As mesas de voto abriram às 08:00 (meia-noite em Lisboa), informou a agência de notícias taiwanesa CNA no sábado, com longas filas em distritos como Banqiao, na cidade de Nova Taipé, onde o partido da oposição Kuomintang (KMT) elegeu vários deputados em 2024.
Também na capital, Taipé, as pessoas formaram fila na manhã de hoje em escolas e templos convertidos em mesas de voto. A agência de notícias France-Presse (AFP) viu um idoso a chegar de ambulância a uma escola primária, vindo de um hospital, para votar.
Uma mulher de 71 anos, que se identificou pelo apelido Tseng, disse à AFP que se opõe à destituição dos parlamentares.
A eleitoral criticou o processo como um desperdício de dinheiro e defendeu que o governo deveria, em vez disso, “concentrar-se em melhorar a economia e o bem-estar social”.
A votação terminará às 16:00 (09:00 em Lisboa), a contagem começará de imediato e os resultados devem ser divulgados ainda esta noite.
Os referendos de destituição – uma novidade na democracia taiwanesa – exigem o apoio de 40% dos eleitores registados em cada círculo para serem aprovados. Em caso de sucesso, terão lugar eleições parciais, nas quais todos os partidos poderão apresentar candidatos.
Novos referendos de destituição para outros sete deputados do KMT estão marcados para 23 de agosto.
O Partido Democrático Progressista (DPP), atualmente no Governo, venceu as presidenciais de janeiro, mas ficou em minoria no Parlamento, com 51 dos 113 assentos. O KMT, favorável a relações mais próximas com a China continental, e o Partido Popular de Taiwan (TPP) detêm atualmente 62 lugares.
Desde então, o bloco opositor tem travado iniciativas do Governo, incluindo o orçamento da Defesa, o que é visto como um entrave à resposta de Taiwan perante a ameaça militar da China, que considera a ilha parte do seu território.
Para ter a esperança de assumir o controlo do Parlamento, o partido do chefe de Estado precisa de contar com a destituilão de pelo menos 12 parlamentares do KMT — um cenário com 60% de probabilidade, segundo o Eurasia Group.
A oposição acusa o DPP de tentar obter uma maioria pela via administrativa e de minar o sistema multipartidário, enquanto os promotores das destituições apontam a proximidade do KMT à China, alegando corrupção e falta de cooperação institucional.
A questão chinesa dominou o debate, com Pequim a classificar os referendos como “fúteis” e a reiterar a inevitabilidade da “reunificação”, por meios pacíficos ou militares.
Políticos do KMT foram criticados por viagens à China e encontros com autoridades chinesas, defendendo-se como necessários para manter canais de comunicação.