ONU descreve situação humanitária desastrosa em Gaza

O exército israelita enfrentou hoje os combatentes do Hamas no norte da Faixa de Gaza, onde as condições dos habitantes "são desastrosas", segundo a agência da ONU para os refugiados palestinianos.

© Facebook da United Nations

 

O chefe da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), Louise Wateridge, descreveu hoje as condições de vida no território palestiniano como desastrosas.

Os habitantes vivem nas ruínas de edifícios ou em tendas à volta de um enorme monte de lixo, afirmou aos jornalistas em Genebra, através de uma videoconferência a partir do centro da Faixa de Gaza.

Desde quinta-feira que o exército israelita está a realizar uma operação em Choujaïya, um bairro a leste da cidade de Gaza, onde afirma estarem localizadas “infraestruturas terroristas”.

Na sexta-feira, a Defesa Civil comunicou “numerosas mortes” e a fuga de “dezenas de milhares de civis”, depois de um apelo do exército à evacuação do bairro.

Durante a madrugada de sexta-feira e hoje de manhã, os jornalistas da AFP ouviram explosões, ataques aéreos e tiros vindos da zona.

“Nas ruas, as pessoas estavam em pânico, aterrorizadas (…) Toda a gente abandonava Choujaïya”, contou Samah Hajaj, de 42 anos.

“Não sabemos porque é que eles [soldados israelitas] entraram em Choujaïya, uma vez que já tinham destruído as casas”, acrescentou.

Também na cidade de Gaza, a Defesa Civil afirmou que quatro corpos e seis feridos tinham sido retirados dos escombros de um edifício, que foi atingido por um ataque israelita.

No centro do território palestiniano, onde o exército israelita afirmou ter eliminado “muitos combatentes”, os habitantes limpam os escombros no campo de refugiados de Maghazi, depois de um ataque noturno a uma casa ter atingido um centro médico.

“A farmácia, o serviço de oftalmologia e o serviço de urgência ficaram completamente destruídos. Tudo o que resta são escombros”, afirmou à AFP o diretor do centro médico, Tarek Qandeel.

Mais a sul, perto de Rafah, foram também encontrados cinco corpos na sequência de um bombardeamento, segundo os médicos.

O exército israelita prossegue as operações em Rafah, na fronteira com o Egipto, onde afirma ter eliminado “numerosos terroristas”.

A oeste de Rafah, várias testemunhas relataram mortes e ferimentos entre os deslocados no campo de Shakush, na sequencia de uma nova incursão do exército israelita.

Os receios de que o conflito possa alastrar ao Líbano foram recentemente agravados pela escalada entre Israel e o Hezbollah, um aliado do Hamas.

Desde 07 de outubro, que as duas partes têm trocado disparos quase diariamente na zona fronteiriça, o que obrigou milhares de pessoas a fugir.

Durante o ataque do Hamas em solo israelita 251 foram raptadas, 116 estarão ainda detidas em Gaza e 42 morreram, segundo Israel.

A ofensiva israelita na Faixa de Gaza causou até agora 37.834 mortos, a maioria dos quais civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, liderado pelo Hamas.

A guerra provocou uma catástrofe humanitária no território palestiniano sitiado de 2,4 milhões de habitantes. Mais de metade dos habitantes foi deslocada e escasseiam a água, os alimentos e o sistema de saúde.

Dos 36 hospitais em Gaza, 32 foram atingidos pelos ataques e 20 estão atualmente fora de serviço, segundo dados divulgados na sexta-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Últimas do Mundo

Os ataques israelitas a Gaza nas últimas 48 horas fizeram mais de 90 mortos, adiantou o Ministério da Saúde do enclave palestiniano, com Israel a intensificar a investida para pressionar o Hamas a libertar os reféns e desarmar.
O Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou às suas tropas que observem um cessar-fogo na Ucrânia na Páscoa, a partir das 15:00 (hora de Lisboa) de hoje até domingo à noite, e instou Kiev a fazer o mesmo.
Os aviões Boeing 737 Max recusados por companhias aéreas chinesas já começaram a voar de regresso aos Estados Unidos, num momento em que se agrava a guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais.
O Presidente norte-americano, Donald Trump anunciou esta sexta-feira estar em curso uma revisão profunda do sistema da função pública, que lhe dará poder para contratar e despedir diretamente até 50.000 empregos reservados a funcionários federais de carreira.
A polícia antiterrorismo italiana anunciou hoje a detenção de um cidadão tunisino suspeito de ter ligações ao grupo Estado Islâmico (EI) e que, segundo as autoridades, planeava um atentado em Itália.
Duas pessoas morreram e seis ficaram feridas num tiroteio na Universidade da Florida e o atirador, já detido, é um estudante da universidade, segundo o chefe da polícia da universidade, Jason Trumbower.
A polícia turca deteve 525 suspeitos de tráfico de droga durante a madrugada de hoje em Ancara, no que o ministro do Interior, Ali Yerlikaya, disse ser a "maior operação de narcóticos" realizada na Turquia.
Um adolescente sueco foi acusado na Austrália de utilizar aplicações (app) de comunicação encriptadas para facilitar assassinatos por encomenda na Suécia e na Dinamarca, anunciaram hoje as polícias dos três países.
O Tribunal Supremo do Reino Unido decidiu hoje que a definição de mulher na legislação britânica sobre a igualdade de género deve ser baseada no sexo biológico, excluindo mulheres transgénero.
A Presidente do México, Claudia Sheinbaum, indicou hoje que o seu Governo está a preparar-se para receber os cidadãos regressados dos Estados Unidos, após a decisão do homólogo norte-americano, Donald Trump, de aumentar as deportações.