Macron aceitou demissão do governo, limitado a assuntos correntes

O Presidente francês, Emmanuel Macron, aceitou hoje a demissão do governo liderado por Gabriel Attal, que passará a tratar dos “assuntos correntes do Estado” até formação e posse de novo executivo, indicou hoje a Presidência.

© facebook.com/EmmanuelMacron

Attal, empossado como primeiro-ministro a 09 de janeiro deste ano, deve juntamente com os outros membros do governo “tratar dos assuntos correntes até à nomeação de um novo governo”, refere o comunicado do Eliseu.

Não existe um prazo definido para que Macron nomeie um novo primeiro-ministro, na sequência da segunda volta das eleições legislativas que deram a vitória, sem maioria, à coligação de esquerda Nova Frente Popular, à frente dos partidos que apoiam Macron.

O primeiro-ministro, agora interino, apresentou a demissão na semana passada, depois de um resultado eleitoral que deixou o parlamento fraturado ter deixado o governo no limbo.

Macron pediu-lhe que se mantivesse temporariamente como chefe do governo, enquanto se aguarda uma nova decisão, numa altura em que a França está prestes a organizar os Jogos Olímpicos de Paris.

No entanto, Attal deverá, segundo analisa a agência noticiosa France-Presse (AFP), manter-se à frente dos assuntos correntes durante “algumas semanas”, presumivelmente até ao fim do período sensível dos Jogos Olímpicos, que se realizam em França, de 26 de julho a 11 de agosto.

Ao final da manhã de hoje, o governo, liderado por Macron, realizou a sua primeira reunião do Conselho de Ministros no Palácio do Eliseu desde as eleições legislativas antecipadas convocadas pelo chefe de Estado após a derrota retumbante do seu partido nas eleições europeias do início de junho.

Nas legislativas, a coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) obteve o maior número de lugares, mas não conseguiu ter maioria absoluta na Assembleia Nacional, que está agora dividida em três blocos: o NFP (190 a 195 lugares), seguido do campo presidencial de centro-direita (cerca de 160 lugares) e da direita radical e seus aliados (143 lugares).

Macron deu a entender no Conselho de Ministros de hoje que esta situação de um governo demissionário – com um papel político mínimo – poderia “durar algum tempo”, “algumas semanas”, provavelmente até, pelo menos, ao fim dos Jogos Olímpicos, de acordo com participantes entrevistados pela AFP.

Esta nova configuração permitiria assegurar “em nome da continuidade, o funcionamento mínimo do Estado francês”, explica uma nota da Secretaria-Geral do Governo (SGG) datada de 02 de julho.

Entretanto, os partidos de esquerda franceses chegaram a acordo sobre uma candidatura única à presidência da Assembleia Nacional, anunciou hoje o líder do Partido Socialista (PS) francês, Oliver Faure, que não adiantou, contudo, o nome acordado.

“Chegámos a acordo sobre uma única candidatura à presidência da Assembleia Nacional”, disse Faure aos jornalistas na sede do parlamento, evitando dar o nome ou a filiação do candidato, por considerar que isso é algo que corresponde “aos presidentes dos grupos parlamentares” dos quatro partidos, que negociaram.

O acordo foi obtido depois de os partidos que compõem a Nova Frente Popular (NFP, socialistas, comunistas, ecologistas e França Insubmissa (LFI) terem intensificado hoje os seus confrontos verbais devido à falta de consenso sobre um candidato ao cargo de primeiro-ministro.

O nível de desacordo chegou a tal ponto que o secretário nacional do Partido Comunista (PCF), Fabien Roussel, avisou hoje: “se não chegarmos a uma solução nos próximos dias, será um verdadeiro naufrágio”.

As declarações de Fabien Roussel foram feitas depois de o coordenador nacional do LFI, Manuel Bompard, ter rejeitado a proposta de Laurence Tubiana para o cargo de primeiro-ministro, apresentada pelos outros parceiros do NFP.

“É uma proposta que não me parece séria”, disse Bompard à France 2, na qual afirmou que a chegada de Tubiana à chefia do governo significaria “deixar entrar pela janela os ‘macronistas’ que foram afastados” nas eleições legislativas.

O LFI anunciou segunda-feira que estava a abandonar as negociações para chegar a acordo sobre um nome comum da esquerda para nomeação como primeiro-ministro, a apresentar a Emmanuel Macron.

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