Cerca de 13 milhões de crianças vivem em situação de pobreza em Moçambique

Cerca de 13 milhões de crianças moçambicanas, das mais de 16 milhões, vivem em situação de pobreza, indica-se num relatório do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) lançado hoje, que aponta também para "desigualdades profundas".

© D.R.

“Apesar dos progressos em algumas áreas, a pobreza infantil em Moçambique continua a afetar um número inaceitavelmente elevado de meninas e meninos. Cerca de 77% das crianças vivem em situação de pobreza, seja monetária, multidimensional ou ambas”, disse Yannick Brand, representante adjunto da agência das Nações Unidas em Moçambique, durante o lançamento, em Maputo, do relatório sobre pobreza infantil em Moçambique.

O responsável apontou para a existência de “desigualdades profundas” em Moçambique, entre territoriais e estruturais, o que leva a que algumas crianças continuem a viver em condições “significativamente mais desfavoráveis”, com a pobreza rural aproximadamente “três vezes maior que a pobreza urbana”.

“A pobreza infantil é mais do que a falta de recursos. Ela compromete o acesso à educação, à saúde, à nutrição adequada, à proteção e ao direito a uma infância plena e compromete, inevitavelmente, o desenvolvimento sustentável do país”, referiu Yannick Brand.

Segundo o representante da agência das Nações Unidas, das cerca de 16,4 milhões de crianças em Moçambique, 70,3% vivem em pobreza de consumo e 41,3% têm privações em várias dimensões “essenciais do seu bem-estar”, sendo que “uma em cada três crianças vive em pobreza simultânea”.

No relatório aponta-se que a crise provocada pelas dívidas ocultas, pandemia da covid-19, choques climáticos e os relacionados com conflitos como alguns dos fatores que contribuíram para o aumento da pobreza monetária infantil moçambicana.

Face às disparidades, Yannick Brand defende a promoção de respostas integradas que acompanhem a criança desde a primeira infância e até à adolescência, o fortalecimento dos mecanismos de proteção social e de resiliência aos choques e a consolidação da produção e uso de evidências como base para o planeamento, monitorização e avaliação de políticas públicas centradas na criança.

“Este relatório é, acima de tudo, uma chamada à responsabilidade coletiva. Que possa inspirar a elaboração de políticas mais inclusivas, reforçar o nosso compromisso com as crianças e servir como catalisador para ações concretas”, concluiu o responsável, reafirmando o compromisso da Unicef com o Governo moçambicano e com “cada criança”, visando “reduzir a pobreza infantil em todas as suas formas”.

Últimas do Mundo

A Comissão Europeia multou hoje as marcas de moda de luxo Gucci, Chloé e Loewe em 157 milhões de euros por terem limitado os preços de revenda de produtos de roupa, calçado e acessórios durante oito anos.
A desflorestação atingiu 8,1 milhões de hectares em todo o mundo em 2024, de acordo com um relatório divulgado hoje, a menos de um mês da Conferência do Clima em Belém, no Brasil.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) Europa e a Agência Internacional de Investigação sobre o Cancro (IARC) defenderam hoje políticas rigorosas sobre o álcool, como impostos elevados e restrições de venda, para reduzir o consumo e prevenir o cancro.
Pelo menos 14 pessoas morreram no desabamento de uma mina em El Callao, na Venezuela, após chuvas torrenciais terem atingido a região a sudeste de Caracas, informaram hoje as autoridades.
O Governo mexicano anunciou hoje que 64 pessoas morreram e 65 estão desaparecidas na sequência das fortes chuvas que atingiram cinco estados do centro do México entre 06 e 09 de outubro.
A Iberdrola vai queixar-se na justiça da presidente da Red Eléctrica, a operadora do sistema elétrico de Espanha, por declarações em que atribuiu responsabilidades do apagão de 28 de abril às empresas produtoras, noticiam hoje meios de comunicação social espanhóis.
Quase uma centena de pessoas ficaram feridas hoje na colisão entre dois comboios de alta velocidade no sul da Eslováquia, perto da fronteira com a Hungria.
O tráfego de passageiros nos aeroportos europeus cresceu 4,9% em agosto em termos homólogos, ficando 7% acima dos dados pré-pandemia da covid-19, segundo dados preliminares hoje divulgados pelo Airports Council International (ACI Europe).
A entrada em vigor do cessar-fogo entre Israel e o Hamas fez com que o preço do barril de petróleo americano caísse hoje para o seu nível mais baixo em seis meses, baixando a marca dos 60 dólares.
O Prémio Nobel da Paz 2025 foi atribuído à opositora venezuelana María Corina Machado, ex-deputada da Assembleia Nacional da Venezuela entre 2011 e 2014, anunciou hoje o Comité Nobel norueguês.