Itália volta a bloquear navio de resgate de migrantes ‘Open Arms’

As autoridades italianas decretaram novo bloqueio durante 20 dias ao navio humanitário ‘Open Arms’, da organização não-governamental (ONG) espanhola com o mesmo nome, por realizar vários resgates quando navegava em direção ao porto para desembarcar migrantes.

© Facebook Open Arms

 

O navio humanitário, que já estava sancionado há um mês, realizou três operações no último sábado em águas internacionais, tendo, nas duas primeiras, resgatado 33 e 36 pessoas que viajavam em dois barcos “em condições perigosas e sem equipamento de resgate”.

Mais tarde, e depois de ter sido autorizado a ir para o porto de Génova (nordeste), recebeu aviso urgente de que um navio lotado estava em perigo, e por ser o navio mais próximo dirigiu-se ao local, salvando 109 pessoas, 94 delas menores não acompanhados, explicou o capitão do ‘Open Arms’.

O barco da ONG, que atuou “informando sempre as autoridades italianas em tempo real”, dirigiu-se a Marina de Carrara, o novo porto atribuído, onde desembarcou as 176 pessoas resgatadas, incluindo 94 crianças não acompanhadas, e onde há um mês também foi bloqueado e multado.

A ONG, que também agora foi multada em 10 mil euros, considerou inaceitável esta decisão, tomada após seis horas de interrogatório ao chefe da missão e ao capitão do navio, e lamentou que o seu único “crime” foi “salvar 176 vidas em perigo”, disse, em comunicado hoje divulgado.

“Consideramos verdadeiramente inaceitável que tenhamos que sofrer um segundo arresto por termos feito o nosso trabalho, ou seja, por termos respeitado as convenções internacionais e o Direito do Mar”, criticou a organização humanitária.

“Lembramos que é dever do capitão de qualquer navio prestar ajuda aos náufragos em perigo de vida e que a omissão de resgate é, de facto, um crime grave punível por lei”, sublinhou.

A ONG acrescentou ainda que “todas as pessoas resgatadas se encontravam em condições extremas de vulnerabilidade, afetadas física e psicologicamente” e referiu que muitos dos migrantes em perigo eram “rapazes entre os 14 e os 16 anos [afetados] pela viagem, pela violência sofrida e pelo facto de estarem longe das famílias”.

Descrevendo o papel da Guarda Costeira como “muito triste e dececionante”, o fundador da ONG, Oscar Camps, considerou “ridículo que os socorristas profissionais sejam sancionados e bloqueados por terem respondido a um ‘mayday’ em águas internacionais”.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, líder de um Governo de coligação entre a direita e a direita-radical, comemorou na quarta-feira o facto de a posição italiana “ter prevalecido” sobre o acordo entre os países da União Europeia para o Pacto Europeu sobre Migração e Asilo, ao ter sido retirada uma alteração apresentada pela Alemanha sobre as ONG e depois de a Itália ter interrompido as negociações na semana passada.

Segundo os últimos dados oficiais, mais de 135 mil migrantes chegaram a Itália desde o início do ano, um aumento de quase 50% face aos 72 mil no mesmo período de 2022, impulsionados pela crise na Tunísia, de onde milhares dos subsaarianos estão em fuga.

Últimas do Mundo

Um menino de dois anos foi esfaqueado mortalmente pelo irmão de seis anos na sua casa, em Joliet, no Estado de Illinois, a sudoeste de Chicago, anunciou hoje a polícia.
A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, cujo país preside ao G7 este ano, assegurou hoje ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a centralidade do apoio à Ucrânia no grupo das sete democracias mais poderosas.
A polícia da Indonésia anunciou a detenção de sete pessoas suspeitas de planearem um ataque ao papa durante a visita de Francisco ao país, que terminou na sexta-feira.
O pai do adolescente acusado de abrir fogo numa escola secundária no estado norte-americano da Geórgia (sudeste), e de matar quatro pessoas, foi acusado de permitir que o filho possuísse uma arma, disseram as autoridades.
Quase 1,6 milhões de venezuelanos receberam assistência da ONU, entre janeiro e julho de 2024, através de diferentes organizações locais e internacionais, segundo um relatório divulgado hoje pelo Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).
O Uruguai decidiu na segunda-feira juntar-se a seis países que pediram ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para investigar a alegada responsabilidade do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em crimes contra a humanidade.
O Governo da Nova Zelândia anunciou hoje um aumento de 285% na taxa de entrada de turistas a partir de outubro, um imposto destinado a ajudar a manter os serviços públicos e a preservar o património.
Mais de 25.500 pessoas chegaram às ilhas Canárias desde o início do ano de forma irregular, em embarcações precárias conhecidas como 'pateras', um aumento de 123% em relação a 2023, revelou hoje o Governo de Espanha.
O Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, manifestou-se hoje “horrorizado” com a morte dos seis reféns que estavam em cativeiro na Faixa de Gaza desde outubro de 2023 e pediu um cessar-fogo.
Três polícias israelitas, incluindo uma mulher, foram hoje mortos num “ataque armado” no sul da Cisjordânia ocupada, anunciou o comandante da polícia israelita neste território palestiniano onde o exército israelita conduz uma vasta operação “antiterrorista”.