O Governo norte-americano anunciou que iria pedir às companhias aéreas que cancelassem ligações aéreas a partir de sexta-feira para “reduzir a pressão” sobre o controlo de tráfego aéreo, que se debate com falta de trabalhadores devido à paralisação (‘shutdown’).
“Vamos reduzir em 10% a capacidade de voos em 40 dos aeroportos mais movimentados do país”, disse o secretário dos Transportes, Sean Duffy, em conferência de imprensa.
A lista oficial dos aeroportos afetados ainda não é conhecida mas, segundo a imprensa norte-americana, o número de voos será reduzido nos aeroportos de Chicago, Dallas, Los Angeles, Nova Iorque, Miami e Washington, entre outros.
Os voos internacionais não serão afetados pela medida, segundo disse uma fonte à ABC News, citada pela AFP.
A United Airlines emitiu um comunicado onde refere que os voos internacionais de longo curso e os voos entre ‘hubs’ de ligação não serão afetados.
“Temos um défice de 2.000 controladores de tráfego aéreo”, explicou o secretário dos Transportes, Sean Duffy, na quarta-feira, defendendo ser necessário “reduzir a pressão” através da diminuição do número de voos que as equipas de controlo de tráfego aéreo têm de supervisionar.
Republicanos e democratas não conseguem chegar a acordo sobre as aprovação de um novo orçamento federal, provocando a paralisação dos serviços governamentais desde 01 de outubro.
Centenas de milhares de funcionários federais estão em licença não remunerada, enquanto outras centenas de milhares são obrigados a continuar a trabalhar sem receber salário até ao fim da crise orçamental. Mais de 60.000 controladores de tráfego aéreo e agentes de segurança dos transportes estão na segunda situação mas, mesmo assim, não estão a comparecer ao serviço.
O anúncio sobre o cancelamento de voos surge antes de um fim de semana de intensa atividade aérea nos EUA, por causa da aproximação de um feriado na terça-feira, 11 de novembro.
O secretário de Estado Sean Duffy alertou, na terça-feira, para os riscos de “caos” generalizado. ”Podem ver-nos a fechar partes do espaço aéreo simplesmente porque não seremos capazes de o gerir devido à falta de controladores de tráfego aéreo”, disse, atribuindo a culpa aos democratas.
“Vamos pedir às companhias aéreas que trabalhem connosco para reduzir os seus horários de voos”, afirmou o presidente da Federal Aviation Administration (FAA), Bryan Bedford, na quarta-feira, explicando quwe a intenção é “evitar que a situação se agrave”.
Bryan Bedford disse não se lembrar de uma tal redução ter acontecido “durante os [seus] 35 anos de carreira na indústria aérea”.
“Esta é uma situação muito invulgar. Os nossos controladores de tráfego aéreo não recebem o salário há um mês. Estamos ansiosos por retomar as operações normais”, afirmou.
“Os controladores que ainda estão a trabalhar estão a fazer horas extra, a cumprir mais dias de expediente … e queremos reduzir essa pressão (sobre eles) antes que se torne um problema”, acrescentou Bedford.
Em média, 44.000 voos são monitorizados pela FAA diariamente, de acordo com o seu site.
Mais de 10.000 voos, de e para os Estados Unidos, sofreram atrasos no último fim de semana, segundo o serviço de rastreamento de voos FlightAware.