Crise migratória deve ser combatida nos países de origem, aponta Meloni

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A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, defendeu hoje que o problema da imigração para a Europa tem de ser combatido nos países de origem dos migrantes.

“Realizar uma cooperação não-predatória com os países africanos também é a mais importante ferramenta para combater a crise migratória”, sublinhou Meloni em declarações à imprensa após um encontro com o seu homólogo checo, Petr Fiala, em Praga.

“O inteligente e perspicaz primeiro-ministro Fiala compreende que esta questão deve agora inevitavelmente ser abordada ao nível europeu, e antes que invada o território europeu”, prosseguiu.

A forma “mais séria” de resolver este problema, afirmou Meloni, é a União Europeia (UE) concentrar-se em fortalecer a dimensão externa “trabalhando numa forte política de retornos, e em conjunto com os países de origem e de trânsito, para garantir um direito que nem sempre tem sido assegurado: o direito a não ser forçado a fugir em busca de condições de vida mais favoráveis”.

“Isto exige ações concretas da parte da Comissão Europeia, e esperamos que as adotem antes do próximo Conselho Europeu, que irá debater esta questão”, concluiu a chefe do Governo italiano, o mais à direita de Itália desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Hoje, a polícia italiana deteve 29 presumíveis traficantes de pessoas, ao desmantelar uma rede transnacional que durante anos transportou migrantes ilegalmente para Itália por mar e depois os encaminhava por terra para o norte da Europa, indicaram as autoridades.

A investigação de quase quatro anos foi liderada por procuradores do Ministério Público da Calábria, o “dedo do pé” da península itálica, onde muitos desses migrantes desembarcam, procedentes da Turquia e da Grécia, muitas vezes em veleiros bem equipados que escapam à deteção policial e militar.

Dependendo de quanto pagam — os investigadores indicaram que alguns migrantes pagaram 15.000 euros cada um, só pela parte marítima da viagem -, os passageiros nas rotas terrestres para o norte da Europa seguem de camião, de comboio ou de táxi para atravessar as fronteiras terrestres do norte de Itália.

Os pontos de travessia incluem Ventimiglia, uma cidade italiana perto da fronteira com França, e Trieste, no leste de Itália, perto da Eslovénia.

Segundo a polícia italiana, colegas da Turquia, Grécia, Bélgica, Alemanha, Suécia, Reino Unido e Marrocos colaboraram na investigação que conduziu às detenções de hoje.

A operação começou de madrugada em Itália, quando cerca de 200 agentes se espalharam por várias cidades, entre as quais outros pontos importantes das rotas terrestres dos traficantes: as cidades de Milão e Turim.

A partir do momento em que os migrantes puseram os pés em terra, no sul de Itália – tanto na Calábria como na Apúlia, uma região adjacente que forma o “calcanhar” da península -, os traficantes cuidaram deles até poderem ser transportados para o norte da Europa, de acordo com declarações escritas da polícia italiana.

“De facto, foi criado um verdadeiro sistema ilegal de acolhimento, organizado tanto no estrangeiro como em diversas cidades italianas, que incluía refeições e alojamento nas várias etapas e no qual os migrantes confiaram inteiramente”, precisou um alto responsável da polícia italiana num comunicado.

Os traficantes exploravam uma rota marítima que cruzava o Mediterrâneo entre a Grécia e a Turquia e o sul de Itália usando veleiros — menos propensos a parecerem embarcações de migrantes que os frequentemente usados botes de borracha superlotados ou velhos barcos de pesca de madeira, referiram as autoridades italianas.

Os elementos desta rede hoje detidos poderão ser acusados de ajuda à imigração ilegal e de lavagem de dinheiro em cerca de 30 viagens marítimas.

Muitos dos tripulantes dos barcos são da Ucrânia e de outras ex-repúblicas soviéticas, ao passo que os líderes da rede são sobretudo de zonas curdas do Iraque, indicaram as autoridades italianas.

A maioria dos passageiros é de origem asiática ou do Médio Oriente, acrescentaram.

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