Deslocados pagam pelo menos mais 200 euros/mês para frequentar Ensino Superior

Os estudantes deslocados pagam, pelo menos, mais 200 euros por mês para frequentar o ensino superior face aos colegas que estudam na sua cidade, com o alojamento a representar a maior despesa.

© D.R.

A conclusão consta do relatório final do estudo de avaliação do sistema de ação social no ensino superior, realizado por investigadores da Universidade Nova de Lisboa e apresentado hoje.

No estudo, solicitado pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), os investigadores fazem uma estimativa dos custos médios mensais associados à frequência do ensino superior e concluem que a principal despesa é com alojamento.

Por isso, estudar numa universidade ou num politécnico tem um preço diferente para estudantes que estudam na sua cidade ou para os jovens que têm que mudar para prosseguir os estudos, e há diferenças regionais.

É na Área Metropolitana de Lisboa que o alojamento tem maior peso no orçamento de um estudante e os custos médios para arrendar um quarto ultrapassam os 370 euros.

Comparando as despesas totais de um estudante não deslocado e de um estudante deslocado na capital, sem considerar a propina, a diferença chega aos 349 euros médios mensais: um estudante deslocado paga quase 500 euros por mês em alojamento, transporte, alimentação e outras despesas que, no caso dos não deslocados, não chegam a totalizar 150 euros.

A disparidade não é exclusiva de Lisboa e repete-se na Área Metropolitana do Porto e nas restantes regiões do país: à exceção das ilhas, onde a diferença é de apenas 52,68 euros, os estudantes deslocados pagam sempre mais 200 euros mensais, pelo menos, em relação aos colegas locais.

Entre as várias recomendações deixadas ao executivo, os investigadores sugerem, por isso, a adequação dos montantes da bolsa de ação social à evolução e variação regional do custo de vida, incluindo alojamento.

Em entrevistas e inquéritos conduzidos junto dos estudantes e instituições, as dificuldades associadas ao alojamento parecem ser consensuais e 16 das 23 instituições de ensino superior ouvidas apontaram a dificuldade em encontrar casa como o maior constrangimento à frequência do ensino superior.

No próximo ano letivo, 2025/2026, o apoio ao alojamento atribuído atualmente aos alunos bolseiros vai ser alargado a todos os estudantes do ensino superior deslocados cujo rendimento anual ‘per capita’ do agregado familiar fique abaixo dos 14.630 euros.

À semelhança do que está previsto para os bolseiros, também os restantes alunos deslocados com rendimentos mais baixos terão direito a um “complemento mensal igual ao valor efetivamente pago pelo alojamento e comprovado por recibo ou transferência bancária”, de acordo com a lei da Assembleia da República.

Questionados sobre este apoio, a maioria considera que o valor atribuído é adequado, mas a tendência é inversa em Lisboa, onde 58% dos alunos deslocados discordam que seja suficiente.

Acrescenta outro problema: “A dificuldade prática que é arranjar recibos que comprovem um contrato de arrendamento, num mercado de alojamento sobrecarregado e favorável ao funcionamento à margem da regulamentação fiscal”, refere o estudo.

O estudo servirá de base ao novo Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior, que entrará em vigor no ano letivo de 2026/2027.

A possibilidade já apontada pelo Governo de descongelar o valor das propinas, que não foi particularmente destacada pelos investigadores, também depende do novo regulamento.

Porém, numa comparação com os sistemas de ação social de outros países – Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido – os investigadores referem que Portugal é o único que inclui o valor das propinas no pagamento do valor da bolsa.

Na Alemanha, por exemplo, não são cobradas propinas, enquanto em Espanha, França e Itália os alunos bolseiros são isentos do seu pagamento, e no Reino Unido a bolsa de manutenção é calculada à parte da bolsa para pagamento das propinas.

Últimas do País

Três concelhos dos distritos da Guarda e de Coimbra estão hoje em risco máximo de incêndio, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
A prisão de Lisboa, a maior do país, com cerca de mil reclusos, enfrenta um cenário de elevada tensão. A paralisação dos guardas prisionais, iniciada na quarta-feira, está a gerar revolta entre os detidos, que se encontram privados de visitas, da entrega de alimentos e de roupa lavada.
Cerca de 1,8 milhões de pessoas em Portugal viviam em agregados familiares com um rendimento mensal inferior a 632 euros por adulto equivalente, em 2023. Entre os diferentes grupos etários analisados, os idosos foram os mais afetados pelo agravamento da pobreza, com a taxa de risco a aumentar de 17,1% em 2022 para 21,1% em 2023.
O jovem de 23 anos suspeito de ter esfaqueado mortalmente um turista norte-americano na madrugada de quarta-feira, em Cascais, ficou esta sexta-feira em prisão preventiva.
A Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal está a investigar uma denúncia apresentada por uma jovem de 20 anos que afirma ter sido sequestrada por três homens, de quem aceitou boleia na Amadora.
A comunidade indiana tornou-se, este ano, a segunda mais numerosa em Portugal, totalizando 98.616 cidadãos. Até então, esse lugar era ocupado por Angola, que agora ocupa a terceira posição, com 92.348 residentes.
O presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP/PSP) disse que a manifestação de hoje é o início de vários protestos que os polícias vão realizar "até deixarem de ser discriminados", estando marcado para as próximas semanas outras iniciativas.
A Provedoria de Justiça contesta a fórmula de cálculo usada pelo Instituto da Segurança Social (ISS) para fixar pensões unificadas, considerando que limita “injustamente” o acesso e valor destas prestações, em prejuízo dos cidadãos
Esta semana está a ser sangrenta em Portugal, particularmente na Área Metropolitana de Lisboa. Em menos de 48 horas, três pessoas foram assassinadas e quatro foram internadas em estado grave. “Inqualificável”, diz André Ventura.
Nove em cada 10 Unidades de Saúde Familiar (USF) reportaram no último ano faltas de material básico como vacinas, e quase todas tiveram falhas informáticas, segundo o estudo anual que retrata o estado dos cuidados de saúde primários.