Antes de mais importa relembrar o seu percurso. Podemos concordar ou discordar de tudo, mas algo que não podemos, de todo, é de contextualizar os acontecimentos e, especialmente, agradecer o trabalho realizado. Nada disto é incomparável com a crítica desde que a honestidade intelectual seja presença constante e permanente nas discussões. Isto é da mais elementar justiça.
Maria Luís Albuquerque ganhou visibilidade nacional quando assumiu o cargo de ministra de Estado e das Finanças em 2013, no governo de Pedro Passos Coelho. Esse foi um dos momentos mais críticos para o país, já que Portugal estava sob intervenção da troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), devido à crise da dívida soberana que assolava vários países europeus. A sua responsabilidade incluía a implementação de medidas de austeridade rigorosas para garantir que o país cumprisse as exigências do resgate financeiro internacional.
Durante o mandato, Maria Luís Albuquerque foi uma figura controversa, sendo tanto criticada por sindicatos e partidos da oposição, que a acusavam de implementar políticas que agravavam a desigualdade social, como elogiada por setores mais liberais e financeiros que reconheciam a sua firmeza na execução de reformas económicas. Entre as suas políticas mais conhecidas estavam cortes nos salários e pensões, aumento de impostos e reformas no setor público, o que levou a uma redução do défice público, mas também a um aumento do desemprego e à emigração de muitos portugueses.
Após a saída do governo em 2015, Albuquerque continuou a desempenhar um papel ativo no PSD (Partido Social Democrata). Ela foi eleita deputada na Assembleia da República, onde se destacou nas áreas de finanças e economia. Posteriormente, envolveu-se em diversas controvérsias, especialmente relacionadas à sua nomeação para o Conselho de Administração da Arrow Global, uma empresa de gestão de ativos e recuperação de crédito, o que gerou críticas sobre possíveis conflitos de interesse, dado o seu papel prévio no governo.
Além disso, Albuquerque tem sido uma defensora consistente das políticas de austeridade, argumentando que eram necessárias para garantir a sustentabilidade financeira do país a longo prazo. No entanto, os seus críticos apontam frequentemente os impactos sociais dessas medidas, como o aumento da pobreza e a pressão sobre os serviços públicos.
A ex-ministra mantém uma posição influente no cenário político português e é frequentemente convidada para falar sobre temas de economia, finanças e política europeia.
Maria Luís Albuquerque foi indicada pelo primeiro-ministro português, Luís Montenegro, como a representante de Portugal para o cargo de comissária europeia para o próximo mandato (2024–2029). A escolha de Albuquerque se deve à sua vasta experiência e perfil técnico, especialmente como ex-ministra das Finanças durante o período da troika, onde foi responsável por implementar medidas de austeridade durante a crise económica. Montenegro destacou que Albuquerque possui “qualidades e competências extraordinárias” e acredita que ela poderá representar e prestigiar Portugal na Comissão Europeia, ajudando a enfrentar os desafios económicos e de segurança da União Europeia.
Maria Luís Albuquerque é uma escolha considerada merecedora para o cargo de comissária europeia por várias razões ligadas à sua experiência e competências.
O Chega, por meio de André Ventura, expressou ceticismo sobre a nomeação de Maria Luís Albuquerque como comissária europeia. Ventura destacou que tanto Albuquerque quanto outras figuras associadas ao governo do PSD, como Miguel Pinto Luz, ficaram “fragilizados” pelas conclusões de auditorias relacionadas à TAP, levantando preocupações sobre a adequação de Albuquerque para o cargo de comissária europeia. O Chega sugere que o governo deveria ter mais prudência ao nomear figuras associadas a controvérsias passadas, especialmente no contexto de decisões políticas complexas.