O requerimento foi apresentado pela deputada coordenadora, Marta Silva, que é também a candidata à Câmara Municipal do Seixal nas próximas eleições autárquicas, na sequência de denúncias de má gestão, falhas técnicas nos navios elétricos e um serviço “à beira do colapso”.
A ligação fluvial, vital para milhares de residentes da margem sul, enfrenta supressões constantes de carreiras, incumprimento de horários e sobrelotação. Uma reportagem recente do ECO revelou que cinco dos seis navios elétricos comprados pela Transtejo estavam imobilizados por avarias, mesmo em horas de maior procura.
A própria Secretária de Estado reconheceu que o projeto de eletrificação da frota fluvial foi mal planeado, com falhas de software, contratos de manutenção com empresas estrangeiras sem presença técnica em Portugal (como a ABB Espanha), e ausência de pessoal qualificado. A degradação do serviço tem levado muitos utentes a recorrer à linha ferroviária da Fertagus, que já se encontra saturada.
Marta Silva sublinha que “a população da margem sul está a ser discriminada no acesso a transporte público digno e funcional”, defendendo a adoção de medidas urgentes, como auditorias técnicas aos navios, reposição de carreiras suprimidas e reforço de meios térmicos enquanto a frota elétrica não estiver operacional.
A audição parlamentar pretende esclarecer responsabilidades e obter respostas concretas da tutela, num momento em que o descontentamento entre os utentes cresce diariamente. A candidata considera que “o colapso da Transtejo é mais do que um problema de mobilidade, é uma questão de dignidade para quem vive e trabalha fora de Lisboa”.
A data da audição será marcada nos próximos dias, com expectativa de forte participação da Comissão de Utentes. O tema promete marcar a agenda política local e nacional.