Instituições desistiram de mais de 870 camas de cuidados continuados

O Ministério da Saúde revelou hoje que há instituições que tinham assinado contratos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para cuidados continuados que pediram a rescisão, num total que abrange mais de 870 camas.

© D.R.

Numa resposta enviada à Lusa a propósito do alerta feito na semana passada pela Associação Nacional de Cuidados Continuados (ANCC), que estimou em mais de 100 milhões de euros o valor do PRR desperdiçado devido ao não cumprimento dos prazo em algumas obras, o Ministério da Saúde diz que as instituições não podem invocar o atraso nos avisos ou na apreciação de candidaturas para justificar o incumprimento do prazo pois assinaram os contratos já depois da publicação destes avisos e da análise das candidaturas.

Na semana passada, o presidente da ANCC disse que mais de 100 milhões de euros do PRR para esta área dos cuidados continuados serão desperdiçados porque há “enormes atrasos” e as obras não estarão concluídas a tempo, lamentando que o Governo “tenha incentivado as unidades a avançarem para obras mesmo sabendo dos enormes atrasos”.

O presidente da ANCC, José Bourdain, deu o exemplo do concelho de Sintra, onde fica a sua instituição, revelando que se candidatou ao PRR para 143 camas de longa duração – “a tipologia que mais falta faz” – e 30 vagas em unidade de promoção da autonomia.

“Só para a minha instituição eram 173 vagas, mais outras cinco entidades que se candidataram, só para camas de internamento são mais de 400 no conselho de Sintra. Nenhuma avançou”, lamentou, sublinhando: “Eu diria até que é o concelho mais prejudicado do país”.

Reconheceu que o atual Governo herdou “enormes atrasos” do anterior, mas defendeu que “poderia ter resolvido, imprimindo outra dinâmica, mas não o fez”.

“Lançou os avisos demasiado tarde, analisou candidaturas demasiado tarde, mas incentivou as unidades a concorrerem, a avançarem”, disse.

Questionado pela Lusa, o Ministério da Saúde lembrou que os contratos “incluem uma cláusula que obriga à devolução do financiamento concedido em caso de incumprimento do prazo”, acrescentando que, até ao momento, perante a impossibilidade de terminar os projetos dentro do prazo e a consequente obrigação de devolver o financiamento, “já houve alguns beneficiários que pediram a rescisão dos contratos”.

Atualmente existem 6.899 camas/lugares contratados com o setor privado e social e o Ministério da Saúde diz que foram registadas desistências de projetos associados a 876 camas/lugares.

Em declarações à Lusa, José Bourdain insistiu igualmente no sub-financiamento das unidades, sublinhando que “mesmo com a majoração na verba por metro quadrado de construção o valor é curto”.

A este respeito, o Ministério diz que o valor do financiamento por cama/lugar está legalmente definido e é público, cabendo aos beneficiários “decidir se ajustam os custos dos projetos ao montante do PRR ou se recorrem a capitais próprios para projetos de maior valor”.

Acrescenta que “o PRR já cumpriu com uma meta muito relevante neste domínio relativa ao reforço da capacidade de resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e da Rede Nacional de Cuidados Paliativos, na vertente domiciliária” e que foram criados 1.376 novos lugares em equipas domiciliárias de cuidados continuados integrados.

Últimas do País

Seis distritos de Portugal Continental estão hoje em aviso laranja e quatro em aviso amarelo para a queda de neve até domingo de manhã, podendo condicionar e interditar estradas, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Uma antiga fábrica que estava em obras para ser transformada em residência universitária ardeu hoje em Braga, revelou à Lusa fonte do Comando Sub-Regional do Ave.
As empresas de chocolate nacionais enfrentam o otimismo do período natalício, “um dos mais relevantes” para as vendas, não evitando baixar preços porque o valor do cacau continua no dobro da média de 2023.
A maioria dos desfibrilhadores disponíveis nas viaturas dos Sapadores de Lisboa tem componentes cujo prazo de validade está ultrapassado, mas o Regimento deu orientações para que os bombeiros continuem a utilizá-los, denunciou hoje um sindicato.
O aumento de doentes com alta clínica retidos nos hospitais por razões sociais é um dos maiores obstáculos à gestão de camas hospitalares, afetando a resposta nos serviços de urgência e impedindo a realização de cirurgias.
A ULS Amadora-Sintra abriu um inquérito interno ao caso divulgado pela Polícia Judiciária de um alegado abuso sexual de uma utente no Hospital Fernando Fonseca, envolvendo dois internados, anunciou hoje a instituição.
As infeções respiratórias graves continuam a aumentar em Portugal, sobretudo em idosos e crianças, com aumento de casos de gripe nos cuidados intensivos na semana passada e excesso de mortalidade por todas as causas, revelou hoje o INSA.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve 19 pessoas que conduziam com excesso de álcool no sangue, durante o primeiro dia da operação Natal e Ano Novo 2025/2026, que arrancou na quinta-feira e e que já regista um morto.
O bacalhau deverá ficar mais caro já no próximo ano, face à redução de quotas no Mar de Barents e ao contexto internacional, segundo as estimativas da Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB).
A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve 84 pessoas no primeiro dia da operação Polícia Sempre Presente – Festas em Segurança 2025-2026, entre elas 15 por condução em estado de embriaguez e 12 por conduzirem sem carta.