Arrendar um quarto em Lisboa ou no Porto tornou-se um luxo. Hoje, esta opção de habitação representa mais de metade do salário mínimo nacional, que em 2025 se fixa nos 870 euros brutos mensais. Segundo contas do Jornal de Notícias, o aumento contínuo das rendas tem levado muitos portugueses a procurar alternativas fora do mercado tradicional, como pousadas da juventude, antigos seminários, conventos ou residências ligadas à Igreja Católica.
De acordo com dados recentes da plataforma Idealista, o preço médio dos quartos para arrendar em Portugal subiu 8% no último ano, mantendo a tendência de valorização observada desde 2022. Em Lisboa, a renda média ronda atualmente os 550 euros por mês, enquanto no Porto se situa perto dos 430 euros mensais.
Com os custos da habitação a subir de forma constante, o arrendamento de quartos deixou de ser uma solução exclusiva para estudantes. Jovens em início de carreira, trabalhadores deslocados e imigrantes são agora os principais inquilinos deste mercado, cada vez mais saturado e caro.
A pressão sobre o arrendamento urbano está também a fazer-se sentir no interior do país, onde os preços, apesar de mais baixos, têm registado subidas significativas. As famílias, em resposta, recorrem cada vez mais a soluções alternativas, desde pousadas e residências sociais a espaços religiosos adaptados, para contornar a escassez de opções acessíveis.
Este fenómeno expõe uma realidade preocupante: para muitos jovens e trabalhadores, a emancipação e o acesso a uma habitação digna estão a tornar-se um objetivo cada vez mais distante, num cenário em que o quarto arrendado deixou de ser um ponto de passagem e passou a ser a única possibilidade de ter casa.