Uma delegação da OM reuniu-se hoje com a administração da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra para se inteirar da situação dos serviços de urgência geral, após a entrada em funcionamento da urgência básica do novo Hospital de Sintra e de um alerta lançado numa carta assinada por 19 médicos para o risco de rutura iminente do serviço.
No final do encontro, Luís Campos Pinheiro, tesoureiro do Conselho Regional do Sul da OM, disse que há “um problema de comunicação” entre os profissionais e administração e avisou que o alerta feito pelos médicos não pode ser desvalorizado.
“Este alerta não pode ser ignorado e foi isso que transmitimos ao Conselho de Administração. Tem que falar com os médicos, tem que ouvir os médicos e, sobretudo, ser aconselhado pelos médicos”, defendeu.
A OM alertou o diretor da urgência e a diretora clínica da ULS para o facto de a equipa fixa da urgência estar “muito sobrecarregada” e, como tal, “tem que ser tratada com muitas cautelas, para que as pessoas não acabem por desistir de trabalhar no hospital, que precisa de todos eles”.
Segundo Luís Campos Pinheiro, o diálogo foi tentado mas, do que foi apurado de ambas as partes “não está a ser conseguido”, estando a OM disponível para ajudar de “uma forma construtiva” para esse diálogo exista e “se possam prestar melhores condições de trabalho aos médicos e, sobretudo, melhores condições para os doentes”.
Avançou que há tentativas do Conselho de Administração de resolver este problema com uma estratégia, que “não está a chegar aos médicos”.
Luís Campos Pinheiro explicou que a estratégia passa por retirar os doentes não urgentes do Hospital Amadora-Sintra para o novo Hospital de Sintra, e, sobretudo, os doentes internados em Serviço de Observação (SO), “um grupo muito grande e muito pesado”.
É também intenção da ULS fazer um Centro de Responsabilidade Integrada de urgência, que deverá estar pronto em outubro, o qual permitirá ter formas de pagamento mais atrativas e, dessa forma, contratar mais médicos.
Luís Campos Pinheiro contou que os médicos com quem falou “foram unânimes” a dizer que gostam de trabalhar na urgência, onde se sentem realizados e permanecem “por esse sentimento de realização e de ajuda aos doentes”.
Por outro lado, há médicos muito preocupados porque “estão a acontecer medidas que não lhes foram transmitidas ou que pensavam que não iriam acontecer”.
“Estão a acontecer subitamente sem aviso prévio, como mudança de horários, como mudança do local de trabalho e isso a Ordem não concorda e a Ordem não aceita”, vincou, salientando que a OM transmitiu à administração que “tem que haver um diálogo, mas é um diálogo profícuo com os médicos”.
Luís Campos Pinheiro avisou que “não se pode estar a trabalhar contra médicos que são altamente profissionalizados, altamente competentes e cujas medidas, por vezes, elas próprias, disturbam o trabalho médico e o trabalho da urgência”.
No final do encontro, o presidente da ULS Amadora-Sintra, Carlos Sá, disse que, perante o pedido de esclarecimentos apresentado pela OM na terça-feira, propôs a realização de uma reunião no dia seguinte, que acabou por acontecer hoje.
Segundo a ULS, a colaboração da OM será fundamental para, em conjunto, encontrar as melhores soluções.
Em comunicado, lamenta “profundamente que se procurem transformar” questões técnicas e assistenciais “em tentativas de criação de alarme social” quando “o que está verdadeiramente em causa é a melhoria dos cuidados prestados aos utentes”, o que deveria ser o foco de todos os intervenientes.