Um novo ano letivo inicia… o que esperar?

O que poderemos esperar este ano letivo que mal iniciou e já está marcado por uma linha de controvérsias entre os professores e aquele que deveria ter como prioridade o sucesso do ano escolar, o próprio Ministério da Educação?

 

De um lado estão os profissionais da educação que apenas exigem aquilo a que têm direito por tantos anos dedicados ao Ensino, aos alunos, aos pais e a toda a Comunidade Escolar, que a cada ano que passa e devido a tantas mudanças no setor educativo, cada vez mais menosprezam o trabalho daquele que deveria ser figura de respeito na nossa sociedade, a figura do professor, por outro lado está o Ministro da Educação e toda a sua pompa em afirmar miseravelmente que um professor se forma em dois anos numa Universidade. Não fazemos a mínima ideia onde o ministro obteve o seu diploma nem quanto tempo demorou para o concluir, porém, um professor necessita neste momento de quatro a cinco anos para puder lecionar, obtendo o grau de mestre, pois uma licenciatura, infelizmente já não é o suficiente para trabalhar numa escola pública, e tudo isto para justificar uma futura “formação instantânea” de professores no sul do país onde é notável o défice de professores e que cada vez mais esta realidade assombra os alunos e famílias, colocando o futuro pedagógico e profissional dos alunos em risco.

Assim constatamos que o próprio Ministro da Educação desconhece a realidade dos professores, das escolas e contextos sociais e educativos, fantasiando o próprio pelouro e brincando de inovar o ensino com projetos cada vez mais inoperáveis, dificultando a vida dos professores e alunos, pois com tanto projeto, tanta mudança, tanta burocracia, é impossível trabalhar dentro de uma sala de aula, com foco único para a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, contribuindo para a sua realização como pessoas e futuros adultos independentes, autónomos e capazes de contribuir para a sociedade de forma positiva. Estas alterações ocorrem desde o tempo do Governo de Sócrates, na pessoa da antiga Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues que decidiu a seu próprio entendimento “declarar guerra” aos professores, principalmente

aos professores do 1o Ciclo do Ensino Básico. Depois disso, alterações e mais alterações foram efetuadas para desmontar a figura do professor e torná-lo “inimigo dos alunos e das famílias”. Mas o que podemos esperar de um Governo à esquerda? O objetivo deste tipo de Governo é acabar pouco a pouco com os valores familiares, com a Educação em si e com o pensamento autónomo, “criando ovelhas obedientes e dependentes do Estado, quer socialmente quer financeiramente”. Se o professor não tem tempo para ensinar os alunos a pensar, a evoluir e descobrir suas potencialidades, a desafiar-se a si próprio, assumindo o papel de scaffolding como Vygotsky nos elucida na sua Teoria de “Zone of Proximal Development” será mais fácil controlar a sociedade e manter o Sistema atual intacto.

O que mais surpreende é que o desgaste da Educação já existe a muito tempo, mas só após o término do “casamento entre PS, PCP, BE; PAN e LIVRE” é que os professores acordaram para a vida…Mas há que questionar o porquê nenhum deles fez algo pelos professores enquanto compactuavam com as decisões do Governo do partido socialista em todos os aspetos? Será que estão tão interessados na defesa dos interesses dos professores? Ou todas as manifestações organizadas pela esquerda serão como “palavras ao vento” só para garantir votos numas próximas eleições? Caso para se pensar no assunto.

Convém também salientar que no que concerne à falta de professores em certas zonas do país, facto que tanto preocupa pais, alunos e direções de agrupamentos de escolas, podemos afirmar que não depende somente de mudanças a nível de concursos de professores, pois a mudança foi um facto, com a vinculação dinâmica, mas que apenas serviu para vincular professores em zonas onde a oferta de trabalho é escassa e colocar profissionais da educação a repensar a sua vida, a sua profissão e a colocar numa balança a vida profissional e a vida pessoal. E mesmo depois de tantas mudanças, continuamos com falta de professores e outros em lista de espera, pois o Estado não auxilia nas despesas de transporte, habitação entre outros, e como prova, todos os dias assistimos a reportagens alusivas a essa realidade, pois com o salário de um professor é praticamente impossível trabalhar no sul do país ou na capital, pois isso significaria “pagar para trabalhar”, o que já aconteceu e acontece a muitos colegas de profissão.

A Educação/Ensino, como base fundamental da nossa sociedade caiu no esquecimento, e aquela que deveria ser prioridade para o Governo está envolta em lutas, polémicas e tudo isso sem resposta por parte de um ministro que demonstra não conhecer de todo a realidade das nossas escolas ou da vida de um professor.

Poderá o amor à Educação, ao Ensino em Portugal fazer com que os professores continuem a lutar? Ou continuarão a evitar por medo, a mudança necessária ao país para que o Ensino volte a ter qualidade e foco no que realmente é importante? Até quando os professores vão continuar a ser enganados pela esquerda do nosso país, cujo interesse é apenas controlar a sociedade através da Educação? O medo paralisa-nos, não nos faz raciocinar corretamente. Se pararmos para pensar, se deixarmos de ser “mais uma ovelha no meio de um rebanho” vamos entender que a Educação/Ensino necessita de uma reestruturação, onde se respeite a figura do professor, a escola, as famílias e os valores de cada uma, e principalmente onde se respeite o aluno como pessoa individual, capaz e autónomo, com pensamento individual e sonhos, e ter sempre presente que uma Sociedade depende da Educação/Ensino e não é a Educação/Ensino que depende da Sociedade.

O que temos observado é que ao longo dos anos já ninguém se importa com a Educação, ninguém dá valor ao professor e se algum partido da oposição de esquerda se lembra dos professores é sempre com intenções vazias e para dar show na comunicação social, infelizmente somos como marionetas nas mãos dos partidos políticos que nos governaram ou que estiveram até agora com assento na casa da democracia. A prova disso é que este ano letivo, muitos estudantes que ingressaram no Ensino Superior mostraram que a Educação, não é uma opção de futuro como profissão e isso só demonstra que não estamos no bom caminho.

Focando no cerne da questão, o que esperar este ano letivo? mais luta? mais manifestações? mais greves? Quem vai ser mais prejudicado, o Governo e um Primeiro Ministro que só demonstra desprezo pela profissão docente, ou os alunos e famílias? Será que vale a pena continuar a lutar com os sindicatos na linha da frente e depois em reunião com o Ministro ficar tudo igual ou pior?

Ou podemos usar as melhores “armas” que temos que são a inteligência, os valores e o voto para acabar de uma vez por todas com este ciclo?

Enquanto isso, os professores vão fazendo o seu trabalho com maestria, excelência e fechando os olhos e ouvindo aquilo que a comunicação social e o Governo quer que saibamos, que não hã opção melhor que a esquerda, que a direita é um “bicho papão” e que não apresenta solução para os problemas dos professores! Porém, o país está a acordar e a descobrir aos poucos que o “bicho papão” não existe, o que existe é a opção de mudança, que assusta muitos, mas que motiva os corajosos e alimenta o sonho de um futuro promissor, onde a Educação e o Professor sejam respeitados e motivados a fazer aquilo que sabem melhor.

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