O texto do diploma foi hoje proposto pela ministra do Interior, a social-democrata Nancy Faeser, na reunião do conselho de ministros do chanceler alemão, Olaf Scholz, numa reação ao ataque que fez um morto e vários feridos em Mannheim, no oeste do país.
Horas antes, Faeser tinha afirmado, em declarações ao Funke Mediengruppe (o terceiro maior grupo de comunicação social alemão), que “quem não tem passaporte alemão e glorifica atos terroristas aqui deve, sempre que possível, ser expulso e deportado”.
Estas palavras da ministra do Interior foram secundadas pelo vice-chanceler e ministro da Economia, o ecologista Robert Habeck, que declarou, após a reunião do conselho de ministros, que “quem troçar da ordem liberal de base celebrando assassínios terríveis perde o direito a ficar” na Alemanha.
“Quem aprovar atos terroristas e os promover deve ir-se embora (…) o Estado tem grande interesse em deportá-los”, sublinhou Habeck, recordando que “o Islão tem um lugar na Alemanha, o islamismo não”.
Para Nancy Faeser, “não há, no nosso país, lugar para os agitadores islamitas que mentalmente vivem na Idade da pedra”.
“Estamos a tomar fortes medidas contra os crimes de ódio islamitas e antissemitas na Internet”, acrescentou.
A ministra do Interior alemã emitiu tais declarações antes de precisar que, na Alemanha, não só houve pessoas que festejaram nas redes sociais “os bárbaros ataques terroristas do [movimento islamita palestiniano] Hamas contra Israel”, perpetrados em outubro do ano passado, como também se registou um “terrível ataque islamita com arma branca em Mannheim, no qual morreu o jovem polícia Rouven Laur”.
Esse ataque, ocorrido há um mês, fez também seis pessoas feridas, entre os quais o seu autor, um afegão de 25 anos que irrompeu num evento público de uma organização crítica do Islão.
Desde o ataque do Hamas contra Israel, a 07 de outubro, as autoridades alemãs intervieram para apagar mais de 10.700 mensagens de ódio nas redes sociais, segundo dados do Departamento Federal de Polícia Criminal (BKA, na sigla em alemão).
Posteriormente, numa conferência de imprensa, a ministra respondeu às críticas de que os seus planos podem estar em conflito com o direito à liberdade de expressão.
“Não é esse o caso, porque estamos a falar de casos claros de incitação ao ódio e glorificação do terrorismo, que são crimes contemplados no Código Penal. Não se trata de casos em que alguém ponha um ‘like’ numa ou noutra mensagem”, explicou.