Em declarações recolhidas pelas televisões à saída do cemitério do Alto de São João, após o funeral de uma das vítimas mortais do descarrilamento de quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa recordou que o próximo relatório “está prometido para daqui a 45 dias” e que o documento definitivo só deverá ser conhecido dentro de um ano.
“Se fosse possível abreviar estes prazos, sobretudo do relatório definitivo, todos agradeceríamos”, apelou o Presidente.
O chefe de Estado comentou as conclusões do primeiro relatório, “ainda muito preliminar”, do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), divulgado no sábado, que indica que o cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória “cedeu no seu ponto de fixação” da carruagem que descarrilou.
O relatório conclui ainda que o plano de manutenção do elevador “estava em dia” e que na manhã do acidente foi feita uma inspeção visual programada, que não detetou qualquer anomalia no cabo ou nos sistemas de travagem das duas carruagens.
Agradecendo ao GPIAAF o cumprimento do prazo “em circunstâncias difíceis” – “tão raro em Portugal” –, Marcelo Rebelo de Sousa notou que existe apenas “um único perito” para avaliar acidentes ferroviários, instando a que sejam contratados mais, porque “é uma responsabilidade muito pesada”.
O Presidente destacou ainda aquilo que considera serem as principais dúvidas e pistas deixadas neste primeiro relatório, nomeadamente o que motivou que o cabo que unia as duas cabinas do elevador se soltasse e por que não funcionou a redundância, para permitir a travagem.
As primeiras conclusões – notou ainda – deixam antever que a inspeção visual não permitiu detetar o problema no cabo e permitem ainda questionar “porque não há uma instituição encarregada de fiscalizar este tipo de matérias”.
O Presidente assinalou ainda que, “com os elementos disponíveis, não é possível determinar a responsabilidade de pessoas nem de organizações reativamente ao que aconteceu, nesta fase”.
Por isso, “é preciso aguardar pelo relatório prometido para daqui a 45 dias”, que Marcelo Rebelo de Sousa gostava que fosse apresentado mais cedo. “Teremos de esperar por essa altura”, sublinhou.
O elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, causando 16 mortos e 22 feridos.
Gerido pela Carris, o elevador da Glória liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de 276 metros e é muito procurado por turistas.