Falar de Portugal é falar de natureza, um país caracterizado pela sua rica biodiversidade, um verdadeiro património natural, revestido por extensas áreas florestais de milhares de hectares e paisagens verdejantes que nos encantam pela sua variedade.
Contudo, paisagem esta que, nos últimos anos tem vindo a ser ameaçada, pelos incêndios rurais.
Qualquer pessoa conhece bem a realidade do nosso país nos meses de verão: um país devastado pelas chamas, quer seja a Norte, Centro ou a Sul, infelizmente, já se considera uma certeza presenciarmos esses fenómenos. Florestas ardidas, bombeiros cansados, casas ardidas passaram a ser o verão de muitos portugueses.
Para além de se revelarem uma ameaça não só para a natureza, também se mostram como uma intimidação para a população, que é assolada por estes incêndios, sendo que a maioria dessas populações é constituída por pessoas idosas devido ao êxodo rural, pessoas de idade avançada que frequentemente não têm capacidade para se defender.
Como Pedroguense, cada vez mais constato que o nosso interior está cada vez mais desertificado devido à falta de inovação e progresso. Por esse motivo, os cidadãos deslocam-se para os grandes centros urbanos em busca de uma melhor qualidade de vida. No entanto, a realidade é que a ausência ou a escassa fixação das pessoas nesses locais pode resultar na diminuição da vigilância e no aumento das dificuldades para detetar e combater os incêndios.
Outro fator de extrema preocupação é a forma como a nossa flora tem sido gerida. Culpar exclusivamente uma espécie, o eucalipto, pela ocorrência de numerosos incêndios, devido à sua maior inflamabilidade em comparação com outras, não é, de forma alguma, a solução adequada. É essencial, sim, uma melhor gestão dos nossos espaços florestais, evitando que a vegetação se torne densa e, sobretudo, seca, pois é nesse ponto que se torna um combustível propício para incêndios. Quando se deu o incêndio no pinhal de Leiria mostrou-se bem que o ordenamento e a gestão florestal foram eficazes no combate ao incêndio. A implementação das faixas corta-fogo seriam uma grande ajuda, visto que permitiriam o retardamento do incêndio possibilitando mais tempo de combate e menos intensidade ao incêndio.
Em relação à prevenção dos incêndios é necessário estudar as melhores soluções e quais as alternativas a adotar, apesar de tudo, “mais vale prevenir do que remediar”.
O reforço dos meios, tanto humanos como materiais, no combate aos incêndios é, sem dúvida, algo fundamental. Ter bombeiros dotados de grandes capacidades e equipamentos seria um grande avanço para aumentar a eficácia. Além disso, é necessário tornar a carreira profissional atrativa, garantindo melhores salários e um “subsídio de risco” honroso para esses verdadeiros heróis.
A atualização necessária e urgente das cartas florestais e de perigosidade, que deveriam ser regularmente revistas antes do seu término, é mais uma medida que deveríamos implementar permitindo uma maior fiscalização aos municípios, os que não cumprirem essas informações devem ser penalizados. É crucial que nossos bombeiros e a população em geral tenham conhecimento da sua região e dos perigos que ela apresenta. Como podemos esperar a ajuda de bombeiros de outras regiões, em dias de incêndios de grandes proporções, como foi o caso do incêndio de Pedrógão Grande, em 2017, se nem os próprios bombeiros locais conhecem bem a região?!
No que diz respeito à limpeza dos terrenos, é mais importante do que nunca criar e adotar medidas de educação dirigidas aos cidadãos, incentivando-os a limpar os seus terrenos dentro de um prazo determinado. Embora isso já ocorra em certa medida, devemos ser mais compreensivos e reconhecer que essa tarefa não é fácil, especialmente para pessoas mais idosas. Portanto, é necessário aumentar o prazo e considerar possíveis “incentivos fiscais” para aqueles que cumprem com essa responsabilidade.