Refugiados venezuelanos por perseguição política aumentam no Brasil com reeleição de Maduro

O perfil dos refugiados venezuelanos que chegam ao Brasil mudou após a reeleição de Nicolás Maduro, com mais pessoas vulneráveis a fugir de perseguição política, afirmou à Lusa o representante do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).

© Facebook de Nicolas Maduro

“Verificamos uma mudança de perfil, com muito mais pessoas que chegam ao Brasil fugindo de perseguição política, violações dos direitos humanos, violência ligada à preferência política”, disse à Lusa Davide Torzilli, na Embaixada de Itália em Brasília, à margem de um evento sobre um projeto humanitário dedicado à proteção e inclusão socioeconómica de pessoas refugiadas e migrantes venezuelanas no Brasil.

De acordo com dados do Governo brasileiro, 94.726 refugiados venezuelanos chegaram ao Brasil em 2024, principalmente através da fronteira terrestre que liga o estado de Roraima à Venezuela.

Presentes no evento na embaixada de Itália, encontravam-se duas famílias venezuelanas, quatro das cerca de 5.000 pessoas que foram agraciadas pela iniciativa da agência da ONU para os refugiados (ACNUR), Embaixada da Itália em Brasília e da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), que garantiu acesso a documentação, educação, saúde, moradia emergencial e apoio financeiro para pessoas em situação de vulnerabilidade nas cidades fronteiriças de Pacaraima e Boa Vista.

Um desses casos é o do casal Alberto e Vanessa, os dois com 35 anos, com quatro filhos, que, como milhares de compatriotas, atravessaram a fronteira há quatro meses.

Venderam tudo o que tinham na sua cidade natal em busca de dignidade de vida, segurança, trabalho e educação para os filhos, disseram à Lusa.

Depois das eleições, perceberam que tudo iria permanecer igual no país.

“Tudo ia ser igual, ia ser o mesmo, dois dias de aulas no máximo por semana para os meus filhos”, contou Alberto.

“Não íamos ter oportunidade de trabalhar e de crescer como pessoas e como família”, explicou Vanessa.

Graças aos apoio do programa conseguiram vir para Brasília após dois meses em Roraima, têm casa própria e os filhos já estão na escola pública.

Questionados se tencionam regressar um dia à Venezuela, responderam em uníssono: “não”.

No total, encontram-se cerca de 600.000 venezuelanos no Brasil, entre refugiados, migrantes e pessoas com autorização de residência.

“Verificou-se uma subida logo depois das eleições, mas a longo prazo estabilizou-se para cerca de 300, 400 venezuelanos por dia”, detalhou o responsável do ACNUR Brasil, referindo-se às eleições presidenciais na Venezuela de 28 de julho de 2024, nas quais Nicolás Maduro foi declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), num processo marcado por acusações de falta de transparência e repressão a opositores.

Desde o início do ano são cerca de 300 venezuelanos que chegam diariamente ao Brasil, principalmente através da fronteira terrestre que liga o estado de Roraima à Venezuela, notando-se uma “grande vulnerabilidade nestas pessoas que estão a chegar mais recentemente”, considerou Davide Torzilli.

“A primeira vaga de venezuelanos que chegaram ao Brasil tinham um grau de educação maior e por isso a integração na sociedade brasileira era mais rápida”, agora a vulnerabilidade é muito maior, disse, considerando que isso tem um impacto maior junto das organizações e do Governo porque “requer mais intervenções, mais investimento na educação e na capacitação dessas pessoas”.

Davide Torzilli elogiou o trabalho feito pelo Governo brasileiro, comprovado pelas estatísticas que mostram que “a grande maioria dos refugiados e migrantes que chegam ao Brasil, ficam no Brasil”, ao contrário do que é verificado nos fluxos migratórios nos países vizinhos.

Significa isso que “existem oportunidades de integração e inclusão no país”, através de “políticas públicas que permitem que eles se integrem e possam trabalhar”, sublinhou.

Últimas do Mundo

O Exército israelita reconheceu “mal-entendidos operacionais” e “erros” nas mortes de 15 socorristas, na sequência de um ataque a ambulâncias no sul da Faixa de Gaza, devido a “má visibilidade” e anunciou a demissão de um oficial.
Caças britânicos intercetaram aeronaves russas que voavam junto do espaço aéreo da NATO nos últimos dias, anunciou hoje o Ministério da Defesa britânico em comunicado.
O ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, apelou na noite de sábado à ocupação da Faixa de Gaza e ao estabelecimento de um “regime militar, se necessário”, no enclave palestiniano, onde vivem mais de dois milhões de pessoas.
O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, encontrou-se hoje brevemente com o Papa para "saudações de Páscoa", dois meses depois de Francisco, que recupera de uma pneumonia, ter criticado fortemente a política migratória norte-americana.
Impensável há apenas algumas semanas, a presença do Papa Francisco no Vaticano é esperada hoje pelos católicos de todo o mundo para as celebrações da Páscoa, a festa mais importante do ano.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou hoje a Rússia de criar uma falsa aparência de cessar-fogo na Páscoa, tendo continuado a fazer bombardeamentos e ataques de drones durante a noite.
O emblemático Arco do Triunfo, em Paris, símbolo das vitórias do exército francês, realizou hoje uma emotiva e inédita cerimónia em homenagem aos soldados do Corpo Expedicionário Português (CEP) da 1.ª Guerra Mundial, reunindo diferentes gerações.
Os ataques israelitas a Gaza nas últimas 48 horas fizeram mais de 90 mortos, adiantou o Ministério da Saúde do enclave palestiniano, com Israel a intensificar a investida para pressionar o Hamas a libertar os reféns e desarmar.
O Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou às suas tropas que observem um cessar-fogo na Ucrânia na Páscoa, a partir das 15:00 (hora de Lisboa) de hoje até domingo à noite, e instou Kiev a fazer o mesmo.
Os aviões Boeing 737 Max recusados por companhias aéreas chinesas já começaram a voar de regresso aos Estados Unidos, num momento em que se agrava a guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais.