Em novembro de 2004, sem apelo nem agravo, o Presidente Jorge Sampaio em pouco mais de 4 meses, decidiu acabar com um governo de maioria absoluta e convocar eleições legislativas antecipadas.
O governo era liderado por Pedro Santana Lopes coligado com o CDS de Paulo Portas.
Foram algumas as polémicas na governação de Santana Lopes, mas a gota de água para Sampaio foi a demissão do então ministro Henrique Chaves, que havia sido despromovido de adjunto do primeiro-ministro para tutelar a pasta do desporto.
O Presidente da República decidiu assim, usar a “bomba atómica” e dissolver o Parlamento.
Passados quase 20 anos, deste acontecimento, hoje somos (des) governados também por uma maioria absoluta, mas desta vez do PS.
E podemos então dizer que o governo de Santana Lopes era mesmo muito fraquinho, no que a polémicas diz respeito comparado com este governo socialista, ficando mesmo a léguas de distância das vergonhas, casos e casinhos do XXIII Governo Constitucional que pouco mais de um ano tem.
Começou logo mal, quando o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa soube, pela comunicação social, a lista de ministros que lhe deveria ser apresentada pelo primeiro-ministro, o que levou mesmo o Chefe de Estado a cancelar um encontro com o então recém-eleito primeiro-ministro.
E daí para a frente foi sempre a somar casos atrás de casos, vergonhas atrás de vergonhas, escândalos atrás de escândalos.
Marta Temido, a Ministra da Saúde, demite-se 6 meses depois do governo tomar posse, são vergonhosos os fechos das urgências pediátricas e obstetrícias, que infelizmente levou que uma grávida viesse a falecer, quando era transferida do Hospital de Santa Maria por falta de vagas na neonatologia.
Para o seu lugar foi nomeado Manuel Pizarro, casado com a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, colocando-se naturalmente em questão um alegado conflito de interesses.
Em novembro é a vez de Miguel Alves se demitir, o então braço direito de António Costa, não se aguenta depois de se ter ficado a saber que adiantou 300 mil euros a uma empresa duvidosa, enquanto autarca em Viana do Castelo, e mais grave quando veio a ser acusado na operação Teia, uma rede de influências para adjudicações em Câmaras do Norte.
Em dezembro é a vez de Pedro Nuno Santos se demitir de Ministro das Infraestruturas e Habitação. Já em junho Pedro Nuno Santos esteve na corda bamba. O primeiro-ministro determinou ao ministro das Infraestruturas e da Habitação a revogação do despacho ontem publicado sobre o Plano de Ampliação da Capacidade Aeroportuária da Região de Lisboa. A decisão, conhecida pela manhã cedo, destruía um anúncio do dia anterior, revelado em primeira mão pelo ECO.
Pedro Nuno Santos acaba então por sair do governo, depois de se saber a polémica e vergonhosa indeminização de 500 mil euros, a Alexandra Reis, pela sua saída da TAP, o que levou a que também se demitisse de Secretária de Estado do Tesouro um dia antes.
As polémicas também não passam ao lado do actual ministro das Finanças, Fernando Medina, que viu o seu nome envolvido numa suspeita de participação económica em negócio e abuso de poder. A alegada batota na contratação de Joaquim Morão um histórico do PS, quando Medina ainda era Presidente da Câmara de Lisboa, o que levou a várias buscas por parte da policia Judiciária.
A verdade é que em menos de 9 meses, foram 10 as demissões.
Enquanto escrevo este artigo, o governo depara-se com mais uma enorme e vergonhosa crise.
Com a TAP, mais uma como pano de fundo, o Ministério das Infraestruturas, agora liderado por João Galamba, é palco de agressões, apreensões, com o SIS metido ao barulho, o que já levou demissão de Frederico Pinheiro, adjunto de Galamba, mas que certamente levara à própria demissão do Ministro.
E é a esta gente que Portugal está entregue, a um governo Socialista completamente irresponsável, um Presidente da A.R, prepotente que tem tiques ditatoriais e absolutistas e até puxões de orelhas dá ao Presidente da República, e um Presidente da República completamente perdido e apático, onde apenas lhe interessa a sua imagem a sua popularidade.
É caso para dizer que vivemos um autêntico Circo dos Horrores.