As eleições europeias, do dia 9 de junho, vieram confirmar a grande viragem à Direita na Europa, a Esquerda venceu minoritariamente apenas em dois países (Portugal e Roménia). Populares, Socialistas e Liberais parecem ainda conseguir suportar a Comissão Europeia e Úrsula von der Leyen, no entanto só após a tomada de posse e os rearranjos parlamentares o podem confirmar. Em França o governo caiu e na Alemanha poderá cair brevemente, com a provável desagregação da coligação que sustenta o governo.
Relativamente aos Grupos Parlamentares Europeus, o PPE (Partido Popular Europeu – onde está a AD – PSD/CDS/PPM) conseguiu mais oito mandatos, uma vitória tangencial para as futuras negociações para a Comissão Europeia. Ainda não sabemos o que vai fazer Victor Órban, do Fidesz-KDNP vencedor na Hungria com onze mandatos, se vai manter o seu partido no PPE ou não.
A S&D (Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas) manteve exatamente o mesmo número de mandatos, o que lhe permite respirar de alívio. A muito parca vitória em Portugal nem foi notícia na Europa
O Renovar Europa (Liberais) teve uma derrota pesada, perdeu vinte e três mandatos. O resultado em Portugal, dois mandatos para a IL, soube a muito pouco perante a derrota assumida na Europa.
O Reformistas e Conservadores Europeus (ECR – Conservadores) aumentou quatro mandatos, não tem representação em Portugal.
O Identidade e Democracia (ID) foi o grupo que mais cresceu, nove mandatos atribuídos. Os dois mandatos do CHEGA vão integrar este grupo.
O Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia (Verdes) teve também uma derrota pesada, perdeu dezoito mandatos, não tem representação em Portugal.
A Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde, grupo parlamentar europeu, perdeu um mandato. Os mandatos atribuídos ao BE e à CDU vão integrar o mais pequeno e irrelevante grupo do Parlamento Europeu. Só a comunicação social portuguesa ainda dá alguma importância a este grupo.
Importa destacar que existem cem mandatos não distribuídos pelos grupos parlamentares, cinquenta e cinco são de novos partidos, quase todos de Direita Radical e que previsivelmente vão engrossar o ID e os Conservadores.
Relativamente aos grandes países europeus, importa destacar a vitória da Afd na “Alemanha de Leste” a poucos meses das eleições regionais nos estados alemães da Turíngia, Saxônia e Brandemburgo. O que provoca uma enorme pressão na já muito frágil coligação “semáforo” (Socialistas, Liberais e Verdes). A vitória de Marine Le Pen (Rassemblement National) em França provocou a convocação imediata de eleições legislativas e a vitória de Giorgia Meloni (Fratelli d’Italia) em Itália completam o quadro. Na Áustria o FPÖ (Partido da Liberdade da Aústria) venceu as eleições tal como o Vlaams Belang (VB) na Bélgica, nos Países Baixos o PVV (Partido da Liberdade) de Geet Wilders foi a segunda força política e o PiS (Lei e Justiça) ficou também em segundo lugar na Polónia. Se o anterior mandato de Úrsula von der Leyen não foi fácil, este será ainda mais difícil.
A Península Ibérica voltou a divergir da Europa, pois ainda parece ser o último reduto socialista europeu. A ascensão do VOX a terceira força política e nem mesmo a eleição de três mandatos do SALF (Se Acabó La Fiesta), um novo partido de Direita, conseguiram alterar este paradigma.
Uma nota final relativa a Portugal, CHEGA e IL foram os grandes vencedores da noite pois cresceram de zero mandatos para dois mandatos cada um. A IL iniciou a noite a festejar e acabou em quarto lugar. O PS obteve menos votos que o CHEGA nas últimas eleições legislativas e menos um mandato que em 2019. A AD obteve o mesmo número de mandatos se somarmos (PSD e CDS em 2019). PAN, BE e CDU perderam todos um mandato relativamente a 2019. Infelizmente o grande vencedor, em Portugal, foi a Abstenção!!!