Ministra da Cultura garante que não foram identificados bens culturais apropriados indevidamente

A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, garantiu hoje que não foi identificado nenhum bem cultural que tenha sido “apropriado indevidamente” e que qualquer decisão de devolução terá de ser sem impor condições.

© site do Governo de Portugal

Numa audição parlamentar, requerida pelo Chega sobre a eventual devolução de obras de arte às ex-colónias portuguesas, Dalila Rodrigues revelou que vai ser feito um inventário de bens culturais apropriados do Museu Nacional de Etnologia (MNE), o museu onde está a maioria deste tipo de bens.

Segundo a ministra, no MNE existem 14.685 bens culturais apropriados, “todos eles documentados de uma forma muito superficial”, e que é preciso fazer um inventário “rigoroso e aprofundado”, com a participação de universidades e centros de estudo.

“Fazer uma lista é um ato de catalogação. nós temos essa lista, sabemos que bens foram provenientes das ex-colónias e que estão fundamentalmente no Museu Nacional de Etnologia. (…) A restituição de bens apropriados indevidamente remete-nos para um imperativo de realizarmos missões de investigação”, disse Dalila Rodrigues.

Para a ministra da Cultura, o Museu Nacional de Etnologia é “o centro para o debate” e o inventário começará assim que houver “condições de mobilizar universidades e centros de estudos”.

“Até ao presente, os estudos realizados do ponto de visa da apropriação não dão conta de nenhum bem cultural que esteja em condições de restituição”, disse.

Dalila Rodrigues, que tomou posse em abril, juntamente com a secretária de Estado da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro, revelou ainda que também já foi enviado para os museus, monumentos e palácios tutelados, um inquérito para ter conhecimento sobre bens culturais provenientes das antigas colónias portuguesas.

Sobre a possibilidade de devolução de bens culturais aos países de origem, nomeadamente no contexto das ex-colónias, a ministra da Cultura afirmou que “não se pode impor condições de receção se houver obras a devolver”.

“Não podemos impor condições de restituição. É uma forma de paternalismo. (…) Podemos e devemos estabelecer missões, campanhas de cooperação em capacitação nas área do património, dar a países de onde proveem os bens ações de conservação e restauro, de exposição”, disse.

A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, está a ser ouvida hoje no parlamento, sobre a eventual devolução de bens às ex-colónias portuguesas e sobre as exonerações e nomeações de responsáveis pelo património cultural.

A audição na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto é a primeira de Dalila Rodrigues enquanto ministra da Cultura, depois de ter tomado posse em abril, e resulta de dois requerimentos apresentados em maio pelo Chega e pelo PS.

A 18 de maio, no Dia Internacional dos Museus, Dalila Rodrigues, já como ministra da Cultura, disse aos jornalistas que, “se existir algum bem cultural que tenha sido apropriado indevidamente, do ponto de vista ético”, os portugueses devem “proceder à sua devolução”, e garantiu que o Governo estava a trabalhar numa lógica de cooperação.

Em abril, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que o país deve liderar o processo de assumir e reparar as consequências do período do colonialismo e sugeriu como exemplo o perdão de dívidas, cooperação e financiamento.

Últimas de Política Nacional

O conselho diretivo de cada Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) vai passar a ter cinco vice-presidentes indicados pelo Conselho de Ministros, segundo um decreto-lei publicado.
O Presidente da República criticou hoje a demora do parlamento em eleger os conselheiros de Estado, frisando que já espera há seis meses, e disse ter convocado uma reunião do órgão consultivo porque a Ucrânia “é um tema fundamental”.
Candidato presidencial recorre da decisão que manda retirar cartazes com a frase “Os ciganos têm de cumprir a lei” e acusa os tribunais de impor uma ‘mordaça’ à liberdade de expressão em campanha eleitoral.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou o Conselho de Estado para 9 de janeiro para analisar a situação internacional e, em particular, na Ucrânia. A informação consta de uma nota divulgada esta terça-feira no site da Presidência da República.
Exigir que todos cumpram a lei passou a dar multa. O Tribunal Local Cível de Lisboa mandou retirar os cartazes de André Ventura e proibiu o candidato presidencial de repetir a mensagem, numa decisão que Ventura considera ser censura política.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou hoje os decretos da lei da nacionalidade, na sequência das inconstitucionalidades decretadas pelo Tribunal Constitucional, devolvendo-os à Assembleia da República.
O candidato presidencial Luís Marques Mendes divulgou hoje uma lista com os 22 clientes da sua empresa, na qual se encontram prestações de serviços em consultoria, comentários e participações em conferências, e que inclui a construtora de Famalicão Alberto Couto Alves.
A Autoridade Tributária classificou como “antiga” uma moradia reconstruída em 2024 pertencente ao ministro da Presidência, António Leitão Amaro, permitindo-lhe pagar menos de metade do IMI devido.
Luís Marques Mendes encerrou a sua empresa familiar e mantém silêncio sobre clientes, contactos e serviços que lhe renderam centenas de milhares de euros.
Foi distinguido oficialmente pelo Estado, elogiado em Diário da República pela ex-ministra da Justiça e apresentado como um quadro exemplar da governação. Meses depois, Paulo Abreu dos Santos está em prisão preventiva, suspeito de centenas de crimes de pornografia de menores e de abusos sexuais contra crianças.