O Presidente do CHEGA e atual candidato às eleições presidenciais, André Ventura, afirmou esta quinta-feira que a decisão de se candidatar não surgiu por vontade própria, mas por sentir que tem uma responsabilidade a cumprir. Embora admita que preferia ver o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho avançar na corrida a Belém, Ventura considera que a sua candidatura se tornou necessária.
Em entrevista à CNN Portugal, questionado sobre se tomou a decisão contrariado, tendo em conta declarações anteriores, Ventura respondeu que sempre pautou a sua carreira política pela honestidade: “Nunca escondi que esta não era a candidatura que desejávamos. Acreditava que o ideal seria surgir uma candidatura capaz de unir várias forças, independente de interesses partidários e verdadeiramente comprometida com a luta contra a corrupção.”
Segundo o líder do CHEGA, o facto de ser o político mais votado da oposição, logo a seguir ao Governo, torna menos desejável o seu envolvimento direto na corrida presidencial. No entanto, sublinha que a política não se faz apenas com base nos desejos individuais, mas na confiança do eleitorado: “Nem sempre se trata do que queremos, mas do que é necessário para o país.”
Questionado sobre se encara esta candidatura como um sacrifício pessoal, Ventura respondeu com firmeza que a vê como uma missão: “Não posso ficar de braços cruzados quando o país atravessa tantos problemas. Precisamos de um Presidente que represente algo diferente, alguém que não seja apenas mais um comentador, mas um verdadeiro combatente contra a corrupção, o facilitismo e a imigração desregulada.”
Mais de 1,5 milhões de imigrantes em Portugal
Ventura fez referência a novos dados sobre imigração, que apontam para a presença de mais de 1,5 milhões de imigrantes em Portugal. Reconheceu que a maioria se encontra em situação legal, mas considera os números excessivos: “Para um país com cerca de 10 milhões de habitantes, este volume de imigração é um erro estratégico.”
O candidato destacou ainda que, no debate político, tem apenas defendido a necessidade de impor maior controlo nas fronteiras, criticando a atual Lei dos Estrangeiros. Acrescentou que os seus adversários — Gouveia e Melo, António José Seguro e Marques Mendes — mantêm posições semelhantes às do PS, o que, na sua perspetiva, confirma que só o CHEGA representa uma alternativa real.
“Quando é preciso lutar, eu dou a cara. Não fujo. E é por isso que estou aqui”, reforçou.
Ventura não poupou críticas à situação do Serviço Nacional de Saúde, que considera sobrecarregado pela pressão causada pela imigração. Como exemplo, relatou o caso de um hospital em Lisboa onde, segundo afirmou, “já nem se veem portugueses”. Defendeu que os problemas na saúde e na habitação se agravaram com a entrada descontrolada de imigrantes: “Se deixamos entrar todos — traficantes, criminosos e até pessoas necessitadas de apoio médico — estamos a transformar o país num caos total.”
O líder do CHEGA concluiu afirmando que a candidatura de Gouveia e Melo, embora simbólica, não representa uma rutura com o sistema: “Percebi que ninguém vai conseguir pôr ordem no país se não for o CHEGA. E é com essa convicção que me apresento como candidato à Presidência da República.”