Chega pede que PR “avalie bem” condições da maioria

O Chega quer ouvir no parlamento com urgência a ministra da Agricultura e apelou hoje ao Presidente da República que avalie “e bem” se a maioria do PS tem condições para continuar a governar.

“Sucedendo-se demissão atrás de demissão, o Presidente da República tem que avaliar e avaliar bem se este governo, esta maioria, têm condições de continuar em funções”, defendeu o líder do Chega, André Ventura, em declarações aos jornalistas no parlamento.

Ventura avançou ainda que o partido entregou “logo de manhã” um requerimento para ouvir com urgência na Assembleia da República a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, sobre a polémica que levou à demissão da sua secretária de Estado, Carla Alves, pedido também elaborado pela Iniciativa Liberal.

O Chega sustentou que Maria do Céu Antunes tem uma “responsabilidade grande”.

“Atenção, não tinha nada que ver com a investigação do marido porque isso qualquer político pode ter o cônjuge ou o pai ou a mãe envolvido numa investigação qualquer. A questão é que eram as contas da própria secretária de Estado que estavam envolvidas. E isso, sabendo a ministra, deveria ter sido um alerta de bom senso para que a nomeação não se concretizasse ou pelo menos ter avisado o primeiro-ministro dessa situação”, salientou.

Na opinião de Ventura, é importante questionar diretamente a ministra da Agricultura sobre esta polémica, nomeadamente sobre se “sabia ou não” e “o que sabia”.

“Porque uma coisa é saber que o marido foi acusado por corrupção, mas isso é público (…) Outra coisa era saber que nessa acusação fica claro que a própria [secretária de Estado], nas suas contas, recebeu dinheiro que não declarou, isso já era outra coisa, subia a parada ética, a tal ética republicana. E aí é estranho que uma ministra sabendo disto não tenha tomado nenhuma decisão, nem informado o primeiro-ministro”, insistiu.

Sobre o apelo feito a Marcelo, o líder do Chega reconheceu que uma eventual decisão do Presidente da República caberá ao próprio, havendo várias questões às quais o partido não é insensível.

“Uma delas é sobre se há uma alternativa neste momento política, se haveria uma saída de estabilidade ou uma saída de maior instabilidade caso isso viesse a acontecer. Mas eu acho há uma coisa que o próprio Presidente já começou a ficar convencido: é que é impossível continuar com isto todos os dias”, considerou.

O líder do Chega mostrou-se “consciente” do “impacto significativo na vida dos portugueses, sobretudo nesta altura de crise” da realização de eleições antecipadas.

“E penso que todos os partidos, inclusive os que ontem votaram a favor da moção de censura, [sabem] que os portugueses não querem eleições, isso é evidente. Mas uma coisa é não querer, outra é haver condições para não ter. E portanto, podemos não querer eleições, eu também não quero, penso que nenhum líder político neste momento tem interesse em ter eleições, mas se a maioria não resolve os problemas nós vamos ter que ter eleições para resolver o problema”, argumentou.

Ventura salientou que no contexto atual do Governo, com sucessivas demissões, o país “não consegue discutir mais nada”, dando como exemplos os fundos europeus, o crescimento económico ou o emprego, entre outros temas.

O Ministério da Agricultura e da Alimentação garantiu hoje que a ministra Maria do Céu Antunes desconhecia “qualquer envolvimento em processos judiciais” da secretária de Estado da Agricultura Carla Alves, que na quinta-feira apresentou a demissão.

“Considerando as recentes notícias, o Ministério da Agricultura e da Alimentação informa que a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, não tinha conhecimento de qualquer envolvimento de Carla Alves em processos judiciais”, lê-se num comunicado divulgado hoje.

O esclarecimento do ministério surge na sequência de uma notícia de hoje do jornal Público, que refere que a secretária de Estado demissionária “informou a ministra da tutela, antes de tomar posse como governante na passada quarta-feira, acerca das contas arrestadas que partilha com o marido”.

A secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, apresentou na quinta-feira a sua demissão por entender não dispor de “condições políticas e pessoais” para iniciar funções, um dia após a tomada de posse.

O Correio da Manhã noticiou no mesmo dia o arresto de contas conjuntas que a secretária de Estado da Agricultura demissionária tem com o marido e ex-autarca de Vinhais, Américo Pereira, informação divulgada menos de 24 horas depois da tomada de posse da governante.

Últimas de Política Nacional

O presidente do CHEGA exigiu hoje responsabilidades ao diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais pela fuga de cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus e criticou o silêncio da ministra da Justiça e do primeiro-ministro.
O Ministério da Justiça marcou hoje uma conferência de imprensa para terça-feira, na qual se vai pronunciar pela primeira vez sobre a fuga de cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus, no sábado.
O CHEGA vai à reunião com o Governo sobre o Orçamento do Estado para 2025 para conhecer "o cenário macroeconómico", mas mantém que está fora das negociações e rejeita que seja um recuo.
O Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) reviu hoje a proposta para a criação de um apoio a professores deslocados colocados em escolas onde faltam docentes, e que poderá ir dos 150 a 450 euros.
As primeiras jornadas parlamentares do CHEGA na atual legislatura decorrem hoje e terça-feira em Castelo Branco, focadas na economia e nos desafios orçamentais do próximo ano.
O Presidente da República quer reunir novamente o Conselho de Estado depois da apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2025, e rejeitou que a reunião de 01 de outubro seja para condicionar as negociações orçamentais.
A comissão de inquérito ao caso das gémeas vai pedir à Justiça que envie cartas rogatórias ao pai das crianças e à mulher de Nuno Rebelo de Sousa, Juliana Drummond, uma vez que ainda nenhum respondeu ao parlamento.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião do Conselho de Estado para 01 de outubro para analisar a situação económica e financeira internacional e nacional.
O presidente da Assembleia da República recusou o pedido do CHEGA para que a comissão parlamentar ao caso das gémeas aceda às comunicações da Presidência das República, advertindo que o não cumprimento constitui crime de desobediência qualificada.
O Presidente da República explicou esta sexta-feira que não concede audiências sobre propostas de referendo, como a que foi pedida pelo presidente do CHEGA, porque nos termos da Constituição só lhe compete intervir na fase final desses processos.