Estado, o caloteiro-mor

Se o Estado fosse uma pessoa seria aquele tipo em quem ninguém confia, porque o mesmo Estado que é muito expedito a cobrar impostos aos contribuintes, é o mesmo que quando é ele a pagar perde a velocidade e fica parado, paradinho.

Só para terem uma ideia, no ano passado, o Estado arrecadou 5,8 mil milhões de euros em impostos ambientais: um valor mais elevado do que o do ano anterior e acima daquela que é a média europeia. Por outro lado, e segundo dados oficiais, o Ministério da Cultura, Juventude e Desporto demora 722 dias para pagar às empresas com quem trabalha.

Esta situação, além de ser desonesta, é lesiva para estas empresas que prestam um serviço e não veem o seu trabalho ser monetariamente recompensado, ficando, assim, em falta com os seus próprios trabalhadores. O monstro que é o Estado sufoca as famílias não só com impostos, mas também com dívidas, não pagando o que deve, a quem deve, num razoável período. Ora, ou o Estado é uma espécie de instituição bipolar ou, então, isto é mesmo gozar com quem trabalha.

Se um contribuinte se atrasar um mês a pagar uma qualquer contribuição ao Estado, entra logo em incumprimento e vão-se somando juros ao valor a pagar até que o mesmo seja liquidado em definitivo, mas o Estado pode deixar empresas à espera do pagamento que lhe é devido durante dois anos. O que é mais revoltante é que o Estado, que devia zelar pelos portugueses e dar o exemplo, fazendo o que exige aos cidadãos, é, na verdade, o maior inimigo da população, apesar de ser sustentado por quem trabalha. E eu pergunto: como pode um cidadão confiar neste Estado?

Um Estado que não cumpre, não dá o exemplo, sufoca os trabalhadores em impostos e, ainda assim, não tem serviços públicos decentes para lhe oferecer. Um Estado que é um monstro alimentado pelo esforço daqueles que trabalham e são recompensados com salários que só permitem sobreviver. Um Estado que suga os melhores anos dos contribuintes e depois tem para lhes oferecer pensões miseráveis. É, definitivamente, lamentável o estado a que chegou o Estado que é meu, é teu, é de todos.

Editoriais do mesmo Autor

A última segunda-feira foi um dia histórico: pela primeira vez, a Assembleia da República celebrou o 25 de Novembro, uma data tão importante para a nossa democracia.

Que o jornalismo enfrenta uma grave crise financeira e de valores democráticos, não é novidade. A novidade agora é o ataque direto e hostil do Governo ao serviço público de televisão. O Executivo de Luís Montenegro apresentou, num evento organizado pelos meios de comunicação social privados, o chamado Plano de Ação para os Media. Ora, […]

Na última quarta-feira, milhares de Bombeiros Sapadores manifestaram-se em frente à Assembleia da República. Milhares de homens e mulheres, que todos os dias arriscam a própria vida para salvar os seus concidadãos, disseram chega à inoperância deste governo que insiste em dizer que está em negociações com os sindicatos, mas cujos resultados não aparecem e […]

O CHEGA anunciou, há um mês, a realização de uma manifestação nacional em Lisboa contra a imigração ilegal e o aumento da criminalidade que, por muito que queiram escamotear, está efetivamente ligada à política de portas abertas em vigor em Portugal porque o PSD ainda não fez o que é preciso para proteger o nosso […]

De há anos a esta parte, quando se fala da história de Portugal fala-se quase exclusivamente do 25 de Abril de 1974, como se Portugal tivesse nascido nessa data, como se os séculos de história para trás não importassem nada. Esta falácia com que querem fazer uma lavagem cerebral aos mais jovens tem de ser […]