Estónia é “história de sucesso” na UE e tem hoje voz que URSS calou

A primeira-ministra da Estónia defendeu, em entrevista à Lusa, que o país é uma “história de sucesso” no alargamento da União Europeia (UE) e que hoje tem a voz que durante décadas a União Soviética silenciou.

© Facebook de Kaja Kallas

“Olhando para os últimos 20 anos [desde a adesão em 01 de maio de 2004], quase parece um período curto, mas atravessámos um processo de reformas bastante difíceis, já desde que recuperámos a nossa independência [com a dissolução do bloco soviético] em 1991”, disse Kaja Kallas, em entrevista à agência Lusa.

A primeira-ministra da Estónia revelou que desde a adesão à UE em 2004 “o salário médio aumentou 45 vezes, a pensão média aumentou 60 vezes e os preços, durante este período, aumentaram pouco mais de cinco vezes”.

“A prosperidade aumentou para a nossa população, assim como o nosso Produto Interno Bruto [PIB]. Por isso, de facto, somos uma história de sucesso no alargamento. Ser europeus está na nossa essência”, completou Kaja Kallas.

“Já o éramos [europeus] antes da ocupação, mas ficámos um pouco esquecidos por detrás da Cortina de Ferro”, argumentou, rejeitando, por essa razão, o discurso utilizado pelos partidos políticos tendencialmente nacionalistas que descrevem o que acontece “lá na Europa”, como o Partido Popular Conservador, de Martim Helme.

A primeira-ministra sustentou que a Estónia “faz tanto parte da Europa quanto Espanha, Portugal, França ou, por exemplo, a Alemanha”.

Kaja Kallas acrescentou que duas décadas depois do último grande alargamento, os países do Báltico, particularmente a Estónia, têm uma voz, que durante meio século foi silenciada, fruto das pretensões de Moscovo.

Mas os contextos díspares, na sua opinião, fazem uma União Europeia mais completa e coesa.

“Todos os países europeus acrescentam algo valioso. Há experiências históricas, geográficas diferentes e forças também distintas. Mas usemos isso tudo em prol da Europa. Para nós, ser escutados e tratados como iguais é valiosíssimo. Não tivemos voz durante 50 anos, por isso, valorizamos muito o que temos hoje”, explicou, reconhecendo que o país tenta “não abusar” nas reivindicações que faz.

A proximidade à Rússia fez com que o país ganhasse outra relevância depois da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, e a Estónia quer apresentar-se como um “parceiro construtivo para encontrar compromissos e soluções”.

Kaja Kallas, de 46 anos, é primeira-ministra da Estónia desde janeiro de 2021 e é a primeira mulher a desempenhar estas funções. Em 2011 iniciou a carreira política enquanto deputada no Riigikogu (parlamento da Estónia) e foi eurodeputada na anterior legislatura.

A primeira-ministra encabeça também o Partido Reformista da Estónia e é uma das vozes dentro da UE que mais tem insistido na necessidade de fazer os possíveis para que a Ucrânia derrote a Rússia.

Os apelos que Zelensky faz desde o início da invasão russa receberam sempre uma ‘luz verde’ rápida de Kaja Kallas, que também tem uma posição mais dura do que a maioria dos países do bloco comunitário.

Apontada em 2023 como a possível sucessora de Jens Stoltenberg na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), a ideia desvaneceu, entretanto, com a formalização da candidatura do homólogo dos Países Baixos, Mark Rutte, que Tallinn endossou.

Mas as críticas a Moscovo e o ‘punho de ferro’ de Kaja Kallas não passaram despercebidas e em fevereiro deste ano o Kremlin colocou-a na ‘lista de procurados’ pela “destruição e danos provocados de monumentos aos soldados soviéticos”.

Últimas do Mundo

O ataque de hoje contra um autocarro em Jerusalém causou seis mortos e vários feridos, segundo um novo balanço das autoridades israelitas.
O Papa Leão XIV pediu hoje aos jovens para não desperdiçarem as suas vidas, ao discursar na canonização de Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis, este o primeiro santo 'millenial', já considerado padroeiro da Internet.
O estilista Giorgio Armani morreu aos 91 anos, anunciou hoje o Grupo Armani, em comunicado.
A defesa de Jair Bolsonaro afirmou hoje que não há "uma única prova" que ligue o ex-Presidente brasileiro a qualquer tentativa de golpe de Estado e afirmou que o arguido delator "mentiu".
O GPS do avião utilizado pela presidente da Comissão Europeia numa visita à Bulgária foi alvo de interferência e as autoridades búlgaras suspeitam que foi uma ação deliberada da Rússia.
Mais de 800 pessoas morreram e cerca de 2.700 ficaram feridas na sequência de um sismo de magnitude 6 e várias réplicas no leste do Afeganistão na noite de domingo, anunciou hoje o Governo.
Pelo menos três civis morreram e seis ficaram feridos em ataques russos na região ucraniana de Donetsk nas últimas 24 horas, declarou hoje o chefe da administração militar regional, Vadim Filashkin, na rede social Telegram.
Um navio de guerra norte-americano entrou no canal do Panamá em direção às Caraíbas, testemunhou a agência France-Presse, numa altura em que os planos de destacamento militar de Washington naquela região está a provocar a reação venezuelana.
O número de fogos preocupantes em Espanha desceu de 12 para nove nas últimas 24 horas, mas "o final" da onda de incêndios deste verão no país "está já muito próximo", disse hoje a Proteção Civil.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, denunciou que mísseis russos atingiram hoje a delegação da União Europeia (UE) em Kyiv, na Ucrânia.