Luís Rodrigues, até então à frente da SATA, toma hoje posse como presidente da Comissão Executiva e do Conselho de Administração da TAP, sucedendo a Christine Ourmières-Widener e a Manuel Beja, afastados pelo Governo.
O anúncio foi realizado, na quarta-feira, pelo Ministério das Finanças, que adiantou, em comunicado, que a entrada em funções foi aprovada em assembleia-geral de acionistas, na qual o Estado se fez representar pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF).
Na reunião foram também adotadas as decisões sobre os procedimentos para a destituição de Ourmières-Widener (presidente executiva) e de Manuel Beja (presidente do Conselho de Administração), cujo último dia em funções foi na quinta-feira.
Luís Rodrigues transita assim da Sata para a TAP, tendo antes passado pela Nova School of Business and Economics. Na TAP já tinha sido administrador executivo entre 2009 e 2014.
Esteve ainda na Media Capital e na PT Comunicações e, entre 2003 e 2008, foi presidente executivo da Fisher Portugal.
O ministério tutelado por Fernando Medina sublinhou, na mesma nota, que a deliberação conclui o processo, que foi iniciado na assembleia-geral de 13 de março, tendo a DGTF notificado a presidente do Conselho de Administração e o presidente da Comissão Executiva (PCE) “da companhia dos respetivos projetos de decisão de demissão no dia seguinte”.
A PCA e o PCE enviaram, em 28 de março, a sua prenuncia à DGTF, tendo, segundo o executivo, os documentos sido “devidamente analisados e ponderados” na decisão.
“Ficam assim reunidas as condições para que a TAP inicie uma nova etapa, capaz de assegurar o foco na implementação bem-sucedida do plano de reestruturação da empresa, para a qual o contributo diário de todos os trabalhadores é imprescindível”, concluiu.
Na quinta-feira, a presidente executiva da TAP disse aos trabalhadores, numa carta a que a Lusa teve acesso, ser “com imensa tristeza” que deixa a companhia, que está mais forte e tem uma posição geográfica privilegiada.
“É com imensa tristeza que deixo a TAP, ao fim de quase dois anos…”, começa por afirmar Christine Ourmières-Widener.
Na missiva, a gestora diz que os dois últimos anos foram “intensos e desafiadores, de trabalho árduo em conjunto com as equipas mais competentes e dedicadas” que conheceu.
O Governo anunciou a exoneração da presidente executiva da companhia aérea, Christine Ourmières-Widener e a do presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja, em 06 de março, depois de divulgados os resultados de uma auditoria da Inspeção-Geral das Finanças (IGF), que concluiu que o acordo para a saída de Alexandra Reis é nulo e grande parte da indemnização de perto de meio de milhão de euros terá de ser devolvida.
A polémica começou no final de dezembro, altura em que o Correio da Manhã noticiou que a então secretária de Estado do Tesouro tinha recebido uma indemnização de cerca de 500.000 euros para sair dois anos antes do previsto da administração da companhia.
O processo foi negociado ao abrigo do código das sociedades comerciais, quando a TAP está abrangida pelo estatuto do gestor público.
O caso motivou uma remodelação no Governo, incluindo a saída do ex-ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.
A comissão parlamentar de inquérito à TAP ouviu as primeiras personalidades nas últimas semanas, incluindo Christine Oumières-Widener, Manuel Beja e Alexandra Reis, com revelações que fizeram aumentar a pressão sobre o Governo de António Costa.
Na mira estão os ministros das Finanças, Fernando Medina, dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e das Infraestruturas, João Galamba, depois da presidente executiva da TAP ter confirmado uma denúncia da Iniciativa Liberal sobre uma reunião com o grupo parlamentar do PS, na véspera da audição parlamentar, em janeiro.