto socioeconómico e de capital cultural das famílias”.

“A taxa de cobertura aumentou, mas a creche ainda não é para todos”, alertam o estudo hoje divulgado, que mostra que apenas 48% das crianças com menos de três anos estavam matriculadas em 2023, ano em que a taxa de cobertura chegou aos 55%, com 130.787 lugares disponíveis.

Das mais de 130 mil vagas, só 87% estavam efetivamente ocupadas, porque nem sempre a procura coincide com a oferta. As famílias que mais sentem esta falha são as das regiões de Lisboa e do Porto, assim como do sudoeste alentejano e algarvio.

O estudo alerta também para eventuais falhas na qualidade pedagógica destes profissionais, uma vez que apenas cerca de 6% do currículo da Licenciatura em Educação Básica se dedica à faixa etária das crianças com menos de três anos.

“Mesmo nos mestrados, a proporção ronda 24% no Mestrado em Educação Pré-Escolar e 16% no Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico”, lê-se no documento.

Nesta análise, que olha para a Educação desde a creche até ao ensino superior, conclui-se que as famílias têm cada vez mais acesso ao sistema de ensino e que as taxas de participação em todos os níveis de ensino continuam a aumentar.

O ensino universal está mais perto de ser uma realidade tanto no ensino pré-escolar, como no básico e secundário: A totalidade das crianças entre os 6 e os 14 anos já frequenta o ensino básico e cerca de 90% dos jovens em idade regular estavam inscritos no secundário, no ano letivo de 2022/2023.

No entanto, os investigadores sublinham que ainda existem “desequilíbrios territoriais e socioeconómicos”, uma vez que a oferta está concentrada nos grandes centros urbanos e continua a haver “carência de respostas nas regiões de baixa densidade populacional”.

No pré-escolar, 94% das crianças dos três aos cinco anos estavam inscritas numa escola, com as escolas do centro a registar a maior percentagem de crianças no pré-escolar (99,9%), seguindo-se a Região Autónoma da Madeira (98,3%) e o Alentejo (98,1%), por oposição à Península de Setúbal, onde a taxa de escolarização é a mais baixa do país (83,1%).

No ensino obrigatório, a escola pública e o privado que está dependente do Estado asseguram a quase totalidade da cobertura da rede, sendo que o ensino particular tem vindo a ganhar espaço no ensino secundário. Os investigadores consideram que esta mudança “reflete a aposta das famílias em escolas mais seletivas e de maior reputação, encaradas como via privilegiada para o ensino superior”.

Além das assimetrias regionais, os investigadores alertam ainda para as questões de subfinanciamento do sistema e para o aumento do rácio de professores com mais de 50 anos em todos os níveis de ensino.

Últimas do País

O Governo optou por não acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil nas primeiras semanas da atual crise de incêndios, alegando que os meios nacionais eram suficientes e que o recurso a ajuda externa deveria ser considerado apenas como última opção.
A GNR anunciou hoje que deteve 42 pessoas em flagrante delito pelo crime de incêndio florestal entre 01 de janeiro e 13 de agosto de 2025.
A Liga Portuguesa dos Direitos do Animal (LPDA) considera que, ao contrário do que acontecia há alguns anos, hoje as pessoas sabem que "não podem e não devem" abandonar os animais, porque "há uma responsabilização".
A situação de alerta devido ao risco agravado de incêndio foi prolongada até domingo, anunciou hoje a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, após uma visita à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Um incêndio em povoamento florestal na serra da Lousã, distrito de Coimbra, acima da localidade de, está a ser combatido por mais de 240 bombeiros, disseram fontes autárquica e da Proteção Civil.
A CP - Comboios de Portugal disse à Lusa que o primeiro dos 22 novos comboios regionais encomendados à Stadler chegará ao país ainda este ano, e que a conclusão dos ensaios de homologação das primeiras automotoras ocorrerá em 2026.
Cerca de 213 bombeiros ficaram feridos este ano em serviço, 112 dos quais nos incêndios rurais das últimas três semanas, segundo um balanço feito hoje pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).
Os incêndios florestais consumiriam até hoje cerca de 75.000 hectares, mais de metade ardeu nas últimas três semanas, segundo dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) apelou hoje à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) que seja mais célere a ressarcir as associações humanitárias pelas despesas com combustível e alimentação no combate aos incêndios florestais.
Dois homens de 26 e 22 anos e uma mulher de 24 foram detidos pela Polícia Judiciária (PJ) por indícios da prática de um crime de incêndio florestal, ocorrido numa área protegida de Almada na madrugada de terça-feira.