PGR rejeita enviar cartas rogatórias para o Brasil para ouvir pai das gémeas

O Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) rejeitou enviar cartas rogatórias para o Brasil visando a audição do pai das gémeas luso-brasileiras e da companheira do filho do Presidente da República, após pedidos da comissão parlamentar de inquérito.

© Folha Nacional

De acordo com um parecer assinado pela ex-PGR Lucília Gago, ao qual a Lusa teve acesso, o inquérito parlamentar não tem poderes judiciais, não produzindo “efeitos na ordem jurídica internacional”.

No documento de 91 páginas, que foi solicitado por Lucília Gago “com urgência” em setembro, a PGR sustenta que entre Portugal e Brasil “não vigora nenhuma convenção internacional, bilateral ou multilateral, que preveja a extensão dos instrumentos de cooperação judiciária aos inquéritos parlamentares e aos poderes da investigação das comissões que os levam a cabo”.

A posição da PGR sobre as cartas rogatórias — pedidos a um país terceiro para efetuarem diligências – foi confirmada à Lusa depois de a informação ter sido avançada pela TVI/CNN Portugal.

Em setembro, Lucília Gago tinha solicitado “com urgência” um parecer sobre o pedido da comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas para que fossem enviadas cartas rogatórias ao Brasil visando a audição do pai das crianças e de Juliana Drummond, companheira de Nuno Rebelo de Sousa.

O presidente da comissão parlamentar de inquérito, Rui Paulo Sousa, disse à Lusa que o espírito de colaboração da PGR “foi completamente ignorado”.

“Tem sido ignorado desde o último parecer, no qual o PGR adjunto de um parecer favorável, falo sobre a questão comunicações — WhatsApp, etc. –, e depois mais tarde um novo parecer da própria PGR, onde diz tudo o contrário do parecer original. […] Agora, dizem que não satisfazem o nosso pedido”, realçou.

O também deputado do Chega indicou que “alguns dos argumentos” utilizados no parecer da PGR “são completamente absurdos”, quando o objetivo do pedido da comissão é “localizar testemunhas”.

“Já tentámos todos os meios — embaixadas e Ministério dos Negócios Estrangeiros — e foi impossível. O último meio que existe na lei é precisamente este”, observou.

Rui Paulo Sousa condenou ainda a justificação que a PGR dá ao não reconhecer o papel das comissões parlamentares de inquérito, dizendo que “gozam de poderes de investigação das autoridades judiciais”.

“As comissões têm direito à coadjuvação das autoridades judiciais, órgãos da polícia criminal, autoridades administrativas, nos mesmos termos que os tribunais e por aí fora. Portanto, o nosso pedido é perfeitamente legítimo”, disse, citando o artigo 13.º sobre os poderes das comissões.

O presidente da comissão referiu ainda que “o correto seria enviar para um tribunal, levar a um juiz com poder para decidir se dava deferimento ou indeferimento ao pedido”.

“Isso posso aceitar. Agora, o Ministério Público nem sequer levar o pedido é que eu acho que é mesmo uma falta total de colaboração com a comissão parlamentar de inquérito”, defendeu.

À Lusa, Rui Paulo Sousa lembrou que a comissão já está mandatada para as cartas rogatórias, acrescentado que vai “prosseguir com esse objetivo”.

“Já dei ordens nesse sentido há comissão, aos serviços jurídicos, para prepararem o envio direto do pedido para um tribunal, que poderá aceitar ou não. E se aceitar, levará a um juiz, que dirá se sim ou se não. Que era, no fundo, o que devia ter feito o Ministério Público”, vincou.

Últimas de Política Nacional

O Presidente do CHEGA manifestou-se esta quinta-feira "chocado" com o valor dos dois imóveis adquiridos pelo secretário-geral socialista, que estimou entre 1,3 e 1,4 milhões de euros, e exigiu saber se há fundos públicos na origem das aquisições.
O líder do CHEGA acusou o PCP de ser responsável por milhões de euros em despesa pública, apontando a criação de institutos, fundações, nomeações políticas e cargos autárquicos como principais causas.
O CHEGA lidera as intenções de voto na Área Metropolitana de Lisboa, com 28,8%, enquanto o PS e a AD perdem terreno, de acordo com a última sondagem da Aximage, para o Folha Nacional.
O IRS está a surpreender pela negativa. Muitos portugueses estão a receber menos e alguns até a pagar. André Ventura fala em “fraude” e acusa Montenegro de ter traído a promessa de baixar impostos.
O Ministério Público (MP) abriu uma averiguação preventiva no qual é visado o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, confirmou à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Se eu tenho uma má compreensão da Economia, deem-me uma oportunidade, porque o homem que está à minha frente destruiu a Economia”, afirmou André Ventura, que acusou Pedro Nuno Santos de ter sido responsável por “arruinar a TAP, a ferrovia e a CP”, apontando o dedo à gestão feita durante a sua passagem pelo Governo.
O líder parlamentar do CHEGA anunciou esta terça-feira que, na próxima legislatura, o seu partido vai apresentar uma proposta de comissão parlamentar de inquérito sobre os dados do Relatório de Segurança Interna (RASI), considerando que estão errados.
Luís Montenegro ocultou do Tribunal Constitucional (TC) três contas à ordem em 2022 e 2023, contrariando a lei n.º 52/2019.
O partido mantém-se em terceiro lugar, mas volta a subir nas sondagens, ultrapassando pela segunda vez a fasquia dos 20% e ficando agora a apenas oito pontos percentuais do partido mais votado.
Já são conhecidas as listas de candidatos a deputados do partido CHEGA para as próximas legislativas. Entre as alterações anunciadas, destaca-se a escolha de Pedro Frazão para encabeçar a candidatura em Aveiro — círculo onde irão concorrer também os líderes do PSD e do PS. O Presidente do partido, André Ventura, voltará a liderar a candidatura por Lisboa.